São Paulo, 14 de dezembro de 2018– Sair de férias requer preparo e planejamento. No caso de pessoas com diabetes os cuidados vão mais além para que o índice glicêmico permaneça nos níveis ideais. É essencial que a medicação seja conservada de maneira adequada para não comprometer a efetividade do tratamento e o planejamento da viagem.
Devido à demora do processo de cicatrização nos casos de diabetes mal controlado, a atenção aos ferimentos deve ser redobrada. Os cuidados com os pés são fundamentais, principalmente, para os que já convivem com a doença há muitos anos ou têm a glicemia constantemente descontrolada. Usar calçados confortáveis e evitar andar descalço são medidas preventivas a serem adotadas.
Com a quebra da rotina os horários das refeições e o cardápio disponível sofrem alterações. Segundo Tarcila Ferraz de Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a alimentação saudável é indicada para pacientes com ou sem a doença, bem como a hidratação com bebidas que não impactam o controle glicêmico. “A preferência é por águas aromatizadas com rodelas de frutas (maçã, laranja, limão) ou com ervas e especiarias, como hortelã e canela em pau. Os picolés recomendados são a base de água e frutas, se possível sem adição de açúcar”.
A nutricionista alerta para o consumo exagerado da água de coco, devido à interferência na glicemia. Cada 240ml tem em média 10g de carboidrato, logo, não deve ser consumida de forma exagerada, em substituição à água natural. “A água de coco interfere nos valores de glicemia como se estivéssemos ingerindo uma fruta, portanto pode entrar no planejamento alimentar em substituição a um horário de fruta e não em substituição a água”, afirma a especialista.
Quanto à alimentação saudável, algumas recomendações podem ser seguidas para que o paciente possa fazer escolhas assertivas e mais saudáveis.
– Evite jejum prolongado;
– Inicie as refeições por saladas cruas;
– Enfeite os pratos com frutas (evitar as frutas em calda, pois são ricas em açúcar);
– Inclua cereais integrais;
– Substitua farofas por farofas de soja;
– Preferira preparações assadas, grelhadas e cozidas;
– Evite os molhos à base de maionese;
– Dê preferência às ervas finas como tempero;
– Evite excessos na escolha da sobremesa. Escolher um tipo;
– Evite o consumo de bebidas alcoólicas.
Em circunstâncias em que o viajante ficará um longo período sem comer, recomenda-se realizar um lanche rápido e saudável, como frutas e iogurte para evitar a hipoglicemia. Além dos medicamentos ministrados, a atividade física é uma aliada no controle glicêmico, sendo parte do tratamento e deve ser mantida mesmo quando a pessoa está longe de casa.
Em se tratando de medicações, aqueles com diabetes tipo 1, portanto dependentes de insulina, devem medir a glicemia cerca de quatro vezes ao dia. “Caso com a nova rotina o paciente descompense a glicemia, e seja usuário de insulina, pode haver necessidade de ajuste. Nas férias, as pessoas costumam se movimentar mais, apesar de se alimentar mais. Portanto, muitas vezes este ajuste não é necessário”, esclarece Dra Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Como armazenar a insulina
O armazenamento correto dos vidros de insulina durante o deslocamento é crucial para que o conteúdo não se torne ineficiente. “Por um período de até sete dias é permitido transportar em condições não-refrigeradas. Para tanto, devem ser seguidas recomendações médicas e nutricionais”, explica a endocrinologista, que também dá algumas dicas:
– Evite exposição dos frascos ao calor excessivo (acima de 40ºC), como no porta-luvas de carros;
– Use sempre veículo com isolamento térmico;
– Nunca exponha os frascos de insulina diretamente ao Sol;
– Sempre que possível, o transporte da medicação deve ser feito no período noturno, quando não há a exposição à luz solar;
– Não congele o produto;
– Não transporte a insulina com gelo seco;
– Se a insulina estiver em um carro, procure estacioná-lo na sombra;
– Em viagem de avião, não despache os frascos com a bagagem, pois a baixa temperatura do compartimento de cargas pode congelar a insulina. A medicação deve ser transportada junto com a bagagem de mão, dentro da aeronave;
– Coloque os frascos de insulina em bolsa térmica ou caixa de isopor;
– Caso não tenha bolsa térmica ou isopor, leve o frasco em bolsa comum junto a você.
Ao chegar no destino, deve-se armazenar os frascos de insulina na geladeira. Caso estejam lacrados, a recomendação é mantê-los entre 2ºC a 8ºC. Se estiverem sendo utilizados, na ausência de geladeiras, podem também ser mantidos em temperatura ambiente (de 15ºC a 30ºC) por, no máximo, um mês, em local fresco, sem incidência de luz e oscilações de temperatura, como próximo ao filtro de água. Mantidos dessa forma o consumo deve ser feito em até seis meses.
Para evitar exposições a temperaturas inferiores a 2ºC e consequente congelamento e perda de efeito, o local mais adequado para armazenar insulinas em geladeira doméstica são as prateleiras do meio para baixo do refrigerador, ou na gaveta de verduras. A porta da geladeira não é indicada, pois com as frequentes oscilações de temperaturas provocadas pela abertura constante do eletrodoméstico pode danificar a insulina. Se for aplicar a insulina, o indicado é retirá-la da geladeira com 15 a 30 minutos de antecedência para evitar o desconforto e irritação da pele.
O paciente com diabetes deve manter a rotina da ingestão dos medicamentos orais mesmo quando fizer viagens longas ou quando há diferença de fuso horário para evitar esquecimentos. Nestes casos, o que as especialistas recomendam é que o medicamento seja levado na bagagem de mão. Os pacientes diabéticos devem estar sempre vigilantes ao controle do índice glicêmico para desfrutarem de uma viagem tranquila.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fundado por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com atuação de referência em serviços de alta complexidade e ênfase nas especialidades de oncologia e doenças digestivas, a Instituição completou 121 anos em 2018. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 3.900 médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.
São Paulo, 11 de dezembro de 2018 – Peru, pernil, farofa, rabanada e doces, muitos doces. As ceias de Natal e Réveillon costumam ser cheias de “tentações”, principalmente, para quem está na luta para começar a adotar uma alimentação saudável. Alguns resolvem adiar o início de uma vida mais saudável para depois e outros preferem não se privar das delicias das ceias, mas segundo a nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Fernanda Maluhy, não é necessário passar vontade e ter preocupações exageradas no final de ano.
“É importante manter sempre um estilo de vida saudável. Na ceia pode provar de tudo um pouco, mas em quantidades moderadas. Isso não vai comprometer uma alimentação saudável e nem provocar mudanças no corpo de quem está tentando perder ou controlar peso”, explica a especialista.
O cuidado está em não usar como desculpa as datas festivas para prolongar por semanas os exageros com a comida. Para aqueles que não querem perder o controle e quem tem dificuldades para seguir uma dieta saudável, existem algumas alternativas para aproveitar o delicioso cardápio dessas celebrações de fim de ano.
De acordo com a especialista, durante as confraternizações é importante alimentar-se normalmente, mantendo a rotina alimentar. “Não adianta fazer jejum para comer em quantidades maiores apenas nessas ocasiões. Respeitar o seu organismo é muito importante para mantê-lo saudável”, diz. Para quem quer manter uma dieta leve e rica em nutrientes, as ceias de Natal e Ano Novo devem ser compostas de proteínas, como carnes, peixes e frango, legumes, verduras, saladas, oleaginosas e carboidratos com baixo índice glicêmico.
Iniciar a ceia pelas entradas, como saladas fartas com castanhas, queijos e proteínas, ajudam na questão da saciedade. Já o consumo de carboidratos refinados, inclusive as sobremesas, deve ser realizado com moderação.
Priorizar preparações caseiras, feitas com ingredientes naturais e temperos frescos e não industrializados ajudam muito a manter uma ceia nutritiva e saudável. Também é possível trocar as bebidas alcoólicas e refrigerantes por águas aromatizadas e sucos naturais. Para a sobremesa, a dica é uma só: comer em quantidades pequenas para provar de tudo um pouco e se possível começar pelas frutas.
