Fevereiro Laranja: mês da conscientização sobre a leucemia

Hematologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz esclarece dúvidas sobre leucemia, tipo de câncer que afeta as células sanguíneas na medula óssea.

São Paulo, 07 de fevereiro de 2024 – Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o número estimado de casos novos de leucemia no Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, é de 11.540, sendo 6.250 em homens e 5.290 em mulheres. Em 2020, a doença foi responsável por 6.738 mortes no país. A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas na medula óssea, podendo ser aguda ou crônica, dependendo da velocidade de evolução.

A primeira progride rapidamente e produz células que não estão maduras e não conseguem realizar as funções normais, com transportar oxigênio e nutrientes, defender o organismo de infecções, coagular o sangue e regular a imunidade. A leucemia crônica, entretanto, normalmente progride lentamente e os pacientes têm um número maior de células maduras, mas anormais.

De acordo com Dr. Phillip Bachour, hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, quadros de leucemia são curáveis, para isso, é importante o diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento especializado.

Dentre os dois tipos principais, existem ainda diversos subtipos de leucemia, que são definidos de acordo com as células sanguíneas afetadas. Os principais subtipos de leucemia são: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia linfoblástica aguda (LLA), leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfocítica crônica (LLC). Cada um tem características próprias, que devem ser consideradas no diagnóstico e no tratamento.

No Brasil, a LMA é o subtipo mais comum, representando cerca de 40% dos casos de leucemia, seguida pela LMC (25%), pela LLA (20%) e pela LLC (15%). As leucemias agudas (LMA e LLA) são mais frequentes do que as crônicas (LMC e LLC), correspondendo a cerca de 60% dos casos de leucemia.

Sintomas e diagnóstico

Segundo o médico, os sintomas da leucemia podem variar de acordo com o tipo e o estágio da doença, mas alguns sinais comuns são: sangramento gengival frequente, petéquias (pequenas manchas vermelhas na pele), febre alta sem razão aparente, mal-estar, astenia (perda de força muscular) e fraqueza. “Em geral, as leucemias, especialmente a aguda, são dificilmente rastreáveis por meio de exames preventivos devido à sua instalação rápida. Diante desses sintomas, recomenda-se que o paciente busque imediatamente atendimento hospitalar”, completa.

O exame inicial indicado para iniciar a investigação diagnóstica de leucemias é o hemograma, que avalia a quantidade e a qualidade das células sanguíneas, que pode indicar precocemente a presença da forma aguda da doença e possibilitar sua prevenção efetiva. Se houver alterações, o médico pode solicitar exames complementares, como mielograma (coleta de amostra da medula óssea), imunofenotipagem (identificação das características das células leucêmicas) e cariótipo (análise dos cromossomos das células leucêmicas).

Além desses, outros exames são cruciais para um diagnóstico preciso a fim de orientar o tratamento adequado e identificar mutações específicas, como o Sequenciamento de Nova Geração (técnica que permite sequenciar o DNA e o RNA de forma rápida e com alto rendimento).

Causas e fatores de risco

As causas da leucemia não são totalmente conhecidas, mas existem alguns fatores que podem aumentar o risco de desenvolver a doença, como: tratamentos anteriores com quimioterapia ou radioterapia, exposição a derivados de benzeno e agrotóxicos.

No entanto, o Dr. Phillip Bachour ressalta que esses fatores não são determinantes, e que na maioria dos casos a leucemia ocorre de forma aleatória, sem causa aparente. “São mutações genéticas indeterminadas, sem uma associação hereditária claramente definida. Na maioria dos casos, essas mutações são esporádicas, ocorrendo durante o desenvolvimento celular. Uma vez que a célula sofre mutação, o sistema imunológico muitas vezes não reconhece a célula como doente, permitindo seu desenvolvimento e gerando a leucemia”, explica.

