A DROGA DA VEZ

Batemos um papo com a Dra. Lívia Porto, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, sobre a semaglutida, medicação que se popularizou por sua eficácia no tratamento da obesidade.

Inicialmente indicada para o diabetes tipo 2, a semaglutida foi liberada pela Anvisa no começo deste ano para tratamento da obesidade, mas seu uso indiscriminado tem levantado diversas polêmicas. Quais riscos que utilizar o medicamento sem orientação médica pode oferecer?

DRA. LÍVIA PORTO. A semaglutida foi estudada para o tratamento do diabetes tipo 2 e, depois, da obesidade. Então, quando falamos em benefício e risco potenciais, só temos dados e parâmetros de segurança para esses pacientes, e não para pessoas que querem apenas emagrecer. É importante distinguir uma coisa da outra. A obesidade e o diabetes são doenças que requerem tratamento multidisciplinar, e a medicação é orientada considerando histórico e necessidades daquele paciente. Além disso, a posologia é muito importante: o uso de doses inadequadas ou da progressão de doses inadequadas pode levar a efeitos colaterais mais intensos e outros problemas sérios, como desidratação e até sobrecarga de alguns órgãos, por exemplo. Por isso, a recomendação é que a semaglutida não seja utilizada apenas para a perda de peso e sem indicação e acompanhamento médico.

Quais são os benefícios da semaglutida?

Além da eficácia na perda de peso e dos efeitos positivos na saúde, já que estudos demonstraram seu impacto na redução da gordura no fígado, por exemplo, a semaglutida tem um bom índice de segurança. Atualmente, esses fármacos análogos ao GLP-1 [hormônio produzido pelo nosso organismo], como a semaglutida e a liraglutida, não têm ação nos nossos neurotransmissores, então não causam alterações comportamentais – como aumento de sono ou insônia, agressividade, ansiedade, irritabilidade etc. – e nem concorrem com remédios psiquiátricos, por exemplo.

Há um limite de tempo de uso da semaglutida?

Isso deve ficar a critério do especialista que recomenda o tratamento, mas, pela droga em si, não. Este também é um benefício importante quando falamos de doenças crônicas, como obesidade e diabetes, já que não há restrição de tempo de uso da semaglutida. Antes, a gente tinha essa dificuldade de tratar doenças crônicas com remédios com tempo de uso limitado. Agora, sentimos mais segurança em conduzir o manejo da enfermidade sem essa restrição, ou seja, se for necessário e indicado clinicamente, a semaglutida pode ser uma medicação de uso crônico.

Algumas pessoas relatam que, apesar da eficiência da droga, após a suspensão do uso, o apetite voltou ao normal e ganharam peso novamente. Como garantir a manutenção do resultado a longo prazo?

Aqui estamos falando novamente da forma como a semaglutida vem sendo usada. A indicação correta, ou seja, para o tratamento de uma doença crônica como a obesidade, aliada a outras medidas – que podem envolver reeducação alimentar, rotina de exercícios físicos, acompanhamento terapêutico e, em alguns casos, intervenção cirúrgica –, é fundamental para essa manutenção. Se a pessoa decidir usar o remédio por conta própria, sem respeitar a posologia adequada e suspender seu uso quando chegar no resultado, voltando à rotina anterior, ela com certeza vai ter dificuldade em manter o peso que conquistou. Então vale relembrar: obesidade é uma doença crônica e deve ser tratada como tal – com cuidados para toda a vida.

OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA

A incidência da obesidade é cada vez maior entre os adolescentes. Buscar tratamento multidisciplinar e desfazer a estigmatização em torno da doença são passos fundamentais para vencê-la.

Um dos relatórios mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2022, revela que cerca de 124 milhões de crianças e adolescentes no mundo têm obesidade. Mas, além do número superlativo, o que chama a atenção nesse levantamento é a falta generalizada de conhecimento : um entre quatro adolescentes não sabem que têm obesidade, e um em cada três pais ou responsáveis também não sabem que o adolescente está com a enfermidade. Doença multifatorial, crônica e progressiva, a obesidade pode trazer outras doenças, como a hipertensão arterial, colesterol alto, diabetes, alguns tipos de câncer, problemas cardiovasculares, renais, hepáticos e respiratórios. Além disso, adolescentes com obesidade têm chance aumentada de continuarem a serem portadores de obesidade na vida adulta.
“Um dos maiores desafios da obesidade é identificar sua causa com precisão, afinal, ela tem origem multifatorial. Dentre as causas, a genética, meio ambiente, fatores psicossociais, uso de determinados medicamentos, doenças endocrinológicas e até mesmo por um ambiente intrauterino não favorável, como o fumo durante a gestação. Outras doenças maternas, como o diabetes gestacional, também pode favorecer o ganho de peso da prole na infância”, explica a Dra. Ruth Rocha, endocrinologista pediatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Dra. Ruth Rocha

“A obesidade é um problema de saúde pública mundial que nenhum país ainda conseguiu resolver porque a solução não depende só do indivíduo, e o cenário hoje – a indústria alimentícia, a era dos aplicativos de celular, a falta de mobilidade – não colabora”


Dra. Ruth Rocha, endocrinologista pediatra

E, muitas vezes, a soma dos fatores potencializa o risco. “O paciente já tem uma predisposição genética e vive em um ambiente que favorece a doença. Vemos muito isso com crianças e adolescentes”, diz a nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Tarcila Campos. “Vivemos em um tempo em que o consumo de alimentos de baixo valor nutricional é muito estimulado e acessível.”

UM CAMINHO COM MUITAS VIAS

Assim como a doença é multifatorial, seu tratamento também deve ser multidisciplinar, principalmente quando consideramos essa etapa da vida. “As decisões do adolescente são muito baseadasem emoções e no prazer imediato, então ele ainda não pensa nas consequências, não se preocupa se terá diabetes ou hipertensão, por exemplo”, explica a Dra. Ruth. “São outros desafios nesse universo que impactam o tratamento da obesidade. Por isso, é preciso ter uma equipe multiprofissional acompanhando: endocrinologista, psicólogo, educador físico, nutricionista etc.”
Além das novidades em medicamentos para obesidade e diabetes, como a semaglutida e a liraglutida, que têm proporcionado bons resultados, a cirurgia metabólica também é uma estratégia eficiente no controle da doença. Sua indicação, inclusive, ganhou novos parâmetros no fim de 2022, facilitando o acesso a pessoas com diferentes graus de obesidade . “A cirurgia é indicada para pessoas com diabetes de IMC acima de 30 e para pessoas com obesidade de IMC acima de 35 sem comorbidades e que não tem resposta ótima ao tratamento medicamentoso”, explica o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Antes, era preciso ter comorbidades para ser candidato à intervenção. A nova diretriz considera a obesidade uma doença por si só. Além disso, hoje, temos muito mais consistência científica para mostrar que a cirurgia é eficaz e segura.”