A nutricionista reforça a importância de evitar o consumo de álcool. No entanto, se exagerou na bebida e bateu aquela ressaca, é essencial ter uma boa hidratação antes e durante as comemorações, consumir frutas ricas em sais minerais, verduras verde escuras, como a couve e o espinafre, que irão auxiliar no funcionamento do intestino, acelerando, assim, a desintoxicação do organismo.
Dicas para celíacos e intolerantes a lactose
Há algum tempo, pouco se falava em intolerância ou alergia alimentar. Porém, atualmente, todo mundo conhece alguma pessoa celíaca (alérgicos ao glúten, proteína do trigo) ou intolerante à lactose. Embora alguns casos sejam de predisposição genética, o desenvolvimento de diversos tipos de intolerância também pode estar associado ao alto consumo de alimentos processados e industrializados, pobres em nutrientes, alimentos geneticamente modificados.
O glúten está presente em alimentos derivados de farinha de trigo, como bolos e pães, macarrão, alguns doces, massas, biscoitos e até mesmo em bebidas, como cerveja e whisky. Já a lactose é o açúcar presente no leite e em seus derivados, como manteiga, queijo, creme de leite, leite condensado e iogurte.
Para os celíacos, a nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz indica a substituição da farinha de trigo na preparação de tortas, bolos, farofas e empanados, por outras, como a de aveia, fubá, mandioca, castanha ou amêndoas. O pudim, por exemplo, pode ganhar uma versão de tapioca. “Importante sempre ler o rótulo dos ingredientes, pois pode acontecer a contaminação cruzada durante processo de produção. Muitas pessoas não sabem que alguns alimentos podem conter glúten, como os tabletes de caldo de carne ou legumes, e temperos industrializados, que podem ser substituídos por opções naturais e mais saudáveis”, comenta.
Já para os intolerantes à lactose, atualmente, as gôndolas dos supermercados contam com versões de leites, manteigas, margarinas e queijos sem esse componente. Também existem os leites de coco, amêndoas e arroz que podem ser utilizadas no lugar do leite de vaca, comum em qualquer receita.
A especialista destaca que essas substituições são indicadas apenas para os celíacos e intolerantes à lactose. “Se não existe contraindicação médica, não tem porque retira-los da alimentação. Essas opções não são necessariamente mais saudáveis, apenas ajudam os intolerantes e alérgicos, que devem ter sempre acompanhamento de um especialista. Para os que não se encaixam nesse quadro, a palavra-chave é equilíbrio e moderação na alimentação”, completa Maluhy.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fundado por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com atuação de referência em serviços de alta complexidade e ênfase nas especialidades de oncologia e doenças digestivas, a Instituição completou 121 anos em 2018. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 3.900 médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.
Na era dos perfis fitness nas mídias sociais, das soluções de emagrecimento massificadas e do corpo perfeito como meta de vida, a intensa jornada pela boa forma pode levar a comportamentos extremos e pouco saudáveis. Especialistas defendem que o corpo ideal é aquele que está ao nosso alcance possível.
Por Débora Rubin fotos Marcos Pacheco
A cada verão, a história se repete: a vontade de entrar em forma faz com que os brasileiros tentem, no último minuto, reverter os maus hábitos de um ano inteiro. Dietas extremas, exercícios em dobro, suplementos e pílulas mágicas de emagrecimento entram na pauta do dia e anúncios com essas soluções milagrosas aparecem em todas as mídias. Quando o inverno chega, o plano de um ano da academia é deixado de lado e os quilos extras voltam. Muitos jogam a toalha. Para uma minoria, o gostinho da vida saudável torna-se um bom hábito. Para outros, pode se transformar em uma busca incessante e perigosa para a saúde. A jornalista e empreendedora Carolina Salgado, 37 anos, sabe o que é passar desse ponto e as consequências que a chamada corpolatria nome dado ao culto exagerado ao corpo pode trazer para toda a vida. Aos 19 anos, ela entrou em um ciclo obsessivo: queria ser magra e ter um corpo malhado. Passou, então, a tomar remédio para acelerar o metabolismo e a malhar todos os dias inclusive aos domingos de duas a cinco horas por dia.
Esse padrão de vida durou quase quatro anos. Do uso do estimulante, para dar energia e inibir o apetite, Carolina herdou crises de pânico. Do excesso de exercício, uma luxação na patela que a incomoda até hoje, 15 anos mais tarde. “Logo depois engravidei e fiquei muito tempo sem fazer exercício físico”, conta. “Voltei a treinar só após um longo período, mas tive que escolher atividades de menor impacto por causa do joelho.” Olhando para o passado com a devida distância, Carolina entende hoje que a obsessão com o corpo escondia diversas outras questões. Depois de viver com a mãe por toda a vida, ela tinha ido morar com pai, que era ausente. Para a jornalista, a solidão e a responsabilidade por si própria contribuíram para essa escolha. Naquele tempo, em que sua dieta era à base de barra de proteína e vitamina com leite desnatado, quando os resultados começaram a aparecer, ela continuava insatisfeita e seguia na malhação pesada. “Parecia que eu tinha sido abduzida”, recorda.
ESPELHOS DIGITAIS
Carolina viveu a paranoia em um tempo em que ainda não existiam as redes sociais. A TV e as revistas, no entanto, já cumpriam esse papel de manual do que as pessoas em especial as mulheres deveriam (ou ao menos deveriam querer) ser. Mas a situação piorou. “A internet democratizou a pressão pela busca do corpo perfeito”, diz a psicóloga Joana de Vilhena Novaes. Há mais de 20 anos pesquisando o tema, a professora da PUC-Rio, onde é coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza, explica que, com o Facebook e o Instagram, as pessoas passaram do papel de observadoras e admiradoras de celebridades para protagonistas. “Não se cobra mais que você siga a dieta da estrela da TV que saiu na capa da revista. Agora você tem que ser a estrela da sua rede e postar suas fotos fitness.” A massificação da exposição acirrou a necessidade de ser belo. O corpo, mais que nunca, tornou-se um capital, conceito usado por Joana. “A mensagem que fica é: só é feio quem quer ou você só é gordo porque não gerencia bem seu próprio corpo”, diz. “O que é bem perverso porque os corpos são muito diferentes entre si e, no caso da obesidade, por exemplo, os profissionais de saúde sabem que ela é multifatorial.” Quanto mais se cobra um corpo perfeito, mais a obesidade se torna uma epidemia um dos paradoxos dos tempos atuais. “Mais de 50% da população está com sobrepeso”, destaca a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A médica tem um hábito curioso: entrar em anúncios de remédios milagrosos e suspeitos nas redes sociais para ver quantas pessoas curtem e comentam. “É espantoso, vejo um monte de gente marcando outras pessoas”, conta. No dia a dia, em seu consultório, ela conta que recebe pacientes que também buscam soluções rápidas para emagrecer. A psicóloga Graça Maria de Carvalho Câmara, também do Hospital, sabe bem do que a Dra. Tarissa está falando. São anos lidando com pacientes que já tentaram de tudo e estão cansados da eterna pressão do verão: dietas da moda, remédios sem credibilidade, entre outros. “Fora o clássico: estou sem comer faz três dias e não emagreço”, diz a psicóloga. A busca pelo corpo perfeito, nas mãos de profissionais como Tarissa e Graça, vira a busca pelo corpo possível, com direito a escuta, acolhimento e ajuda no caminho do autoconhecimento. E vale anotar: a dobradinha clássica alimentação saudável e atividade física segue sendo imbatível.
BELEZA NA PONTA DA FACA
O Brasil é conhecido como o segundo país que mais faz intervenções cirúrgicas estéticas no corpo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2018, aponta um crescimento de 8% em cirurgias estéticas e de 390% em técnicas menos invasivas, como aplicação de toxina botulínica o famoso botox e preenchimentos de modo geral. Esses últimos representam quase a metade dos procedimentos. As mulheres são a maioria desse público. Viviane Angélica Mol, 31 anos, analista de seguros, é uma das brasileiras que optaram por, usando o jargão popular, entrar na faca. Frustrada por não conseguir perder a barriga, fruto de duas gestações, com dieta e academia, decidiu encarar a abdominoplastia e sonhava, em seguida, com uma lipoaspiração. Com 1,58 metro e 62 quilos, ela não tinha com o que se preocupar o IMC (índice de massa corporal) estava dentro do considerado saudável e não havia outros problemas de saúde como colesterol alto ou diabetes.
