A atenção familiar e a socialização ajudam a prevenir transtornos como depressão e ansiedade em pessoas idosas
Com o envelhecimento da população brasileira, a saúde mental das pessoas com mais de 60 anos se destaca como um tema de grande relevância. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, até 2050, cerca de 30% da população terá mais de 60 anos. Nesse cenário, transtornos como depressão e ansiedade, frequentemente negligenciados, demandam maior atenção das famílias e de toda a sociedade.
No Janeiro Branco, mês de conscientização da saúde mental e emocional, o Dr. Alaor Carlos de Oliveira Neto, coordenador do Serviço de Psiquiatria do Hospital Alemão Oswaldo Cruz– São Paulo/SP, lembra que os transtornos mentais em idosos são muitas vezes subdiagnosticados porque seus sintomas podem ser confundidos com o envelhecimento natural. “Mudanças de comportamento como, isolamento social, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações no apetite e no sono, são sinais de alerta importantes. Nesse sentido, as famílias precisam estar atentas a esses indícios, pois os idosos frequentemente não expressam seus sentimentos diretamente, seja por receio de incomodar ou por dificuldade em reconhecer o problema“, explica o especialista.
A atenção da família é fundamental na identificação precoce de problemas de saúde mental. O suporte emocional, aliado a consultas médicas regulares, pode prevenir complicações e melhorar significativamente a qualidade de vida. O envolvimento dos idosos em atividades sociais, culturais e recreativas também desempenha um papel importante. Para o Dr. Alaor, a socialização é uma poderosa ferramenta para combater o isolamento e fortalecer o bem-estar emocional. “A interação com outras pessoas ajuda a reduzir o risco de depressão e ansiedade, além de oferecer um senso de pertencimento e propósito“, afirma.
Manter uma rotina estruturada é outro ponto essencial. Atividades regulares, como caminhadas, leitura ou hobbies, contribuem para estimular o cérebro, reduzir o estresse e promover uma vida saudável. Além disso, uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos regulares influenciam positivamente tanto a saúde física quanto mental.
Conforme enfatiza o Dr. Alaor Neto, “cuidar da saúde mental dos idosos é um compromisso coletivo. Envelhecer com qualidade de vida depende de ações coordenadas entre famílias, profissionais de saúde e políticas públicas. O apoio familiar é um dos pilares mais importantes para garantir que essa fase da vida seja vivida com alegria, dignidade e bem-estar“.
Concluindo, ele observa que promover a saúde mental dos idosos é um ato de cuidado e respeito que fortalece vínculos familiares e contribui para um envelhecimento mais ativo e feliz. Investir na prevenção de transtornos, como depressão e ansiedade, não só melhora a qualidade de vida, como também reforça a importância de enxergar o envelhecimento como uma etapa rica em possibilidades, onde o apoio emocional e a inclusão social desempenham papéis fundamentais.