“A obesidade não é um fator de risco, mas uma doença crônica e progressiva que precisa ser tratada”


Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz

A fórmula de dieta saudável mais exercícios físicos é importante, mas como estratégia para prevenção. Para quem já tem a doença, a combinação não é eficiente para resolver o problema a longo prazo – e a falta de resultados pode frustrar ainda mais a pessoa. “Essas medidas são excelentes para prevenção ou como tratamento adjuvante a qualquer intervenção cirúrgica ou medicamentosa. Mas só uma mudança de estilo de vida não é efetiva”, aponta o Dr. Cohen.

Dr. Ricardo Cohen

E quando se fala em reeducação alimentar associada ao tratamento cirúrgico ou clinico é importante entender o que significa comer saudável. “Hoje, há muitos alimentos industrializados vendidos como saudáveis no mercado, quando, muitas vezes, trazem uma série de aditivos prejudiciais à saúde”, explica Tarcila. “Para melhorar os hábitos alimentares, não precisa restringir o cardápio a poucos alimentos, muito menos cortar nutrientes. Trata-se de aprender a fazer boas escolhas e comer com consciência. Comida de verdade ainda é o melhor caminho.” A especialista dá como exemplo um sanduiche de fast food versus o feito em casa. “Na sua cozinha, você tem controle sobre os ingredientes e o modo de preparo: pode fazer o hambúrguer com uma carne mais magra, como o patinho, uma fatia de muçarela, salada e pão integral. Pode fatiar uma batata inglesa e assar no forno ou até na fritadeira elétrica, por exemplo. Você mantém o prazer de comer o sanduiche, mas mais saudável.”

ESTIGMATIZAÇÃO E CULPA

Um dos fatores que mais dificulta o acesso ao tratamento é o preconceito. Culturalmente, a obesidade é vista como uma falta de cuidado ou de força de vontade da pessoa. “A obesidade e os portadores da doença são estigmatizados. Em muitos casos, culpa-se a pessoa”, diz o Dr. Cohen. “Logo, ao se sentir culpado, o indivíduo não procura auxílio médico.”
Segundo o Dr. Maurício Rossini, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, isso é potencializado na adolescência, fase em que a aparência pode ser determinante para a vida social. E essa dimensão emocional da doença não pode ser desprezada. “O prejuízo social é, por si só, uma comorbidade. O adolescente com obesidade sofre bullying, se isola, pode ter quadros de depressão, ansiedade, piorando ainda mais a obesidade e trazendo danos importantes para a saúde mental”, explica o psiquiatra.

“Na adolescência, a obesidade pode trazer adoecimento psíquico e prejuízo social relevantes. O adolescente fica estigmatizado, é marcado pela obesidade, pode também passar a se autodepreciar, piorando os sentimentos de culpa e incapacidade”


Dr. Maurício Rossini, psiquiatra

CUIDADOS PARA A VIDA TODA

Como doença crônica e progressiva, a obesidade deve ser monitorada ao longo da vida. Ou seja, é preciso manter o acompanhamento com os especialistas envolvidos no cuidado. A frequência é determinada pelos próprios profissionais, levando em conta histórico e momento de vida da pessoa. Claro, com o tempo e a prática, fica mais fácil seguir as orientações, mas, como a Tarcila ressalta, mesmo com o quadro sob controle, as próprias mudanças da vida podem favorecer o ressurgimento da doença. “A vida não é linear. Um adolescente vai atravessar uma linha do tempo com algumas turbulências. Escola, vestibular, faculdade, sair de casa, entrar na vida adulta, no mercado de trabalho. São muitos processos que podem ser, em alguns momentos, estressantes, angustiantes, então a manutenção daquele ambiente saudável se torna desafiadora”, diz a nutricionista. “Por isso, o acompanhamento com a equipe, com profissionais que entendam essas fases da vida, é fundamental. Isso é muito comum em qualquer doença crônica, você muda totalmente a característica do tratamento, não é engessado.”

“Mesmo que o adolescente tenha a doença, a consciência deve vir de todos ao seu redor. A família tem que ser a primeira rede de apoio desse adolescente, ser tão responsável pelo tratamento quanto ele. A mudança, o cultivo de bons hábitos, as boas escolhas não dependem só dele”


Tarcila Campos, nutricionista

“De forma resumida, a adolescência é um mundo de conflitos. E tudo bem, são essas adversidades que nos ajudam a construir a nossa inteligência emocional”, completa o Dr. Maurício. “Mas, para se desenvolverem bem, com saúde física e mental, esses jovens precisam ser validados, acolhidos e guiados.”

Obesidade no Brasil e no mundo

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 124 milhões de crianças e adolescentes no mundo têm obesidade.


E a taxa de obesidade entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos deve dobrar até 2030.


No Brasil, 7% dos adolescentes entre 12 e 17 anos têm obesidade


Uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso

Fonte: Dados do Ministério da Saúde; Movimento Saúde não se pesa

Como oferecer apoio a um adolescente com obesidade

Não discrimine. A obesidade é uma doença, não um “desleixo”, “fraqueza” ou coisa de “gente preguiçosa”


Não cobre. Já falamos disso, mas não custa repetir: a obesidade não é “culpa” de ninguém. Pressionar o adolescente para emagrecer, praticar esportes ou buscar uma vida social pode fazer com que ele se isole ainda mais


Envolva-se. Para tratar e controlar a doença, o adolescente precisa de incentivo. Estabelecer uma alimentação saudável em casa e estimular atividades para toda a família são exemplos de atitudes que podem ajudar – e todo mundo sai ganhando

Na ponta do lápis

O diagnóstico da obesidade é feito por meio de medidas da distribuição da gordura corporal, realizadas por diversos exames e pelas consequências que ela pode acarretar, como diabetes, dificuldade de mobilidade, dentre outras. O IMC (Índice de Massa Corporal), que é a relação entre o peso e altura, ainda é um dos parâmetros que pode ajudar no diagnóstico da doença.


Confira a seguir a classificação geral do IMC:

Abaixo de 18,5: baixo peso
Até 24,9: peso ideal
Acima de 25: sobrepeso
IMC entre 30 e 34,9: obesidade Grau I
IMC entre 35 e 39,9: obesidade Grau II
IMC acima de 40: obesidade Grau III

VIDEOCAST: OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA

Você sabia? Adolescentes portadores de obesidade têm mais chances de continuar com a doença na vida adulta. Segundo a projeção da World Obesity Federation, a obesidade atingirá 30% da população […]

PODCAST: O que caracteriza a obesidade e como ela afeta as pessoas?