Era uma questão puramente estética, mas mexia com a autoestima e Viviane achou que era hora de encarar a cirurgia. “O médico acabou me convencendo a fazer ‘dois em um’ e mexer também no seio por um bom preço”, conta ela. O resultado agradou, mas trouxe outras questões. “Tenho sentimentos conflitantes: por um lado, fiquei feliz de me ver livre da barriga, por outro, olho para a cicatriz e sinto que tirei uma parte da minha história, da pós-gravidez”, diz. Isso sem contar os efeitos colaterais: ela ganhou um inchaço incômodo que ainda está sendo investigado e o peso, ao contrário de baixar, subiu mais três números no ponteiro da balança. Viviane ia fazer a lipoaspiração, mas desistiu. Segue na reeducação alimentar e na academia todos os dias. “A cirurgia plástica não é algo simples, deve ser pensada com calma e muito conversada com o profissional que fará o procedimento”, recomenda o Dr. Carlos Alberto Komatsu, cirurgião plástico que atende no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Todo o cuidado se justifica: o paciente precisa estar ciente dos riscos e da real necessidade da cirurgia ainda que seja para elevar a autoestima, o que não é pouca coisa. “Se algo está incomodando e impedindo a pessoa de viver sua plenitude, a cirurgia pode ser simples, mas causa um efeito enorme na vida dela”, defende o Dr. Komatsu.
FELIZ CORPO NOVO
Cada corpo é único, e é esse o olhar da Dra. Tarissa e da psicóloga Graça no Centro Especializado em Obesidade e Diabetes. Mas alguns balizadores são fundamentais na análise médica. “Sobrepeso, colesterol e diabetes são indícios que precisam ser avaliados com muita atenção”, diz a endocrinologista. “No entanto, há muita gente com sobrepeso que está com a saúde boa. Nesses casos, vale olhar como a gordura está distribuída pelo corpo porque é a visceral, a do abdômen, a que mais preocupa.” A maior parte dos pacientes atendidos no Centro tem entre 35 e 60 anos, mas um público crescente desperta a atenção das profissionais: os adolescentes. Com o corpo ainda em formação, correm mais riscos quando tomam pílulas com substâncias desconhecidas, hormônios, e fazem treinos forçados. “Hormônios podem fazer o eixo hormonal parar de funcionar, e o corpo entende que não é preciso mais fabricá-los. No caso dos homens, por exemplo, pode acontecer de parar de produzir testosterona e passar a fabricar estrogênio, desenvolvendo mamas”, explica a Dra. Tarissa. Para Graça, é muito importante, ao longo do processo terapêutico, entender o momento de aceitação de si próprio e os limites que cada um tem. Para isso, ela trabalha com etapas, tarefas, mudanças gradativas e muita paciência. “Não falamos em quilos, mas em montagem de prato, em escolhas, no prazer da atividade física e nas pequenas mudanças de hábito.” É um processo de desconstrução de que o corpo magro é o único saudável, e que a perda de peso gradual já pode promover muito mais qualidade de vida. Emagrecer traz bem-estar, energia e ajuda a reduzir as doenças associadas. Não há nada de errado em tentar ser uma pessoa mais saudável, o problema é quando saúde vira sinônimo de beleza. “Ao fundir os dois conceitos, temos uma série de problemas, entre eles o fato de que os próprios indicadores do que é saudável mudam. Quarenta anos atrás, uma pessoa com hábitos muito obsessivos poderia ser diagnosticada com algum tipo de transtorno de ordem psíquica. Hoje, ela é considerada um modelo a ser seguido”, explica a psicóloga Joana, da PUC-Rio. Toda essa pressão pesa muitas toneladas a mais nas costas das mulheres são elas as principais consumidoras de dietas milagrosas, de revistas com dicas fitness e das cirurgias. Isso porque, segundo Joana, a beleza faz parte da questão identitária social da mulher: ser bela é um atributo. Claro, os homens não estão livres dos julgamentos sociais e muitos sobem na esteira literalmente da eterna busca pelo corpão. Mas, sem dúvida, a cobrança que eles sofrem é bem menor.
O consultor de TI Pedro Bressan, 30 anos, conta que sua vontade de ter uma vida mais saudável e se livrar de uma incômoda barriguinha veio de dentro, e não da pressão externa para ser magro e forte. “Não cheguei a ficar gordo, mas senti que estava barrigudo e sem energia para jogar bola”, diz ele, que criou uma rotina de atividade física e dieta balanceada aos 20 e poucos anos quando percebeu que estava se deixando levar pela sedentária e baladeira vida universitária. Praticante de crossfit, tênis, pilates e escaladas eventuais nos fins de semana, Pedro fez de tudo um pouco até achar os exercícios ideais. No início da transformação, consultou uma nutricionista que realizou o sonho de toda a vida de sua mãe: ensinou-o a comer salada. Hoje, ele leva marmita para o trabalho, reduziu o consumo de álcool, mas não abre mão da vida social. “Deixo para fazer um almoço ou jantar mais exagerado quando vou sair, encontrar amigos.” Foi fácil? “Não, em especial a parte da alimentação, mas, quando vira hábito, é difícil mudar”, diz ele, que não almeja virar o marombeiro da academia, mas também não quer mais ser o primeiro a se cansar na pelada com os amigos. Nada como seguir o caminho do equilíbrio.
QUANDO O EXCESSO DE SAÚDE VIRA DOENÇA
A obsessão por só se alimentar de forma saudável o tempo todo tem nome: ortorexia. E pode virar uma doença quando começa a comprometer a vida social e, principalmente, a saúde: a pessoa prefere não comer a consumir algo que não considera saudável. Isso pode levar a uma deficiência de nutrientes e, em consequência, à anemia e a doenças mais graves.
AS REGRAS DO CORPO SAUDÁVEL
Ter uma alimentação balanceada a maior parte do tempo, ou seja, a que inclui um equilíbrio de proteína, carboidrato e todos os nutrientes necessário
Dizer não ao sedentarismo: não passar muitas horas sentado e praticar atividade física são fundamentais para manter o peso dentro do ideal e a energia em dia
Conhecer bem o próprio corpo: entender que os biotipos são diferentes e que nem todo mundo vai ser magro ou forte é importante para evitar frustrações com dietas e exercícios
Conhecer bem a si mesmo: às vezes não é o corpo que é o problema, mas outras questões psicológicas que foram negligenciadas
Cultivar uma rotina equilibrada: dormir bem, ter atividades de lazer e não se martirizar quando quebrar a dieta ou faltar à academia
São Paulo, 9 de novembro de 2018 – De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), o diabetes melitus tipo 2 atinge 425 milhões de pessoas pelo mundo. O Brasil ocupa o 4º lugar dentre os países com maior número de incidência da doença, com estimativa de 14 milhões. Nos últimos anos, novos medicamentos surgiram e ampliaram as opções para o tratamento desta enfermidade.
Entre os fármacos que podem ajudar no tratamento da doença estão os análogos do hormônio GLP-1 e os inibidores da SGLT-2, além de uma nova geração de insulinas. “Mesmo com essas novas associações de medicações e insulinas é fundamental que o paciente siga o tratamento. A adesão não é fácil”, explica o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O diabetes tipo 2 é a principal causa de novos casos de cegueira, derrames cerebrais, infarto do miocárdio, amputações de membros, insuficiência renal e transplante renal no mundo. “O que pode levar o paciente a morte não é a descompensação da glicose no sangue, mas sim suas complicações”.
Como agem os novos medicamentos?
Os fármacos análogos do hormônio GLP-1, – são injetáveis e fazem com que a medicação aja em receptores do organismo, melhorando a produção de insulina. Aumentam a saciedade, ajudam no controle da pressão arterial e melhora a esteatose hepática. Uma destas drogas, a liraglutida, já se mostrou eficaz na diminuição da mortalidade por eventos cardiovasculares. A liraglutida é a única aprovada para tratar também a obesidade.
