Especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ressalta importância de prevenção
São Paulo, 21 outubro de 2024 – Criado há mais de 30 anos, o Outubro Rosa é a época de compartilhar informações para a conscientização sobre o câncer de mama. A prevenção primária e a detecção precoce ainda são as principais aliadas para a redução da incidência e na mortalidade pela doença.
O câncer de mama é o tipo de tumor que mais acomete as mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados pelo Ministério da Saúde 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,9 casos por 100 mil mulheres.
Para detecção da doença, a mamografia continua sendo o melhor método para o rastreamento, especialmente em mulheres sem sintomas, como aponta a Dra. Maria do Socorro Maciel, mastologista e oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Estudos mostram a redução de mortalidade com a descoberta precoce do câncer. A mamografia é o exame principal que auxilia na detecção inicial dos tumores mamários,” disse a especialista.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização da mamografia a cada ano a partir dos 45 anos até os 55. Já a Sociedade Americana de Cancerologia adverte que o exame seja feito anualmente acima dos 40 anos.
Mamografia é um exame simples que consiste em um raio-X da mama e permite descobrir o câncer quando o tumor ainda é bem pequeno.
“Muitas pacientes podem ignorar sinais de alerta, como nódulos, o que a mamografia pode identificar com mais precisão”, afirmou Maria do Socorro.
A especialista também aponta outro indicador para mulheres procurarem um mastologista para fazer o exame, a incidência de casos de câncer de mama em outras mulheres da família.
“Se você tem um histórico familiar de câncer de mama deve começar a fazer mamografia a partir de 10 anos abaixo da idade da mãe quando teve a doença”, explicou a mastologista.
Testes genéticos também podem identificar mutações em pacientes com histórico familiar de câncer, mas, segundo a especialista, para esse tipo de exame as mulheres devem buscar acompanhamento com um oncogeneticista.
Dra. Maria do Socorro também enfatizou que, além dos exames, a prática de atividade física e o controle da dieta são fundamentais para a prevenção do câncer de mama.
“Atividade física é considerada muito como um anti-inflamatório e deve ser uma prioridade na vida das mulheres. As pessoas não marcam horários para fazer exames? Também devem reservar uma hora para fazer atividade física” afirmou.
A médica afirmou que há relação entre obesidade e o risco de câncer, embora ainda não ficou constatado que não sejam fatores determinantes.
“A obesidade é um risco adicional. O mais importante é entender que muitos fatores contribuem para o desenvolvimento do câncer, e é fundamental estar atento à saúde geral”, ressaltou a especialista.
Mitos e verdades
O câncer de mama ainda gera dúvidas sobre o que é verdade e o que é mito a respeito da doença.
Menopausa? “Chip da beleza”? Genética? Amamentação? São muitas as informações difusas que levam a conclusões erradas sobre o câncer de mama. Reunimos aqui, com informações do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o que é verdadeiro e o que não é sobre a doença:
VERDADE: A menopausa é um processo natural que ocorre com todas as mulheres e equivale a ausência de menstruação em período de 1 ano. O período que precede a última menstruação onde podemos ter irregularidade menstrual é o climatério. No período da menopausa ao redor dos 50 anos, coincide com o aumento da incidência dos casos de câncer de mama. A primeira menstruação precoce (< 9 anos) e menopausa tardia (> 55 anos) são fatores considerados de risco.
Verdade: O uso da terapia de reposição hormonal, geralmente quando se associa o estrógeno e a progesterona ,acima de 5 anos, é considerada fator de risco para câncer de mama. Mas vale lembrar que não é fator causal, e se a reposição for necessária pelos sintomas oriundos da menopausa, a terapia hormonal deve ser indicada efetuando-se controle dos exames de imagem da mama.
Mito: Os chamados “chips da beleza” não são reconhecidos pelo Conselho federal de medicina, sendo seu uso regular não autorizado.
Mito: O tabagismo é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como agente carcinogênico para câncer de pulmão em humanos, portanto, cigarros e vapes – que contém nicotina e são vaporizadores – devem ser evitados como prevenção.
Mito: Estudos apontam que o uso a longo prazo de anticoncepcional oral pode aumentar o risco de câncer de mama. Porém este aumento de risco é muito pequeno quando comparado com pacientes que não usam o anticoncepcional oral Vale lembrar que anticoncepcional oral é uma forma de anticoncepção altamente eficaz e que seu uso também pode ser extremamente bem-vindo em condições como endometriose ou distúrbios hormonais. O seu uso não deve ser contraindicado, mas as pacientes devem ser informadas e discutir com seu médico qual a melhor forma de contracepção.
Verdade: Mutação genética germinativa (ou seja, genes que são transmitidos de geração em geração) correspondem à 10% dos casos de câncer de mama e aumentam de 50% a 80% o risco de desenvolver o câncer de mama durante a vida. O mapeamento genético pode ser importante aliado na prevenção e no tratamento em casos em que a história familiar de parentes com câncer de mama, ou mama e ovário ou outros tumores existem
A pesquisa da mutação germinativa geralmente é efetuada em quem é portador do câncer, importante a orientação do seu mastologista e do oncogeneticista.
Mito: Não há relação do uso de próteses mamária de silicone com o risco de desenvolvimento de câncer de mama.
Mito: Não há relação entre os sais de alumínio, presentes na formulação de alguns desodorantes, e o aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama. Nenhum estudo científico conseguiu estabelecer relação entre o uso desse produto e o risco de desenvolver a neoplasia. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que o produto é seguro e que não existe relação entre a substância e o desenvolvimento do tumor.
Verdade: A atividade física, quando praticada regularmente (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos), traz diversos benefícios a curto e longo prazo para qualquer pessoa. Para prevenir o câncer de mama as mulheres devem iniciar uma mudança de hábitos em sua rotina, como praticar atividade física regularmente, ingerir alimentos saudáveis e realizar os exames preventivos, como a mamografia.
Mito: Não há embasamento científico que relacione o uso de sutiãs apertados e o surgimento do câncer de mama.
Mito: A maioria dos nódulos na mama correspondem a lesões benignas . Os cistos estão presentes em 60 % das mulheres e para efetuar o diagnóstico diferencial entre o nódulo verdadeiro e cisto o ultrassom das mamas é importante. Achando um nódulo, consulte um médico.
Verdade: Uma das orientações do Ministério da Saúde para prevenção do câncer de mama é o aleitamento materno. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que o risco de desenvolver câncer de mama é cerca de 22% menor em mulheres que amamentaram.