Neste episódio, a endocrinologista do nosso Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, Dra. Ana Carolina Calmon, explica os muitos fatores que caracterizam a obesidade, as repercussões da doença na vida das pessoas a curto e longo prazos e as possibilidades de tratamento.

PALAVRA DO
ESPECIALISTA

Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz

Dr. Ricardo Cohen

Não existe bala de prata para a obesidade

O tratamento da obesidade tem amplos benefícios na saúde e no bem-estar. Os avanços nos medicamentos para obesidade despertaram interesse, e a excessiva atenção da mídia promoveu uma demanda sem precedentes por esses novos agentes. No entanto, a abordagem da mídia pode propagar a visão de que existe uma solução mágica para a obesidade.
A obesidade é uma condição crônica com mecanismos multifatoriais complexos incluindo a genética, má adaptação metabólica, anormalidades neuroendócrinas e grandes mudanças no estilo de vida com composição de alimentos e desigualdades sociais de acesso a alimentação adequada. O tratamento eficaz da obesidade deve ser multidisciplinar, individualizado e adaptável ao longo do tempo. Muitas vezes, exigirá uma combinação de modalidades terapêuticas de longo prazo, semelhante à abordagem aceita para outras doenças crônicas. Os novos medicamentos não curarão a obesidade nem tornarão outras abordagens obsoletas, incluindo intervenções no estilo de vida e cirurgia metabólica.

Embora a última geração de medicamentos para obesidade mostre resultados médios de 15% a 20% de perda de peso corporal, aparentemente mesmo sem grandes intervenções no estilo de vida, alguns pontos merecem destaque. Primeiro, a perda de peso observada em estudos clínicos usando qualquer tratamento para obesidade tem uma distribuição de curva de Gauss, isto é, de resposta biológica a uma intervenção. Até 20% dos participantes não apresentam perda de peso clinicamente significativa. Além disso, até 10% dos pacientes terão dificuldades para tolerar os efeitos colaterais dos medicamentos.

Em segundo lugar, mesmo as pessoas que atingem as metas de tratamento com a farmacoterapia para obesidade podem decidir explorar a cirurgia metabólica para a manutenção a longo prazo da perda de peso e ganhos de saúde. Em terceiro lugar, os benefícios dos medicamentos para obesidade cessam se os medicamentos são interrompidos. Finalmente, independentemente do método de perda de peso ou do seu efeito sobre o peso corporal, um estilo de vida saudável continua a sendo o alicerce da otimização da saúde.
Intervenções no estilo de vida também são uma estratégia interessante. Para até 20% dos pacientes, otimizar a qualidade nutricional, erradicar comportamentos prejudiciais e incorporar atividade física sustentará com sucesso a perda de peso e os ganhos na saúde.
A cirurgia metabólica também continua sendo uma terapia eficaz para a obesidade, reduzindo eventos cardiovasculares, complicações microvasculares, alguns tipos de câncer e mortalidade geral. Como a obesidade é progressiva, 10-20% dos pacientes podem recuperar parte do peso após a cirurgia, muitas vezes resultando em controle abaixo do ideal ou recidivas dos problemas de saúde relacionados à obesidade. Alguns podem necessitar de intervenções adicionais para a perda de peso (p.ex., uso de medicamentos). É provável que o inverso também seja verdadeiro para a farmacoterapia, onde a indicação cirúrgica pode ser aliada aos remédios para os melhores resultados a longo prazo.
Combinar abordagens cirúrgicas e clínicas é prática padrão no tratamento de doenças crônicas (p.ex., doença coronariana). Em Oncologia, uma variedade de tratamentos adjuvantes (p.ex., quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia) podem ser usadas além da cirurgia para melhorar os resultados. Da mesma forma, no tratamento do diabetes tipo 2 e obesidade, uma combinação de cirurgia metabólica e medicamentos está associada a um excelente controle glicêmico, perda de peso e até reversão de complicações do diabetes Pacientes com formas avançadas de obesidade geralmente têm respostas abaixo do ideal ao estilo de vida, intervenções farmacológicas ou cirúrgicas isoladamente, portanto, o tratamento combinado pode ser necessário.
Uma doença crônica multifatorial requer uma abordagem de longo prazo, multifatorial, flexível ao longo do tempo e adaptada ao indivíduo. Não devemos promover uma forma de tratamento descartando as outras opções. Precisamos combinar nossos esforços e usar as ferramentas certas, no momento certo e para a pessoa certa, para oferecer o melhor tratamento e maximizar os benefícios para a saúde de nossos pacientes.
*Artigo publicado no The Lancet em julho 2

TUDO SOBRE A CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA

Saiba mais sobre esse procedimento, suas indicações, mitos e recomendações por Livia Scatena.

Tudo sobre a cirurgia bariátrica e metabólica

Desde as primeiras cirurgias bariátricas no Brasil, nos anos 1970, até a popularização do eficaz procedi – mento contra a obesidade grave, já em meados dos anos 1990, bastante coisa mudou. Hoje os procedi – mentos adotados pelos profissionais são mais modernos e menos invasivos e não é mais necessária uma longa preparação psicológica pré-cirúrgica – há 25 anos, o paciente passava por até dois anos de acompanhamento terapêutico antes de ser operado.

O Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz realiza entre 30 e 40 cirurgias bariátricas por mês, sendo a metade delas metabólica. A idade média dos pacientes que recorrem ao procedi – mento no hospital é de 45 anos e mais mulheres são submetidas ao procedimento, em uma proporção de duas a três para cada homem – quando consideradas apenas as cirurgias metabólicas, tal diferença cai de um para dois.

CIRURGIA BARIÁTRICA: BÊ-A-BÁ

Dr Ricardo Cohen

O procedimento é um recurso cada vez mais utilizado para o tratamento da obesidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o número de cirurgias bariátricas cresceu 84,7% no Brasil entre 2011 e 2018, no levantamento mais recente da entidade. Nesse intervalo, mais de 424 mil pessoas foram operadas. “Realizo o procedimento desde 1998 e, desde então, só vi aumentar a procura pela cirurgia. Credito isso a uma maior educação por parte dos pacientes, que entendem como o procedimento é benéfico e transformador para a saúde”, afirma o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Preferencialmente, a cirurgia bariátrica é feita por videolaparoscopia, uma técnica moderna, menos invasiva e mais confortável para o paciente. O médico faz pequenas incisões na região abdominal do paciente, por onde introduz os instrumentos necessários para a realização do procedimento. Pacientes portadores de obesidade mórbida, com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40 kg/m 2 e com IMC entre 35 e 39,9 kg/m2 e doenças associadas à obesidade, como hiper – tensão, refluxo e apneia do sono, dentre outras, podem se submeter à cirurgia bariátrica. Se você quer saber mais sobre o seu IMC, acesse o site centrodeobesidadeediabetes.org.br.