Outro grupo de novos fármacos são os inibidores da SGLT-2, que aumentam a eliminação da glicose pela urina, melhoram o controle glicêmico e favorecem a perda de peso, além de reduzir o risco cardiovascular. As medicações são em comprimidos.
A combinação de insulina e análogos de GLP-1 na mesma injeção (caneta), é uma ferramenta terapêutica também recentemente disponível. A vantagem destas medicações, além da comodidade da aplicação conjunta, é o melhor controle da glicemia antes e após as refeições. Por ter doses menores de insulina, diminuem a chance de ganho peso, efeito colateral indesejado.
Uma nova geração de insulinas também tem melhorado a posologia para os pacientes. Elas têm ação ‘ultralenta’. Portanto, reduzem as chances de hipoglicemia, com efeito de 24 horas ou mais. Enquanto as mais ‘antigas’ tem menor duração.
E quando o tratamento clínico não dá certo?
A adesão ao tratamento é fator fundamental para seu sucesso. De acordo com diversas pesquisas, seguir o tratamento à risca é uma dificuldade de pacientes de doenças crônicas, como o diabetes. “Cerca de 70% dos portadores de diabetes tem dificuldades em tomar medicações e manter o estilo de vida saudável”, afirma Dr. Ricardo Cohen. Contar com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por endocrinologistas, nefrologistas, cardiologistas, nutricionistas, cirurgiões, e psicólogos e/ou psiquiatras também são peças chave no controle da doença.
Quando o tratamento clínico não consegue controlar adequadamente o diabetes, uma opção é a cirurgia metabólica. Atualmente no Brasil, o procedimento é autorizado em casos de IMC acima de 30 kg/m², desde que o diabetes não esteja controlado com o melhor tratamento clínico disponível. Após a cirurgia, o índice de remissão da doença chega de 70 a 80% dos casos, com suspensão ou diminuição da medicação.
O objetivo da cirurgia é controlar o diabetes e outros componentes da síndrome metabólica, como hipertensão e lípides (colesterol e triglicérides), através de mecanismos que independem da perda de peso, chamados de efeitos antidiabéticos diretos da cirurgia. “A perda de peso consequente é bem-vinda e melhora ainda mais os benefícios a longo prazo”, completa o especialista.
O que é o Diabetes?
O Diabetes Mellitus tipo 2 tem origem na resistência insulínica, que acontece quando o organismo não consegue mais usar adequadamente a insulina, hormônio que controla a taxa de glicemia nas células, sobrecarregando o pâncreas. Ao longo do tempo, as células produtoras de insulina vão sofrendo ‘morte celular’, até que o pâncreas não consegue dar conta de produzir o hormônio em quantidade suficiente e a glicemia sobe.
Já o Diabetes tipo 1, geralmente é diagnosticado na infância ou na adolescência e acontece quando o sistema imunológico ataca as células do pâncreas, comprometendo a liberação da insulina e aumentando assim os níveis de glicose no sangue.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fundado por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com atuação de referência em serviços de alta complexidade e ênfase nas especialidades de oncologia e doenças digestivas, a Instituição completou 121 anos em 2018. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 3.900 médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.
O Congresso da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade & Distúrbios Metabólicos (IFSO) reúne os maiores especialistas em obesidade e diabetes em Dubai
São Paulo, 03 de setembro de 2018 – Entre os dias 26 e 29 de setembro, o Coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz irá conduzir aulas e palestras no 23º Congresso Mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade & Distúrbios Metabólicos (IFSO), na sigla em inglês, International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders). O encontro anual que reúne os maiores especialistas mundiais em obesidade e diabetes acontece Dubai, nos Emirados Árabes.
Os impactos econômicos da cirurgia bariátrica, Bypass gástrico, registros bariátricos e avaliação, pelo método Patient Related Outcome Measures (PROMS), são alguns dos temas que serão abordados nas aulas do Dr. Ricardo Cohen, médico é líder em pesquisas pioneiras, que comprovam a eficácia da cirurgia gastrointestinal para tratar diabetes tipo 2 em pacientes que não sofrem de obesidade mórbida.
A programação completa do evento pode ser acessada no link http://ifso.co/
Sobre o Dr. Ricardo Cohen
Graduado em Medicina em 1984 e doutor em Medicina (Clínica Cirúrgica) pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente, é coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (2011-2012). Presidente do 21º Congresso Mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas (IFSO, na sigla em inglês) que aconteceu em setembro de 2016 no Rio de Janeiro.
Sua área de atuação é principalmente nos seguintes temas: diabetes mellitus tipo 2 e cirurgias bariátrica e metabólica. É membro do Comitê Executivo da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade (IFSO), membro honorário da Sociedade Espanhola de Cirurgia da Obesidade e foi apontado pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (American Society for Metabolic and Bariatric Surgery)
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fundado por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com atuação de referência em serviços de alta complexidade e ênfase nas especialidades de Oncologia e Doenças Digestivas, a Instituição completou 120 anos em 2017. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 3.900 médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.
Estima-se que 46% das pessoas com diabetes nem sequer imaginam que convivem com a doença, que só cresce em todo o mundo. Sem tratamento, pode causar danos irreversíveis. Descoberta no início e com acompanhamento adequado, pode ser controlada. Entenda como está o cenário do diabetes hoje no brasil e lá fora e as novas perspectivas da medicina em tratamento e prevenção
É comum, em encontros de família, ouvir comentários sobre a saúde dos mais próximos. É o primo diagnosticado recentemente com diabetes ou a cunhada que acordou com “a vista embaçada”, foi ao médico e descobriu que a glicemia estava alta. Situações que, cada vez mais recorrentes, preocupam os profissionais da saúde. “O crescimento da incidência do diabetes e da obesidade configura uma epidemia de grandes proporções”, alerta o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A previsão da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, em 2030, 438,7 milhões de pessoas terão a doença. Nos dias atuais, 422 milhões convivem com o diabetes – destes, 14 milhões são brasileiros.
É o equivalente a 6,9% da população brasileira, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. O dado é do Censo de 2013, o que significa que esse número hoje é ainda maior. “Tais informações ganham dimensão ainda mais alarmante se considerarmos que quase 50% desses indivíduos não sabem que têm a doença”, diz a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do Hospital. “Significa que apenas metade dos pacientes foi diagnosticada e pode ser tratada. Nos outros, o problema avança silencioso.” Fora de controle, a doença é a principal causa de cegueira, derrame cerebral, infarto do miocárdio, amputações de membros, insuficiência renal e transplante renal no mundo. No Brasil, o número de mortes associado às suas complicações cresceu 12% entre 2010 e 2016. No período, foram 406 mil mortes relacionadas à doença, segundo o Ministério da Saúde.
ENTENDENDO O DIABETES
Na prática, falta informação. Pouca gente sabe que o diabetes evolui lentamente até instaurar um caos metabólico no corpo. Aliás, a questão é anterior – pouca gente sabe com precisão o que é a doença. “O diabetes mellitus é uma doença crônica e progressiva caracterizada pelo excesso de glicose no sangue”, explica o Dr. Cohen, responsável por vários estudos científicos que modificaram o manejo de pacientes com obesidade e diabetes no Brasil.
Basicamente, existem dois tipos de diabetes. O tipo 1, de origem autoimune, em que o corpo é incapaz de fabricar insulina. Isso obriga à reposição do hormônio. Cerca de 10% dos diabéticos estão nesse grupo.
Já o diabetes tipo 2 está, em geral, associado ao estilo de vida, principalmente à obesidade, e é o mais comum, acometendo cerca de 90% dos pacientes com a doença. “O diabetes tipo 2 está associado ao aumento da gordura visceral ou abdominal. Essa gordura produz substâncias inflamatórias que levam a um aumento da resistência à ação da insulina nas células”, pontua o Dr. Cohen. A insulina é fundamental para a glicose circulante no sangue entrar nas células, onde será transformada em energia. “Por causa da resistência à insulina, o organismo precisa fabricar uma quantidade cada vez maior desse hormônio, gerando um processo lento de morte das células que o produzem no pâncreas”, explica o médico.
