Com a participação de 29 centros no Brasil e América Latina, pacientes serão acompanhados até 2024. Com reconhecimento internacional, a técnica de observar os pacientes, sem realização de cirurgia, quando o tumor desaparece completamente com a radioterapia e a quimioterapia é chamada “Watch&Wait” e foi desenvolvida pela Profa. Dra. Angelita Gama
São Paulo, agosto de 2022 – Nos últimos anos, avanços têm impactado significativamente no tratamento do câncer de reto distal, diminuindo a necessidade de colostomias definitivas, sequelas cirúrgicas e o risco de recidiva do câncer e melhorando a qualidade de vida de quem enfrenta a doença.
Levando em conta as possíveis complicações ao paciente, inerentes ao procedimento cirúrgico, como infecção, disfunção esfincteriana, sexual e urinaria, o Watch&Wait (observar e esperar) surge como uma alternativa para evitar uma cirurgia de grande porte. Essa estratégia consiste em observar os pacientes que apresentaram remissão total do tumor de reto após o tratamento de radio e quimioterapia. Esse seguimento consiste na realização de visitas médicas para exame físico, assim como exames laboratoriais e de imagem e requer uma equipe multiprofissional capacitada, para que seu objetivo seja alcançado.
O tratamento dos tumores de reto com radio e quimioterapia já é realizado há muitos anos, entretanto diversas estratégias de tratamento (tipos de radioterapia e de quimioterapia) são descritas e ainda existe muita controvérsia sobre qual estratégia gera a melhor taxa de resposta do tumor. Com o objetivo de comparar dois esquemas diferentes de quimioterapia (associado à radioterapia) em relação a resposta ao tratamento e menor taxa de efeitos colaterais, pesquisadores estão desenvolvendo o CCHOWW, estudo randomizados e multicêntrico com a participação de pacientes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e de mais 28 instituições de saúde privadas e públicas do Brasil e América Latina. A ideia do estudo é identificar qual estratégia gera maiores taxas de desaparecimento da lesão, para que os pacientes sejam acompanhados, sem cirurgia, pela estratégia Watch&Wait, técnica desenvolvida pela Profa. Dra. Angelita Gama, cirurgiã coloproctologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A pesquisa tem como objetivo comparar os resultados da quimioterapia de consolidação apenas com fluoropirimidina ou fluoropirimidina + oxaliplatina na obtenção de uma resposta clínica completa ou quase-completa após quimio e radioterapia neoadjuvante.
Os pacientes selecionados devem ter mais de 18 anos, apresentar o diagnóstico de adenocarcinoma primário de reto (confirmado por biópsia) e acessível ao exame de toque retal (ao menos a borda inferior) pelo cirurgião colorretal. É necessária documentação endoscópica da lesão primária, tomografia de tórax e abdome total com contraste sem evidência de doença metastática e ressonância magnética de alta resolução da pelve com protocolo específico para câncer de reto.
“A estratégia Watch&Wait permite um acompanhamento individualizado do paciente, conforme sua resposta ao tratamento inicial. Representa acompanhá-lo muito de perto por meio de exames frequentes. A cirurgia só seria realizada caso o tumor reaparecesse, o que acontece, segundo levantamentos, em cerca de 25% dos casos”, explica Dr. Rodrigo Oliva Perez, cirurgião do aparelho digestivo, coordenador do Núcleo de Coloproctologia e Intestinos do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pesquisador principal do estudo.
Hoje, a ideia de “observar e esperar” pacientes com tumores retais que desaparecem depois de tratados com radio e quimioterapia já se consagra como uma alternativa válida em centros especializados e casos selecionados. Nascida no Brasil, a estratégia é um dos assuntos mais quentes no tratamento da doença em todo o mundo.
Os pacientes participantes do Estudo CCHOWW serão acompanhados por dois anos e meio. Os interessados em participar podem entrar em contato com um dos centros participantes (lista abaixo) ou pelo número 11-3549-0729.
Instituição | Cidade |
---|---|
Hospital Beneficência Portuguesa | São Paulo |
Hospital Felício Rocho | Belo Horizonte |
Hospital Israelita Albert Einstein | São Paulo |
Hospital Municipal Dr. Mario Gatti | Campinas |
Complexo de Saúde São João de Deus – Divinópolis | Divinópolis |
Inst. Educação, Pesquisa e Gestão em Saúde – “Américas Oncologia” | Rio de Janeiro |
União Brasileira de Educação e Assistência – Pontifícia Univ. Católica do RS – Campus POA | Porto Alegre |
Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA | Rio de Janeiro |
Centro Paulista de Oncologia – CPO | São Paulo |
Instituto de Ensino e Pesq. do Hospital Sírio Libanês | São Paulo |
Centro Gaúcho Integrado de Oncologia, hematologia, ensino e pesquisa | Porto Alegre |
ICESP -FMUSP | São Paulo |
Hospital Primavera | Aracaju |
Hospital Lifecenter | Belo Horizonte |
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre | Porto Alegre |
Associação Hospitalar Moinhos de Vento | Porto Alegre |
Hospital Militar de Área de Porto Alegre | Porto Alegre |
AC Camargo Câncer Center | São Paulo |
Hospital das Clínicas de Porto Alegre | Porto Alegre |
Complexo hospitalar Manoel André Ltda | Arapiraca |
Hospital das Clínicas de Passo Fundo | Passo Fundo |
Universidade de Caxias do Sul | Caxias do Sul |
Hospital Municipal de São José | São José dos Campos |
CEPON-Centro de Pesquisas Oncológicas | Florianópolis |
Hospital Napoleão Laureano | João Pessoa |
Instituto Nacional de Cancerología | Buenos Aires |
Hospital de Gastroenterologia Udaondo Ciudad de Buenos Aires | Buenos Aires |
Hospital Italiano de Buenos Aires | Buenos Aires |