CIRURGIA METABÓLICA

O procedimento é recomendado para pessoas com diabetes do tipo 2 não controlada com medicamentos e pode ser feito em pacientes com IMC a partir de 30 kg/m ². “Vários fatores são associados à dificuldade de manejo clínico dos pacientes com dia – betes do tipo 2, incluindo a própria característica da doença e a aderência dos pacientes ao tratamento, que, por vezes, é de difícil assimilação, com uso de drogas injetáveis a serem aplicadas, em alguns casos, diversas vezes por dia. Além disso, os altos custos das insulinas e drogas de última geração também prejudicam o tratamento”, explica o especialista. “Um estudo brasileiro de 2010 mostrou que cerca de 70% dos pacientes com diabetes do tipo 2 não apresentavam controle glicêmico.” Segundo o Dr. Cohen, a perda de peso es – perada para um paciente que passa por essa cirurgia é de 25% a 30%, o mesmo para uma bariátrica em uma pessoa que não tem diabetes. “No entanto, no pós-operatório esperamos observar uma melhora geral dos exames do paciente com diabetes, além do controle da glicemia. Entre 60% e 70% dos pacientes apresentam controle total do diabetes tipo 2 a longo prazo”, conta o médico.

SEGURANÇA

Qualquer intervenção cirúrgica tem seus riscos de complicações e até de mortalidade. Tais riscos dependem de alguns fatores, como a experiência da equipe cirúrgica e a gravidade das doenças associadas à obesidade. No entanto, a chance de sucesso de uma operação bariátrica hoje em dia, sem óbito, é de 99,85% em centros de excelência. “O índice de complicações severas, que defino como aquelas que requerem alguma intervenção por meio de tratamento clínico ou mesmo reoperações, é baixo, por volta de 1% a 2%. Esse número é pequeno graças ao acesso laparoscópico, ao aperfeiçoamento dos materiais e ao treinamento das equipes cirúrgicas”, relata o Dr. Cohen. Segundo o médico, via de regra, as complicações são relacionadas às doenças associadas e sua gravidade. “Vale a pena salientar que as enfermidades que acompanham a obesidade, como o diabetes tipo 2 e a apneia do sono, entre outras, reforçam a indicação operatória e compensá-las antes das cirurgias é importante para menores índices de complicações”, diz.

PÓS-OPERATÓRIO

Em operações rotineiras, através do acesso videolaparoscópico, os pacientes têm breve estadia no hospital, em média de 36 a 48 horas. Depois de uma semana, eles voltam ao consultório médico para avaliação e orientação para a progressão da dieta de líquida para pastosa. Após 30 a 40 dias, acontece uma nova consulta médica e também nutricional. Nessa fase, os pacientes, em geral, já estão em dieta sólida. “A monitorização laboratorial depende das doenças associadas à obesidade. Por exemplo, diabéticos usualmente têm o controle de sua doença relativamente rápido depois da cirurgia e devem ser avaliados pela equipe médica com mais frequência para ajuste de doses de medicação e até suspensão de medicamentos”, afirma o Dr. Cohen. “Já os pacientes que não têm doença associada em geral são vistos quadrimestralmente nos primeiros dois anos, semestralmente até o quinto ano e anualmente nos anos subsequentes.”

PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA

De acordo com o Dr. Adriano Segal, coordenador de Psiquiatria do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os pacientes passam por sessões psicoeducacionais antes de serem submetidos à cirurgia. “Contamos como é a cirurgia e suas consequências para não haver surpresas no pós-operatório.” Segundo ele, há uma proporção elevada de transtornos psiquiátricos entre os pacientes que procuram a cirurgia bariátrica. “Cerca de 80% deles têm transtornos de humor, como depressão e bipolaridade, e quadros de ansiedade. No pós-operatório, observamos uma melhora desses quadros. No entanto, quando os transtornos se mantêm, o paciente conta com acompanhamento psicológico e psiquiátrico, especialmente no curto e médio prazos.”

Para o Dr. Segal, é mais interessante o acompanhamento no pós-operatório, principalmente para evitar que o paciente operado comece a abusar de álcool. “Esse abuso compromete o sucesso da cirurgia. O ideal é que a pessoa que passa por cirurgia bariátrica ou metabólica não beba, pois o álcool é mais perigoso no pós-cirúrgico, já que sua absorção acontece mais rapidamente e sua metabolização é mais lenta”, explica. “De 20% a 25% dos pacientes apresentam problemas com álcool no pós-operatório, sendo que o índice na população geral fica em 15%. Por isso a orientação é não beber ou aproveitar apenas momentos muito especiais para fazer um brinde, sem abusos, como formatura ou casamento de filhas e filhos. Churrascos e confraternizações não se enquadram aqui.”

Técnicas adotadas

Técnicas avançadas

São duas as técnicas de cirurgia de redução de estômago que se destacam no Brasil. O bypass gástrico é usado em 65% das cirurgias no país, sendo a mais recorrente em pacientes com diabetes do tipo 2. Nesse procedimento, o estômago é separado em duas partes e o caminho até o intestino é encurtado, unindo a menor parte do estômago ao intestino. Já a gastrectomia vertical consiste em transformar o estômago em uma espécie de tubo, de forma que o órgão não seja capaz de armazenar grande quantidade de comida. Essa técnica acelera a chegada dos alimentos ao intestino delgado.

PRECISAMOS FALAR DE GORDOFOBIA

Ilustração de Raquel Botelho, gordofobia

O termo entra em pauta para identificar o preconceito que pessoas gordas sofrem na vida afetiva, social e profissional

Diariamente, pessoas gordas e obesas saem de casa logo cedo e sabem que vão encontrar pela frente desafios de todos os tipos: transporte público, escritórios, restaurantes e outros ambientes que não estão preparados para acomodá-las. Ainda pior: sabem também que vão ser alvo de piadas, julgamentos e ouvir de muita gente que precisam emagrecer. Esse preconceito tem nome. “Gordofobia é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo. Funciona como qualquer outro preconceito baseado em um característica única”, explica o Dr. Adriano Segal, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Apesar de o nome ser novo, é algo que sempre existiu, a gula é até um pecado capital. Há estudos com universitários em que afirmam preferir se casar com traficantes ou bandidos do que com obesos”, diz o médico.