Expansão rápida
Em 1980, 108 MILHÕES de pessoas no mundo tinham diabetes
Em 2014, estimavam-se 422 MILHÕES de pessoas com a doença
Em 2030, a estimativa é de que o número de diabéticos tenha aumentado em mais de 50%
Fonte: OMS
A epidemia no Brasil
Em 2006, a doença acometia 5,5% da população total. Em 2016, segundo estimativas, passou a fazer parte da vida de 8,9% dos brasileiros.
Entre 2006 e 2017, o número de homens diagnosticados com a doença cresceu 54%. No mesmo período, o diabetes cresceu 28,5% entre as mulheres. No entanto, há mais mulheres com a doença do que homens.
Fonte: Vigitel/MS
NOVAS DESCOBERTAS
Nos últimos anos, a revolução digital que está transformando o mundo contribuiu também para melhorar o acompanhamento do diabetes. Um dos avanços mais interessantes para facilitar a vida do paciente é o sensor subcutâneo para monitoramento da glicemia, lançado há cerca de dois anos. ”É um sensor que fica colado no braço por cerca de 15 dias seguidos, diminuindo a necessidade de picar as pontas dos dedos”, descreve a Dra. Tarissa. Pesquisas recentes mostram que o dispositivo colabora para a estabilização da glicemia em níveis adequados e ajuda a prevenir as oscilações de glicemia (como a hipo e a hiperglicemia), diminuindo o risco de complicações. Estão em desenvolvimento, ainda, lentes de contato para medir a glicemia continuamente e sensores subcutâneos com duração prevista de 12 meses.
Mais uma novidade foi o lançamento de uma bomba de infusão de insulina para pessoas com diabetes tipo 1, conectada a um sensor que mede a glicose no subcutâneo e envia o resultado diretamente para o dispositivo. A bomba monitora a evolução da glicose para calcular a infusão de insulina no intervalo entre as refeições e suspende a infusão de insulina ao detectar risco de hipoglicemia.
Os aplicativos para smartphones também têm sido um grande aliado na luta contra a doença: passa de mil o número de apps disponíveis para diabéticos. Boa parte se destina ao gerenciamento do diabetes e à adesão dos pacientes às intervenções propostas pelo médico. Muitos outros trazem dietas, receitas, programas de exercícios e educação sobre a doença. “A tecnologia digital pode colaborar muito para o controle do diabetes se o paciente fizer o acompanhamento com um especialista”, esclarece a endocrinologista.
A última década tem sido rica em avanços também no setor farmacológico. Foram desenvolvidas novas drogas, como um grupo de substâncias que imitam o hormônio GLP-1, produzido naturalmente pelo intestino delgado quando a comida passa por ele. Ministrados por meio de injeções subcutâneas, os remédios dessa categoria, como a liraglutida e a dulaglutida, desencadeiam uma série de efeitos no organismo que ajudam a controlar o diabetes e a enfrentar a obesidade – estimulam o pâncreas a produzir mais insulina, tornam mais lento o esvaziamento do estômago e aumentam a sensação de saciedade. Uma nova versão desses medicamentos, com duração semanal (a semaglutida), deve ser lançada no Brasil em breve. E aguarda-se, para um futuro próximo, a liberação do primeiro medicamento desse grupo por via oral.
Outra classe de remédios que tem colaborado com o controle glicêmico, segundo os médicos, é a dos inibidores da enzima SGLT2. As substâncias desse grupo, na forma de comprimidos, têm nomes como empagliflozina e canagliflozina. Seu principal efeito é aumentar a excreção da glicose na urina, o que melhora o controle do diabetes e favorece a perda de peso, mesmo que modesta. “Ambas as classes de drogas demonstraram diminuição da mortalidade secundária a eventos cardiovasculares”, atesta o Dr. Cohen.
“O trabalho conjunto de especialistas de diferentes áreas eleva muito as chances de sucesso do paciente no manejo da doença”
Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
A VÁRIAS MÃOS
Estratégias de controle que combinam medicamentos orais e injetáveis, mudanças no estilo de vida e a importância do cuidado multidisciplinar foram os temas mais frequentes durante o 78º Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA), o maior encontro mundial sobre o tema, realizado no final de junho em Orlando, nos Estados Unidos. Na prática, a abordagem multidisciplinar é uma aliada fundamental na batalha contra o diabetes e também contra a obesidade. “O trabalho conjunto de endocrinologistas, cardiologistas, nefrologistas, nutricionistas, enfermeiras, psicólogos, psiquiatras e cirurgiões eleva muito as chances de sucesso do paciente no manejo da doença”, enfatiza o Dr. Cohen. Também se fala em ampliar as categorias do diabetes para aprimorar o diagnóstico e em personalizar a prescrição. “Hoje, sabemos que a doença se apresenta de modo particular em cada um e a resposta aos medicamentos varia bastante entre pacientes com o mesmo tipo de diabetes”, observa a nutricionista Thaís Sarian, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Tão importante quanto a atenção multidisciplinar é a adesão do paciente ao tratamento. “Não existe milagre. As pessoas têm que mudar os hábitos. Cada um deve buscar entender por que sabota a dieta, quais são seus erros, o impacto que isso tem no controle glicêmico”, orienta a nutricionista Tarcila Ferraz de Campos, também do Hospital, alertando sobre a importância de manter o autocuidado. Afinal, não adianta se medicar corretamente, se exercitar e sair da dieta. O mesmo vale para quem pratica atividades físicas e cuida da alimentação, mas esquece de tomar os remédios. O esforço se perde.
O empresário Rogério Raso, 65 anos, de São Paulo, está entre os pacientes que conseguiram ajustar a rotina para enfrentar a doença, revelada há 15 anos durante um check-up anual. Ele modificou a alimentação, aderiu a um plano semanal de atividade física e ao uso correto de medicamentos. “Hoje, minha saúde é muito melhor. Baixei a glicemia e voltei às corridas de rua incentivado pelos especialistas”, relata o empresário, que sabe que não pode relaxar a vigilância. “A cada seis meses, vou à endocrinologista e à cardiologista, faço exames, tomo todos os remédios. Também sigo um rígido controle alimentar, com o apoio da família.”
Coma certo
A nutricionista Thaís Sarian, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, listou dicas importantes para controlar a dieta e prevenir o diabetes. Anote:
Dieta com muita restrição de carboidrato não funciona a longo prazo. É mais adequado aprender quais são os melhores alimentos para manter a glicemia nos eixos. Para orientações individualizadas, procure sempre um nutricionista.
Atenção na hora de comprar alimentos diet ou light. O iogurte light, por exemplo, tem menos gordura, porém algumas marcas podem conter bastante açúcar. Isso confunde o consumidor que precisa controlar a ingestão de calorias e carboidratos. Na dúvida, sempre confira o rótulo.
Embutidos como o peito de peru têm muitos aditivos químicos e sal. Isso faz diferença no equilíbrio alimentar a longo prazo. Troque por frango desfiado ou atum em lata.
Alimentos processados com alta durabilidade fora da geladeira têm muitos conservantes e podem conter bastante açúcar. Evite bolos prontos, sucos de caixinha e biscoitos.
Pães integrais ou tapiocas recheadas com uma proteína, por exemplo, tornam mais lenta a elevação da glicemia. Equilibre o consumo de carboidrato com o de proteína.
OUTROS CAMINHOS CONTRA O DIABETES
Quando as medidas clínicas não produzem o efeito necessário, entram em cena as soluções cirúrgicas. Foi o que aconteceu com o analista de sistemas Antônio Carlos de Oliveira Silva, 52 anos, de São Paulo. “Minha batalha começou dois anos antes de ser operado, em 2013, quando tive uma paralisia facial e os médicos disseram que havia 90% de chance de o problema estar associado ao diabetes”, conta ele, que, já tomando insulina e outros remédios, não conseguia fazer os ponteiros da balança saírem dos 118 quilos. Um dia, ouviu no rádio sobre a cirurgia do diabetes e resolveu marcar consulta com um especialista.