Em um mundo pouco adaptado a corpos gordos e em uma sociedade que institucionaliza o preconceito contra os donos desses corpos, navegar pelo cotidiano traz desafios de diversas naturezas, dos mais simples aos mais complexos. Comprar roupa, por exemplo, pode ser uma experiência desgastante emocionalmente, inclusive. A jornalista santista Flávia Durante conta que começou a engordar depois da faculdade e, ao longo de dez anos, ganhou 30 quilos. Mesmo bem resolvida com seu corpo, ela tinha dificuldade em encontrar roupas do seu agrado na pouca oferta do mercado. “Não deixei de fazer as coisas por ter engordado. Ia à praia, usava biquíni normalmente. O problema era encontrar peças que me servissem”, conta. Foi ali que viu que a exclusão sofrida pelos gordos não se limita a uma rejeição social, o próprio mercado propaga isso quando as marcas não querem ver seus produtos em corpos gordos, ainda que eles sejam uma parcela grande dos consumidores. Cansada da falta de opção e dos padrões extremamente excludentes do universo da moda, Flávia criou a Pop Plus Size, feira que, desde 2012, reúne em São Paulo expositores que fabricam peças com manequins acima de 44 e pensadas para diversos tipos de corpo.

Mais que isso: denominada como “feira de moda e cultura plus size”, a Pop Plus Size se posiciona como uma plataforma de fortalecimento da autoestima, empoderamento e respeito à diversidade.


Uma das frequentadoras assíduas da Pop Plus é Patrícia*, que hoje se sente muito bem com o próprio corpo, mas cita anos de terapia e a entrada para um grupo de teatro como iniciativas que a ajudaram a gostar de si mesma. Na adolescência e na infância, ela sofreu bullying por ser gorda, e a ignorância e o preconceito se manifestaram de diversas formas ao longo de sua vida: foi rejeitada pelas companheiras do time de vôlei, teve um relacionamento com uma pessoa que não se deixava ser vista em público ao seu lado e chegou a ouvir em uma entrevista de emprego para uma loja que não deveria nem se esforçar, porque não haveria uniforme do tamanho dela. “No meu trabalho atual, reparam e comentam sobretudo que eu como”, conta. “Estou mudando a alimentação por questões pessoais e vejo que as pessoas ficam surpresas quando me veem comendo vegetais. Já partem do princípio de que é porque quero emagrecer, me dão parabéns. E não é.”

*O nome foi alterado a pedido da entrevistada.

UM CRIME SUBJETIVO

A legislação brasileira não prevê uma punição específica para quem pratica gordofobia, mas há algumas proteções jurídicas. “É vedado pela lei que as pessoas sejam discriminadas na contratação e é função do empregador fornecer todos os materiais necessários para que o funcionário exerça sua função, inclusive uniformes do tamanho adequado para que a pessoa não passe por desconforto ou situação vexatória”, explica o advogado trabalhista Guilherme Mônaco, que é ex-obeso e viveu na pele o preconceito em diversas situações sociais. “Embora a gordofobia não esteja tipificada na lei, ela cai nos danos morais, que é quando a ação causa algum abalo psicológico”, explica, ressaltando, no entanto, que existem poucas medidas efetivas contra esse tipo de preconceito, sendo assim mais difícil de prová-lo. “A empresa pode simplesmente alegar que outro candidato era mais qualificado, por exemplo. E quem está ali para julgar é um juiz inserido na mesma sociedade que a gente, com os mesmos valores, ou seja, no mesmo contexto gordofóbico”, finaliza.

Um crime subjetivo

Se os critérios que definem uma ação de gordofobia ainda não são claros e o caminho parece ser longo, cabe a nós, como sociedade, lutar diariamente contra esse preconceito, seja no trabalho, nas relações sociais e, principalmente, entre as crianças e os adolescentes, orientando-os, desde cedo, a buscar ajuda ao sofrer algum tipo de assédio, a identificar um comportamento gordofóbico, a não naturalizá-lo e, sobretudo, não reproduzi-lo.

O QUE CARACTERIZA A GORDOFOBIA?

Na ausência de uma lei que regule esse tipo de preconceito e com a constante presença de stand-ups, programas de TV e filmes em que pessoas acima do peso viram alvo de chacota, a gordofobia está tão entranhada na sociedade que às vezes somos gordofóbicos sem perceber. Abaixo, algumas dicas para fugir de comentários e atitudes ofensivos:

  • Não use a característica física para identificar uma pessoa, falando coisas como: “fulano é aquele gordinho ali”.
  • Ser gordo não tem nada a ver com ser preguiçoso. Não associe as duas características.
  • Não presuma que uma pessoa gorda é alguém que tenta emagrecer e está fracassando.
  • Evite frases como “você emagreceu e ficou bonito”. A beleza não está só na magreza e muita gente perde peso de forma pouco saudável, por causa de distúrbios alimentares ou até mesmo depressão.
  • Evite termos como “fofinho”, “gordinho” ou “maiorzinho”.

OBESIDADE | TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE…

A obesidade é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, resultante de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético do corpo. Nas últimas décadas, tem aumentado significativamente, sendo considerada uma epidemia global. 

Estudo internacional usa pela primeira vez Inteligência Artificial para prever trajetórias de peso em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Publicado no The Lancet, pesquisa contou com a participação dos especialistas do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

São Paulo, 15 de setembro de 2023 – Estudo observacional multicêntrico, com mais de 10 mil pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em países como Brasil, Holanda, Itália, Suécia e México, desenvolveu modelo matemático baseado em machine learning para avaliar a trajetória do peso dessa população durante os cinco primeiros anos após o procedimento cirúrgico. A pesquisa é a primeira a adotar Inteligência Artificial para fazer previsões pré-operatórias de trajetórias de peso até cinco anos após os pacientes terem sido submetidos aos tipos mais comuns de cirurgia bariátrica (gastroplastia e gastrectomia vertical).

Publicado no importante periódico científico internacional The Lancet, o estudo tem entre os coautores, o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. No início do mês, o médico foi eleito presidente mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), na sigla em inglês, International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders.

O modelo matemático desenvolvido considerou a trajetórias de peso dos pacientes tendo como base sete variáveis pré-operatórias: idade, peso, altura, histórico de tabagismo, status e duração do diabetes tipo 2 e o tipo de intervenção.