Em 2015, por indicação médica, Antônio Carlos foi submetido a uma cirurgia metabólica, realizada pelo método conhecido por bypass gástrico ou gastroplastia em Y de Roux. Como o objetivo central dessa intervenção é controlar o diabetes, pode ser feita em pessoas com índice de massa corpórea (IMC)* a partir de 30, desde que o paciente não responda ao tratamento clínico e tenha diabetes tipo 2 não controlado. A operação consiste em desviar a primeira porção do intestino delgado e diminuir parcialmente o estômago. Esse procedimento não tem objetivos de restrição mecânica para a ingestão de alimentos, sua intenção é desencadear mudanças metabólicas, como a liberação de hormônios que, por sua vez, aumentam a liberação de insulina, aumentar a saciedade e ativar mecanismos que “avisam” o fígado para produzir menos glicose. Outros efeitos benéficos são a melhora da composição da flora intestinal e da circulação da bile (fluido fabricado no fígado que atua na emulsificação das gorduras). Tudo isso promove um cenário metabólico favorável ao manejo do diabetes. A perda de peso é também importante, mas considerada um efeito secundário da cirurgia metabólica. “Minha vida mudou completamente. Eliminei 35 quilos, tenho energia, não tomo mais remédios e já corri três meias maratonas”, conta Antônio Carlos, que hoje dá atenção redobrada à alimentação e aos exercícios. “Para manter os resultados e não recuperar o peso, não se pode baixar a guarda”, ensina.
Com técnicas operatórias semelhantes à da cirurgia metabólica, a bariátrica é direcionada à perda de peso e controle das doenças associadas, como hérnia de disco, refluxo gastroesofágico, apneia do sono, entre mais de 20 patologias. Podem fazer a bariátrica pessoas com IMC acima de 35 e que já tenham uma dessas doenças ou com IMC acima de 40, ambos os casos com falha de tratamento clínico. Os principais ganhos são a perda de peso, a melhora da qualidade e da expectativa de vida. Foi o caso de Nilzete Francisca Barreto Santana, 45 anos. Com 1,54 cm de altura, ela pesava 93 quilos e, apesar de tentativas anteriores, não conseguia diminuir o peso e já apresentava doenças como pré-diabetes, esteatose hepática e refluxo gastroesofágico. A ajuda veio pelas mãos do marido, o analista de telefonia Reginaldo, que marcou consulta com a nutricionista do time que o atendia para controlar o colesterol, que estava acima de 230 mg/dl. “Após recomendação médica, optei pela cirurgia e não me arrependo”, conta, um ano mais tarde. “Me sinto menos ansiosa no dia a dia e não tenho mais a fome de antes. A autoestima melhorou e pude realizar um sonho antigo, que era treinar corrida ao lado do meu marido e participar de uma maratona.”
“Para manter os resultados e não recuperar o peso, não se pode baixar a guarda”
ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA SILVA
O analista de sistemas foi submetido à cirurgia metabólica; perdeu 35 quilos, adotou um estilo de vida mais saudável e ativo e parou de tomar medicamentos
Diagnóstico correto
Detectar a doença e seu estágio é simples – e fundamental para chegar ao tratamento adequado O diabetes pode ser diagnosticado por meio de exames de sangue que avaliam a concentração de glicose no sangue. Um deles é a glicemia de jejum.
O outro é a hemoglobina glicada. Conheça os valores de referência:
LIVRE DE DIABETES
Quando a glicemia de jejum estiver abaixo de 100 mg/dL ou a hemoglobina glicada for menor do que 5,7%, os resultados são considerados normais. A avaliação pode ser repetida a cada um ou dois anos. PRÉ-DIABETES Quando a glicemia de jejum estiver entre 100 e 125 mg/dL, o paciente já é considerado prédiabético. Os valores da hemoglobina glicada ficam entre 5,7% e 6,4%. É uma fase assintomática em que os valores estão acima do normal e abaixo do corte de diagnóstico do diabetes propriamente dito. Hoje, o pré-diabetes já é considerado uma doença, com prescrição de dieta, exercícios físicos e medicamentos. Estudos populacionais mostram que 5% a 10% dos indivíduos pré-diabéticos se convertem em diabéticos a cada ano. O risco de diabetes para quem tem pré-diabetes é cinco vezes maior do que para as pessoas que possuem glicemia de jejum normal.
DIABETES
O indivíduo pode ser considerado diabético quando o resultado do exame de sangue colhido pela manhã, em jejum, apontar níveis de glicemia iguais ou maiores do que 126 mg/dL. Nesse caso, o diagnóstico precisa ser confirmado pela repetição do teste em outro dia.
Também são consideradas diabéticas as pessoas com glicemia igual ou superior a 200 mg/dL em qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições.
O teste de hemoglobina glicada revela os níveis médios de glicose no sangue durante os dois ou três meses anteriores, que é o tempo de vida dos glóbulos vermelhos (a hemoglobina). O diabetes é diagnosticado quando a hemoglobina glicada atinge a porcentagem de 6,5%.
ANTES QUE TUDO ACONTEÇA
Além do foco no diagnóstico precoce e, consequentemente, no controle da doença, outra preocupação dos especialistas no caso de diabetes tipo 2 é a prevenção. “O ideal é impedir que a doença se instale”, diz a nutricionista Thaís. Nesse sentido, além de tentar estabelecer um estilo de vida saudável, a recomendação é que todas as pessoas com mais de 40 anos e aquelas que estão acima do peso, têm hipertensão ou histórico familiar de diabetes façam exames de sangue para medir a glicemia regularmente. Graças ao aumento do número de pessoas que têm feito exames para avaliar a glicemia, os pesquisadores notaram um contingente muito grande de pessoas em situação de pré-diabetes, fase já caracterizada como uma doença, mas ainda reversível (saiba mais no quadro ao lado).
Logo no início, quando o organismo começa a desenhar as variações que resultarão no diabetes, ainda dá para superar a ameaça. “Nessa fase, é possível controlar adequadamente o quadro com dieta, medicamentos e pelo menos 150 minutos de exercícios semanais. Reduzir 5% a 10% do peso já tem efetividade na prevenção do diabetes”, ensina a nutricionista Tarcila. Depois que se manifesta, o diabetes tem apenas controle e pode haver remissão completa, mas ainda não há cura. “Quando a gente é mais jovem, não leva o risco muito a sério. Precisamos repensar o modo como cuidamos da saúde e investir conscientemente na prevenção”, diz o analista de sistemas Antônio Carlos de Oliveira Silva. Fica a dica!
“Optei pela cirurgia e não me arrependo. Meus filhos acham que estou menos ansiosa e minha autoestima aumentou”
NILZETE FRANCISCA BARRETO SANTANA Incentivada pelo marido, Reginaldo (ao lado dela na foto), realizou a cirurgia bariátrica
Previna-se
Quem apresenta taxas de hemoglobina glicada compatíveis com pré-diabetes ou diabetes deve investir em uma dieta balanceada, com poucos carboidratos, exercícios três vezes por semana e medicação, caso orientado pelo especialista
A redução entre 5% e 10% do peso total pode ter grande impacto nas taxas de glicemia
Fazer 150 minutos de exercícios por semana é eficiente na prevenção do diabetes
O consumo de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura tem tornado a população brasileira cada vez mais doente; a solução passa longe dos regimes milagrosos e está mais próxima à dieta dos nossos avós
O que comer? Comida.” Em tradução livre, é assim que o jornalista americano Michael Pollan abre o primeiro capítulo do seu livro Regras da Comida (Intrínseca, 2010). A réplica aparentemente óbvia chega a ser inovadora em tempos nos quais há tantas opções em prateleiras de supermercados, restaurantes e franquias de fast food, mas pouquíssimas, de fato, alimentam. Pollan, que é famoso por sua abordagem direta sobre alimentação, prega o retorno ao que sempre foi considerado comida, em detrimento das invenções da indústria alimentícia. Ou, como ele mesmo diz, “não coma nada que sua avó não reconheceria como comida”.