“Este modelo pode ajudar a prática clínica a refinar a trajetória individual de perda de peso, auxiliando os profissionais que tratam a obesidade a usarem cada vez mais a medicina de precisão para previsão de resultados, antes da cirurgia. Desta forma será possível trabalhar com estratégias individualizadas cada vez mais eficazes e proporcionar os melhores desfechos a médio prazo aos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica” afirma o Dr. Ricardo Cohen.

A íntegra do estudo pode ser acessada pelo Link.

Dr. Ricardo Cohen assume a presidência mundial da IFOS e compromete-se a intensificar a luta contra a obesidade

Coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz é eleito líder global na batalha contra a doença.

O Dr. Ricardo Cohen, especialista em obesidade, diabetes e cirurgia bariátrica, acaba de ser eleito presidente mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO). O anúncio ocorreu durante o 26º congresso anual da IFSO, realizado em Napoli, na Itália.

A IFSO é uma das instituições médicas mais influentes do mundo, reunindo médicos cirurgiões e profissionais de equipes assistenciais de 72 sociedades médicas de diversos países. Seu principal objetivo é promover debates anuais para a troca de conhecimentos sobre pesquisas científicas, conceitos, medicações e abordagens no tratamento multidisciplinar e individualizado da obesidade.

Com um doutorado em clínica cirúrgica e uma vasta carreira dedicada à pesquisa e ao tratamento da obesidade, o Dr. Ricardo Cohen é uma referência global nessa área. Ele já ocupou cargos de destaque, como a presidência da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, e também liderou o capítulo latino-americano da IFSO. Além disso, foi nomeado um dos 30 médicos mais influentes do mundo na área pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS) e possui uma impressionante lista de mais de 250 artigos e nove livros publicados.

À frente da IFSO, o Dr. Cohen enfrentará o desafio de promover discussões científicas sobre os melhores tratamentos para a obesidade e de ampliar o acesso a abordagens clínicas e cirúrgicas eficazes para o controle da doença e suas complicações. Em suas palavras, “Vamos trabalhar, de forma conjunta, com as principais entidades médicas e científicas de todos os continentes para aumentar o acesso ao tratamento mais adequado para cada paciente, respeitando as individualidades de cada um e baseando-nos nas melhores evidências científicas relacionadas à obesidade. O objetivo é contribuir de modo efetivo para reduzir os efeitos da maior epidemia enfrentada pela sociedade contemporânea”.

A eleição do Dr. Ricardo Cohen para a presidência da IFSO representa um marco importante na luta global contra a obesidade e reforça o compromisso de especialistas em todo o mundo em combater essa grave doença que afeta milhões de pessoas. Com sua vasta experiência e liderança, ele está pronto para impulsionar a causa da saúde e do bem-estar em escala internacional.

BEM – ESTAR SEM TAMANHO

A obesidade é uma doença e deve ser levada a sério. Discutimos as melhores formas de tratamento para viver sem complicações.

Dra. Camila Rodrigues Souza

A obesidade é uma doença e deve ser levada a sério. A vantagem dos tratamentos farmacológicos e da cirurgia é que eles atuam nos centros da fome e saciedade, além de promover outras alterações fisiológicas positivas para o emagrecimento. Desde 1998, as cirurgias bariátricas são feitas por videolaparoscopia no Brasil. As taxas de complicações e mortalidade são muito pequenas, de 2% e 0,1%, respectivamente, segundo a literatura médica nacional e internacional. Com isso, as resistências também vêm caindo. “Ao contrário de crenças infundadas, quando bem indicada a cirurgia é o melhor tratamento para a obesidade e suas doenças associadas”, pontua Camila Rodrigues de Souza Carvalho, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Camila destaca que a cirurgia é só a porta de entrada. O sucesso do procedimento vem depois. “Não adianta um paciente estar abaixo do IMC 25 [índice de massa corpórea limite para o sobrepeso] se estiver desnutrido, sem músculos no corpo. O que interessa é a saúde e não a estética”. Seja por meio de cirurgia ou tratamento clínico, o papel da(o) nutricionista, não é criar restrições, mas ocupar-se do comportamento da pessoa e ensiná-la a comer para o resto da vida.

DESDE CRIANCINHA

O bullying é um forte motivo para a obesidade ser tratada desde cedo. De 2008 a 2019, a procura por cirurgia bariátrica entre menores de 18 anos aumentou 218%, na rede privada – segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), 2100 adolescentes passaram pelo procedimento apenas no último ano. No SUS, foram 502 pacientes de 16 a 18 anos, nesse mesmo período.

Animação: Mulher pulando corda

DESCOBERTAS

Dra. Livia Porto

“Nenhuma mãe chega indignada porque o filho descobriu que é portador de diabetes, mas sim por não conseguir emagrecer. Por – que a obesidade, muitas vezes, não é encarada como uma doença”, aponta a Dra. Lívia Porto, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Para ela, a pandemia foi positiva para essa questão. “O fato de o coronavírus ter na obesidade um fator de risco para a sua forma grave vem mudando o olhar das pessoas, facilitando que a reconheçam como doença.” A obesidade traz consequências proporcionais ao tempo de exposição. A cada ano aumentam as chances de doenças metabólicas mais difíceis de lidar e mais graves. “Na população com IMC acima de 40, a prevalência de alguns transtornos psiquiátricos pode ser duas a três vezes maior que na população geral”, afirma a Dra. Débora K. Kussunoki, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes. A forma simplista como o emagrecimento costuma ser tratado também não ajuda, porque no caso da obesidade, a matemática não se resume a comer menos e se exercitar mais. “É uma doença crônica, multifatorial e que se retroalimenta. Tem alterações inflamatórias e de hormônios intestinais que fazem com que ela persista, trabalhando para sua continuidade”, destaca a Dra. Lívia.

#CORPOLIVRE

Ter medidas maiores do que as tabeladas na faixa da normalidade costuma significar certa exclusão social e estrutural – já que cadeiras, catracas, atrações turísticas e até postos de trabalho não comportam pessoas portadoras de obesidade. Só pelo peso, muitas pessoas são julgadas e rotuladas como preguiçosas e descuidadas e ainda recebem tratamento desrespeitoso e humilhante. Para combater esses estigmas, o movi – mento corpo livre (versão nacional do body positive) defende a aceitação de cada corpo como ele é. Para a psiquiatra Débora K. Kussunoki, só é preciso ter cuidado para não abraçar a causa contra a gordofobia e enquadrar quem quer emagrecer ou quem oferece tratamento como gordofóbico. “As pessoas têm de saber que existe uma consequência – o peso e os tipos de acúmulo de gordura acarretam diferentes doenças. Ninguém precisa ficar com o corpo perfeito, nem ser privado de tratamento”, argumenta

Dra. Debora Kussunoki

Especialistas alertam para o perigo da obesidade e o estigma social da doença

São Paulo, 09 de outubro de 2020 – A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um em cada oito adultos no mundo apresentam algum grau de obesidade. A entidade prevê ainda que, em 2025, esse número chegue a 700 milhões e 2,3 milhões de pessoas ao redor do globo apresentem sobrepeso.