Se, por um lado, é inegável que os alimentos processados tornaram disponíveis alguns nutrientes essenciais em tempos de desnutrição – da Suíça de meados do século 19 ao Brasil de poucas décadas atrás –, por outro, em grande parte graças aos cereais enlatados, biscoitos e bebidas gaseificadas cheias de açúcar, fizeram a população brasileira migrar da subnutrição diretamente para a obesidade. A taxa quase dobrou na última década: estamos falando de 20% da população. Os que estão com sobrepeso, estágio anterior à obesidade, são 58%, quase o triplo dos anos 2000. A cada ano, 300 mil pessoas são diagnosticadas com diabetes tipo II, uma das doenças relacionadas à obesidade. “A disponibilidade de alimentos altamente calóricos e pobres em nutrientes está gerando um novo tipo de desnutrição, caracterizada por um número cada vez maior de pessoas com sobrepeso que, ao mesmo tempo, têm uma nutrição precária”, constatou uma recente reportagem especial do The New York Times sobre como o alto consumo de alimentos processados vem afetando a saúde da população de baixa renda no Brasil, que até pouco tempo atrás não tinha acesso a eles. E o problema não é apenas social. As classes mais favorecidas que, em tese, têm acesso a mais informação são bombardeadas o tempo todo com novas dietas, alimentos milagrosos e tendências alimentares restritivas como, por exemplo, eliminar o glúten do menu sem recomendação médica.
No meio de todo esse turbilhão, especialistas, assim como Pollan, incentivam um retorno às origens. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, cuja segunda edição foi lançada em 2014 pelo Ministério da Saúde, alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, devem ser a base da alimentação. Elaborada por especialistas do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens – USP), a publicação traz informações baseadas nas pesquisas mais recentes sobre o assunto.
“Alimentos in natura ou minimamente processados, predominantemente de origem vegetal, devem ser a base da alimentação”
Guia Alimentar para a População Brasileira
AÇÚCAR E GORDURA: AMOR E ÓDIO
O açúcar talvez seja o alimento mais amado na história da humanidade e o com pior fama nas últimas décadas. Desde que os europeus começaram a ocupar as Américas com o plantio de cana, seu consumo só aumenta. Hoje, um brasileiro consome em média 55 quilos de açúcar por ano, enquanto, há pouco menos de um século, essa marca era de 15 quilos. A porção atual equivale a 32,6 colheres de chá de açúcar por dia – 60% disso está embutido nos alimentos industrializados. Vinte gramas de leite condensado, por exemplo, têm duas colheres de chá de açúcar; um copo de refrigerante de cola, quatro colheres e meia; a mesma quantidade de suco de néctar de uva, seis colheres. Um dos perigos desse alto consumo é que o açúcar refinado é rapidamente absorvido pelo corpo, que, por sua vez, vai pedir mais e mais. “Uma maçã e um bombom podem até ter a mesma quantidade de calorias, mas o corpo gasta energia para digerir a fruta, cujo açúcar é envolto em fibra. Já para digerir o açúcar do bombom, o corpo não gasta nada”, diz o Dr. Nelson Liboni, médico gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Passamos a maior parte da nossa evolução obtendo açúcar a duras penas em outros alimentos, como frutas e cereais, e o contato em tempos recentes com sua versão refinada dá uma mensagem perniciosa ao organismo.
Ao comer um doce, o sistema de recompensa do cérebro, o endocanabinoide, libera substâncias como a dopamina, que dá uma impressão de prazer. Gera-se um círculo vicioso em que a pessoa sente que precisa repetir a dose para ter esse prazer novamente. Além dessa relação perigosa, o excesso de açúcar acaba se transformando em gordura, um dos fatores que leva à obesidade.
Não à toa, a Organização Mundial da Saúde recentemente diminuiu pela metade a quantidade de sacarose recomendada por dia, de 10% do total de calorias ingeridas para 5%, o que corresponde a 25 a 50 gramas diárias. “A recomendação pretende limitar o consumo de açúcares ocultos em alimentos industrializados, responsáveis por contribuir com inúmeros problemas de saúde, como o sobrepeso, a obesidade e as cáries”, diz uma recente nota técnica da Sociedade Brasileira de Diabetes.
“A Organização Mundial da Saúde diminuiu pela metade a quantidade de sacarose recomendada por dia”
Doze mandamentos da boa alimentação
Um apanhado das melhores dicas de Michael Pollan no seu livro Regras da Comida
Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida
Só coma alimentos que tenham sido preparados por humanos
Evite alimentos que você vê anunciados na televisão
Evite alimentos que contenham alguma forma de açúcar (ou adoçante) entre os
três primeiros ingredientes
Compre seus lanches na feira
Coma principalmente vegetais. Sobretudo folhas
Faça refeições coloridas
Não esqueça dos peixinhos oleosos
Coma os alimentos doces como você os encontra na natureza
“Quanto mais branco o pão, pior”
Coma quando tiver fome, não quando estiver entediado
Cozinhe
A gordura, outra substância polêmica, também causa uma espécie de “curto-circuito” cerebral. Os dois neurotransmissores no sangue responsáveis por informar ao cérebro que o corpo já está satis[1]feito, a insulina e a leptina, começam a ser produzidos em excesso com o alto consumo de gordura.
O cérebro, então, passa a ignorá-los, como forma de defesa. Pesquisas recentes com ratos já apontaram que o consumo em excesso de gorduras saturadas, as de origem animal, causam inclusive morte de neurônios em uma área do cérebro que controla a saciedade.
DIETAS INIMIGAS DA SAÚDE (E DO EMAGRECIMENTO)
Outra confusão comum no organismo se dá nas dietas restritivas e radicais, quando se tenta emagrecer muito em pouco tempo. “O corpo começa a se defender, entende que está desnutrido e passa a armazenar tudo o que entra”, explica a nutricionista Tarcila Ferraz de Campos, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Por isso, é comum em quem faz esse tipo de regime engordar ao invés de emagrecer. A nutricionista recomenda mudanças progressivas, acrescentando alimentos saudáveis em substituição aos calóricos e industrializados. “Não adianta querer uma mudança repentina. É preciso garantir uma regularidade de nutrientes”, diz.
Essa foi a solução adotada pela hoje especialista em saúde integrativa Melissa Setubal. Quando vivia a pesada rotina de uma empresa multinacional – o que envolvia muitas vezes “almoçar” uma coxinha e um refrigerante –, ela se viu doente, tanto física como mentalmente. Hoje, longe daquela rotina, faz da alimentação saudável uma causa. “Você já viu alguém de dieta genuinamente feliz, com um sorriso largo no rosto, com brilho nos olhos? Eu não”, ela diz. Estudando o assunto há uma década, Melissa observou que “as pessoas em dieta restritiva costumam ter um semblante tenso e ficam mais agitadas, com pavio curto, ou se assustam mais facilmente com qualquer coisa”.
Ela não está sozinha. Uma de suas inspirações é a neurocientista Sandra Aamodt, autora do livro Why Diets Make Us Fat (“Por que as dietas nos fazem engordar”, sem tradução no Brasil). Sandra diz que, ao longo da história da humanidade, a fome foi um problema muito maior do que comer em excesso. Por isso, nosso cérebro sempre vai achar que precisamos engordar, nunca o contrário. “Se perdemos muito peso, ele reage como se estivéssemos morrendo de fome. E independentemente de termos começado gordos ou magros, a resposta do nosso cérebro é exatamente a mesma: engorde”, explicou Sandra em uma palestra. A solução, segundo ela, é comer com consciência. É preciso “aprender a compreender os sinais do seu corpo, para comer quando estiver com fome e parar quando não se tem fome”. Claro, a reeducação alimentar não se consegue da noite para o dia. Para se comer bem e direito é preciso mudar hábitos, manter-se constante e em vigília, até que a nova “programação” seja estabelecida e adaptada à rotina. Uma vez conquistado, o bom hábito alimentar traz efeitos benéficos para a vida toda.
Pessoas em dieta restritiva costumam ter um semblante tenso e ficam mais agitadas, assustadas e com pavio curto”
Melissa Setubal, especialista em saúde integrativa
São Paulo, 17 de novembro de 2016– O Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz promove, no dia 26 de novembro (sábado), o II Simpósio Transdisciplinar em Obesidade, Diabetes, Cirurgia Bariátrica e Metabólica, voltado a profissionais e estudantes da saúde.
O tema do evento, “Novas estratégias para o tratamento do diabetes tipo 2”, reunirá profissionais do Hospital para discutir a prevenção e as complicações, bem como as novas estratégias para o tratamento clínico e cirúrgico da doença, além da importância da integração da equipe assistencial no cuidado intra-hospitalar. “O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial no número de portadores de diabetes, com mais de 14 milhões de pessoas acometidas pela doença, das quais 76% estão mal controladas pelas melhores terapias clínicas”, explica o Dr. Ricardo Cohen coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Pela manhã, serão discutidos os últimos resultados de trabalhos clínicos sobre as novas drogas para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo 2 e os seus benefícios, além de debater como a monitorização da glicemia pode ser uma estratégia para mobilizar o paciente a aderir ao tratamento, grande problema em portadores de doenças crônicas como o diabetes do tipo 2. Neste bloco, também será reforçada a importância de evitar as complicações macrovasculares, que podem aumentar em até quatro vezes o risco da mortalidade por doença cardiovascular, e as complicações microvasculares, que podem gerar danos na visão, nos rins e membros.
À tarde, a discussão terá como foco central a cirurgia metabólica como mais uma opção de tratamento para o diabetes tipo 2. A apresentação será conduzida pelo Dr. Ricardo Cohen, que é líder em pesquisas pioneiras, como a que comprovou a eficácia da cirurgia gastrointestinal para tratar diabetes tipo 2 em pacientes com obesidade grau 1.
Neste painel também serão debatidas questões, como os mecanismos de ação da cirurgia metabólica, seus resultados a curto e longo prazo e o seguimento pós-operatório. Os interessados em participar do simpósio devem realizar suas inscrições pelo link: http://www.ccmew.com/haoc2016. O valor da inscrição varia entre R$120 e R$200.
14h05– Como aceitar e conviver com o Diabetes Mellitus.
Palestrante: Psicóloga Graça Camara.
14h20– A experiência de um time no cuidado intra-hospitalar.
Palestrante: Enf. Tuigi Reis.
14h35 – Adesão ao Tratamento Nutricional: um desafio.
Palestrante: Nutricionista Tarcila de Campos.
14h50– Benefícios do Exercício Físico.
Palestrante: Educador Físico. Marcos Caetano.
15h05 – Debate.
15h25 – Coffee Break.
Mesa redonda
Moderador: Dr. Fernando Pechy.
15h50 – Cirurgia Metabólica: o que é e quando indicar.
Palestrante: Dr. Pedro Caravatto.
16h05 – Mecanismos de ação da cirurgia metabólica.
Palestrante: Dra. Tarissa Petry.
16h20 – Resultados e durabilidade do efeito metabólico das cirurgias.
Palestrante: Dr. Ricardo Cohen.
16h35– O seguimento pós-operatório da cirurgia metabólica é diferente da bariátrica?
Palestrante: Dra. Ana Carolina Calmon.
16h50 – Cirurgia metabólica no algoritmo do tratamento do diabetes tipo 2.
Palestrante: Dr. Ricardo Cohen.
17h05– Debate.
17h30 – Encerramento.
Palestrante: Dr. Ricardo Cohen.
Serviço II Simpósio Transdisciplinar em Obesidade, Diabetes, Cirurgia Bariátrica e Metabólica Data: 26 de novembro de 2016 (sábado). Local: Golden Tulip Paulista Plaza – Alameda Santos, 85 – Jardins – São Paulo. Horário: das 8h30 às 17h45.
Mais informações pelos telefones (11) 3549-0332 e (11) 3549-0331.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos melhores centros hospitalares da América Latina, é referência em serviços de alta complexidade. Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital possui uma das maiores casuísticas do país e concentra seus esforços na busca permanente da excelência do atendimento integral, individualizado e qualificado ao paciente, além de investir fortemente no desenvolvimento científico, por meio da educação e da pesquisa. Com mais de 96 mil m² de área construída, o Hospital dispõe de 321 leitos de internação, 44 leitos instalados na Unidade de Terapia Intensiva, 22 salas de cirurgia e Pronto Atendimento 24 horas. Além disso, oferece uma das mais qualificadas assistências do país e corpo clínico renomado, para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz – www.hospitaloswaldocruz.org.br.
O diabetes é um dos mais sérios problemas de saúde pública em todo mundo, não só em função de suas graves complicações agudas e crônicas, mas também dos altos custos sociais e financeiros que representa. Segundo dados do Ministério da Saúde, o diabetes afeta cerca de 246 milhões de pessoas em todo mundo. No Brasil, a ocorrência média de diabetes na população adulta (acima de 18 anos) é de 5,2%, o que representa 6.399.187 pessoas.
Diante desse cenário significativo da doença, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz lança seu Centro de Diabetes. A iniciativa está alinha à estratégia da instituição de especialização e atendimento integrado a toda cadeia da saúde: desde a educação e prevenção, até diagnóstico e tratamento. Além dos profissionais especializados em endocrinologia, os serviços de atendimento ambulatorial e hospitalar do Centro contam com o suporte de uma equipe interdisciplinar formada por um educador, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos.
Os pacientes têm a opção de realizar acompanhamento com o médico endocrinologista do Centro ou serem encaminhados ao Centro por seus médicos somente para participar do programa de educação. Na segunda opção, o paciente deve comparecer ao Hospital pelo menos uma vez por semana, durante um mínimo de quatro semanas, para avaliação intensiva do controle glicêmico, participação ativa nas atividades educacionais e verificação da necessidade de alterações na conduta terapêutica (que será realizada apenas com o consentimento do médico principal do cliente).
“A informação ao paciente deve ser priorizada, pois representa importante fator na conquista de qualidade de vida do diabético”, explica Dr. Roberto Betti, médico responsável pelo Centro. Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, atualmente, também é coordenador do Departamento de Cardiologia da Sociedade Brasileira de Diabetes.
O Centro de Diabetes contará ainda com programas de educação continuada para profissionais de saúde, com promoção de cursos, palestras e outras atividades didáticas.
“O Centro representa inovação e ineditismo, importantes na disponibilização de serviços integrados e especializados de diagnóstico, atenção clínica, educação e controle do diabetes por um hospital de excelência no Brasil”, conclui Dr. Betti.
Para agendar o seu atendimento ou obter mais informações, contate: (11) 3549-1000.
O Centro de Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz realizará, no dia 21 de outubro, uma palestra sobre a alimentação saudável em diabetes. O tema parte do Programa de Educação Continuada “Convivendo com o Diabetes”, será tratado por especialistas a fim de esclarecer as principais dúvidas sobre restrições, mitos e realidades em relação à alimentação de pessoas com diabetes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a última estimativa é de 10 milhões de pessoas com diabetes no Brasil. Mais preocupante ainda é o fato de que apenas 10% dos portadores de diabetes do tipo 1 (que acomete crianças, adolescentes e adultos jovens) e 26% dos portadores de diabetes do tipo 2 (que se manifesta, geralmente, após os 40 anos) apresentam um controle adequado da doença, capaz de prevenir ou retardar as complicações crônicas. Em vista desses percentuais, o Grupo de Educação e Controle de Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em colaboração com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), desenvolveu um método inovador, capaz de promover o controle glicêmico num prazo médio de três a quatro semanas, por meio de uma intervenção intensiva que inclui ações diagnósticas, terapêuticas e educacionais.
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz e sua equipe interdisciplinar do Centro de Diabetes – composta por endocrinologistas, médicos educadores, nutricionistas, psicólogas, enfermeiras, entre outros – visa auxiliar portadores do diabetes e familiares com orientações que permitam que o paciente conviva perfeitamente com a doença. Por isso, o Centro de Diabetes do Hospital realiza o atendimento integrado de toda cadeia da saúde, desde a educação e prevenção até o diagnóstico e tratamento.
Serviço “Convivendo com o Diabetes” Data: 21 de outubro de 2009. Horário: 19h. Local: Anfiteatro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, 14º andar – Bloco B. Endereço: Rua João Julião, 331 – Paraíso. Inscrições:(11) 3549-1000. Valor do Investimento: Gratuito. Vagas limitadas!
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