Já no Brasil, segundo os dados divulgados pela Pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde, a taxa de obesidade dos brasileiros cresceu 10% entre 2006 e 2018, passando de 11,8% para 19,8%, de acordo com levantamento do ano passado.

Segundo a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os maus hábitos alimentares dos brasileiros contribuem muito para o crescimento da obesidade, interferindo também na prevalência de outras comorbidades como o diabetes e a hipertensão.

“O consumo de bebidas adoçadas e refrigerantes, assim como outras guloseimas ricas em açúcares e gorduras, aumentou muito no país nos últimos anos. Isso pode ter contribuído para o crescimento da população com obesidade”, explica.

Apontada pela OMS como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, a obesidade é diagnosticada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico da obesidade em adultos, o parâmetro mais utilizado é o do IMC (Índice de Massa Corporal).

Consideram-se portadoras de obesidade as pessoas com IMC superior a 30. Já as que têm IMC entre 25 e 29,9 são portadoras de sobrepeso. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado (IMC = Peso ÷ Altura × Altura).

”O aumento de peso em si pode causar sobrecarga das articulações com degeneração precoce das cartilagens (artrose), limitações de movimento e dores crônicas”, explica a endocrinologista. “Além disso, quando o depósito de gordura acontece principalmente na região abdominal (gordura visceral), o que é mais comum em homens, mulheres após a menopausa, e principalmente em quem tem predisposição genética, esta gordura é extremamente inflamatória e pode levar a doenças graves como diabetes, hipertensão arterial, esteatose hepática (gordura no fígado) e infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame), responsáveis pela mortalidade precoce desta população”.

Estigma da obesidade

Além das complicações e doenças associadas a obesidade, os pacientes que enfrentam a doença também sofrem com um estigma social ainda enraizado na sociedade. Um estudo publicado no início deste ano no periódico científico de alto impacto Nature Medicine e assinado por mais de 100 instituições no mundo, incluindo o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mostrou que o preconceito contra a obesidade pode comprometer a saúde, dificultando o acesso aos tratamentos adequados, afetando o convívio social e prejudicando a saúde mental.

O coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Ricardo Cohen, explica que uma das grandes barreiras para o acesso ao tratamento adequado dessas enfermidades é a estigmatização e preconceito contra os portadores da doença. “Parte do público e mesmo alguns profissionais da saúde ainda enxergam a obesidade como um estilo de vida inadequado ou até mesmo más escolhas, os quais geram incontáveis problemas para o indivíduo”, explica o cirurgião bariátrico.

Evidências científicas comprovam ainda que esse estigma pode causar prejuízos físicos e psicológicos, e indicam que a probabilidade de procurar e receber cuidados adequados é menor nas pessoas afetadas pelo preconceito. O indivíduo com obesidade costuma ser visto como preguiçoso, guloso, sem força de vontade ou autodisciplina, e está mais vulnerável ao estigma do peso em ambientes como o trabalho, instituições de ensino e até durante os atendimentos médicos.

Obesidade e a Covid-19

Já se sabe, desde o começo da pandemia, que a obesidade é um fator de risco importante para complicações da Covid-19. Como aponta o estudo publicado em agosto deste ano, no periódico científico Obesity Reviews, ondeos quase 400 mil pacientes estudados, sendo eles pacientes com obesidade e infectados com o novo coronavírus, apresentaram o dobro de chance de precisarem de intervenções médicas, e 74% dessa fatia tiveram risco aumentado de serem admitidos em UTIs.

Tratamentos para a obesidade

Existem quatro medicamentos aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para tratamento de obesidade. “É importante que todos saibam que obesidade é doença e, portanto, exige tratamento. A mudança do estilo de vida é fundamental no processo de perda e manutenção do peso, mas as medicações se fazem necessárias na maioria dos casos.

Quando o tratamento clínico da obesidade não traz os resultados esperados, a melhor opção é a cirurgia bariátrica. Estudos recentes comprovaram que o procedimento muda o paladar, controla a saciedade e transforma a relação de recompensa com a comida, motivando ainda mais a mudança de estilo de vida.

No Brasil, a cirurgia é liberada para pacientes com IMC igual ou superior a 40kg/m² ou IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades relacionadas à obesidade.Além disso, em pessoas com o IMC acima de 30 kg/m² e que apresentem diabetes descompensado apesar do tratamento clínico, a cirurgia metabólica também é permitida.

“Quanto mais a pessoa com obesidade espera para procurar tratamento, maior a chance de complicações associadas à doença, como quadros de hipertensão, diabetes, infarto e derrame. Além de um tratamento adequado, o ideal é unir esforços para investir na prevenção”, reforça a médica.

Confira abaixo dez dicas para prevenção da obesidade:

  1. Faça de cinco a seis refeições por dia, com intervalo de três horas entre elas, se você sente muita fome antes das grandes refeições;
  2. Adote uma dieta saudável, rica em frutas, legumes, verduras e cereais integrais;
  3. Evite comer frituras, massas, pães e doces em excesso;
  4. Evite alimentos industrializados e fast food;
  5. Troque o refrigerante por água;
  6. Pratique 30 minutos de exercício físico quatro a cinco vezes por semana. Lembre-se: antes de iniciar qualquer atividade é importante passar por avaliação médica;
  7. Evite comer sentado em frente à TV, mexendo no celular ou no computador. A pessoa pode acabar perdendo o controle do que está comendo e ingerindo o alimento muito rápido, demorando mais para saciar a fome;
  8. Utilize mais vezes a escada, ao invés de elevador. Isso aumenta a queima de calorias;
  9. Não faça compras de alimentos nos supermercados antes das refeições e com fome. Isso evita a compra de alimentos mais calóricos;
  10. Durma pelo menos oito horas por dia. A privação de sono provoca impacto no apetite, na fome e no gasto energético.

Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com 123 anos de atuação, é referência em serviços de alta complexidade e ênfase em Oncologia e Doenças Digestivas. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 4 mil médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.

Hospital Alemão Oswaldo Cruz – https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/

Informações para a imprensa

Conteúdo Comunicação:

Gerência de Comunicação Corporativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

OBESIDADE versus CÂNCER

Conversamos com duas especialistas do centro especializado em obesidade e diabetes e do centro especializado em oncologia do hospital para entender a perigosa relação entre esses dois problemas de saúde.

Estar acima do peso é um problema atualmente associado a pelo menos 13 tipos de câncer. Um indivíduo que apresenta IMC (índice de massa corpórea) acima de 25 deve ficar alerta, principalmente se tiver histórico de doenças metabólicas, como diabetes, ou câncer. “Esse paciente pode apresentar uma gordura visceral, ou seja, a distribuição de gordura ruim. A liberação de enzimas de atividade inflamatória pode levar ao desenvolvimento de câncer”, explica a Dra. Lívia Porto, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. De acordo com a revista Scientific American, a obesidade mais do que duplica o risco das formas mais comuns de câncer de esôfago. A ocorrência da doença está diretamente relacionada ao refluxo – pesquisas recentes apontam que 70% das pessoas obesas sofrem com os ácidos presentes no estômago que voltam pelo esôfago em vez de seguir o fluxo normal da digestão. “O obeso tem um risco muito grande de doença do refluxo, o que acaba aumentando as chances de desenvolver câncer de esôfago. O tipo associado ao refluxo é o adenocarcinoma, mais comum no finalzinho do esôfago, já na transição com o estômago”, diz a oncologista clínica Dra. Renata D’Alpino, do Centro Especializado em Oncologia do Hospital. Em entrevista à LEVE, as duas especialistas discutem o tema com mais profundidade. Confira a seguir.

“Obesidade é uma doença e seu tratamento é necessário para que a pessoa se veja livre do refluxo, do diabetes e da hipertensão arterial” – Dra. Lívia Porto

Dra. Renata: Quando há um refluxo, o conteúdo do estômago fica retornando constantemente para o esôfago e agride a mucosa. Isso se torna uma inflamação que propicia o desenvolvimento de câncer de esôfago. Por isso a gente fala que existe essa associação entre a doença do refluxo e o risco de desenvolvimento de câncer de esôfago.

Dra. Lívia: Essa é uma das questões relaciona – das à obesidade. Devido ao aumento da pressão intra-abdominal causada pela gordura visceral, há um aumento do risco de refluxo. É como se estivesse apertando o estômago e aumentando, assim, as chances desse fluido ácido retornar para o esôfago.

Dra. Renata: Vários tipos. Câncer de intestino, colo e reto, câncer de rim, de fígado. Nas mulheres, câncer de endométrio, que é a parte de dentro do útero, e câncer de ovário. Hoje, por exemplo, sabe-se que a principal causa de cirrose nos Estados Unidos é o acúmulo de gordura no fígado, e essa é a principal causa de desenvolvimento de câncer de fígado no país.

Dra. Lívia: Além do sobrepeso, que é acima de 25, a gente classifica como obeso grau 1 acima de 30 de IMC; grau 2 acima de 35; e grau 3 acima de 40. A classificação é importante porque a partir dela é possível prever as chances de risco de o paciente desenvolver essas doenças, pois, quanto maior o grau de obesidade, mais severo é o acúmulo de gordura e, assim, maiores as chances de desenvolver uma doença metabólica.

Dra. Renata: Há ainda outros fatores que podem fazer com que a pessoa com obesidade tenha risco de câncer. Nas mulheres, por exemplo, existe um acúmulo maior de estrogênio por causa da quantidade excessiva de gordura, o que pode aumentar o risco de câncer de endométrio e de câncer de mama. Outra relação é a resistência à insulina que existe no paciente obeso. A insulina no nosso corpo funciona como um fator de crescimento tanto para células normais quanto para células cancerígenas, então é como se houvesse um estímulo para as células se replicarem, e isso pode levar ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer.

Dra Lívia: Quando há aumento da gordura no abdômen, essa resistência insulínica é ainda maior. E a hiperinsulinemia, que é um hormônio anabolizante, mas não de anabolismo de músculo, termina fazendo esse estímulo tecidual de maneira inadequada.

Dra Lívia: No Brasil, hoje, temos 40% da população obesa, e isso significa que é preciso ficar de olho não só nas doenças clássicas relaciona – das à obesidade, como diabetes e hipertensão ou colesterol alto, mas também nessas relacionadas à oncologia.

Dra. Renata: Existe um dado bem concreto de que 40% dos casos de câncer hoje nos Estados Unidos são decorrentes da obesidade. Então imagine que é um número bastante expressivo – muitos pacientes com câncer desenvolveram a doença por causa do excesso de peso.

“O obeso tem um risco muito grande de doença do refluxo, o que acaba aumentando as chances de desenvolver câncer de esôfago” – Dra. Renata D’Alpino

Dra. Lívia: Existe uma ideia equivocada de que pessoas com obesidade não precisam usar a medicação porque a solução só depende deles. Obesidade é uma doença e seu tratamento é necessário para que a pessoa se veja livre do refluxo, do diabetes e da hipertensão arterial.

Dra. Renata: Qualquer coisa fora do normal, uma dor que não passa, emagrecimento repentino, uma alteração de hábito intestinal, ou a mulher que apalpou um nódulo na mama, um sangramento vaginal. São sinais que podem ocorrer tanto em uma pessoa com sobrepeso quanto em uma pessoa sem e podem estar ligados ao risco do desenvolvimento de câncer.

Dra. Lívia: A prevenção é o tratamento da obesidade, principalmente procurar melhorar a distribuição de gordura corporal e mudar o tipo de alimento que o paciente consome. Substituir os carboidratos simples por uma alimentação mais rica em gordura boa e proteína, por exemplo. Além disso, independentemente da questão da perda de peso, a prática de exercícios físicos ajuda a reduzir a resistência insulínica, que aumenta as chances de desenvolvimento de câncer. Bastam atitudes simples, como ir ao trabalho a pé ou deixar o carro em casa e usar o transporte público.

Dra. Renata: A cirurgia bariátrica representa a chance de uma perda mais eficaz de peso nesses pacientes, e isso leva à diminuição do risco de diversos tipos de câncer ao longo do tempo. A cirurgia também funciona como prevenção.

Dra. Lívia: É preciso uma multidisciplinaridade para tratar a obesidade, porque ela não é só ambiental, nem só comportamental, nem só decorrente do estilo de vida. A obesidade é uma doença que se retroalimenta, e isso envolve alterações de hormônios intestinais, alterações inflamatórias e resistência insulínica. Acredito que o aumento de pessoas com obesidade está relacionado ao ambiente em que a gente vive e por ser uma doença que se retroalimenta. Precisamos, então, ampliar o olhar sobre o problema e entender todos os fatores que o influenciam, não apenas para tratar a obesidade, mas para preveni-la.

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