Tratamento e cura

O tratamento da leucemia depende do tipo, do subtipo, do estágio e das características individuais de cada paciente. O objetivo é eliminar as células leucêmicas e restaurar a produção sanguínea normal na medula óssea. O tratamento mais comum é a quimioterapia, que consiste na administração de medicamentos que destroem as células cancerígenas. Em alguns casos, a quimioterapia pode ser associada à terapia-alvo, que utiliza medicamentos específicos para bloquear as mutações das células leucêmicas.

Em casos de prognóstico mais agressivos, pode ser indicado o transplante de medula óssea, que consiste na substituição da medula doente por uma saudável, proveniente do próprio paciente (autólogo) ou de um doador compatível (alogênico). O transplante de medula óssea é um procedimento complexo e que envolve riscos, mas que pode aumentar as chances de cura em cerca de 40 a 50% dos casos.

O Dr. Phillip Bachour reforça que a leucemia, mesmo sendo uma doença desafiadora, tem boas chances de cura, e salienta a relevância do diagnóstico precoce, enfatizando a necessidade de identificação dos sintomas dentro do prazo e a realização de exames específicos para iniciar um tratamento eficaz. Além disso, Bachour destaca a importância dos cuidados especializados, sustentando que uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais experientes, é vital para otimizar o prognóstico e promover a qualidade de vida dos pacientes ao longo do tratamento da leucemia.

4 de fevereiro – Dia Mundial do Câncer 

Testes genéticos são aliados para mulheres diagnosticadas com câncer de mama

São Paulo, 01 de fevereiro de 2024 – A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology – ASCO), em parceria com a Sociedade Americana de Cirurgia Oncológica (Society of Surgical Oncology – SSO) publicaram recentemente, no Journal of Clinical Oncology, a recomendação de submeter à testagem genética todas as pacientes com histórico pessoal de câncer de mama, diagnosticado até os 65 anos de idade, independente do histórico familiar da doença. Referência mundial no tratamento do câncer, a ASCO reuniu para esta publicação vários especialistas de diversos centros de referência mundial no tratamento do câncer. Após revisão sistemática da literatura médica, este grupo elaborou o mais atual consenso sobre testagem genética de pacientes com câncer de mama, sugerindo uma importante ampliação na oferta de testes genéticos em relação a diretrizes anteriores.  

A Sociedade Americana de Cirurgiões de Mama (American Society of Breast Surgeons – ASBS), já preconizava, desde 2017, a realização de testes genéticos de maneira universal, ou seja, em todas as mulheres com câncer de mama, independentemente da idade, diagnóstico ou da história familiar de câncer. Essa abordagem tinha como intuito identificar o maior número possível de pacientes portadoras de síndromes de câncer de mama hereditário, possibilitando tratamento e rastreamento de novos cânceres de maneira diferenciada da população em geral, que em sua maioria desenvolve cânceres esporádicos (que acontecem ao acaso e devido à influência de fatores de risco, como idade acima de 50 anos, obesidade, tabagismo, entre outros). Por exemplo, pacientes portadoras de determinadas mutações genéticas e que já passaram por um evento câncer de mama tem um risco de até 50% de desenvolver um segundo tumor de mama, na mama oposta. Além do risco aumentado de novos cânceres, já temos atualmente disponíveis drogas específicas para pacientes portadoras de síndromes de câncer de mama hereditário, utilizadas no tratamento de pacientes com mutações nos genes BRCA.  Sem dúvida, reconhecer o status genético de pacientes com câncer de mama nos dias de hoje é essencial para a realização do melhor planejamento terapêutico possível.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer) são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não-melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%). Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano do próximo triênio, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (depois do de pele não melanoma), com 74 mil casos novos previstos por ano até 2025. 

A avaliação genética é uma importante aliada de pacientes e equipes médicas na avaliação da probabilidade de desenvolvimento do câncer. Estes exames não diagnosticam o câncer, apenas indicam se a paciente é portadora de mutação genética hereditária que confere risco aumentado para o desenvolvimento de diversos tipos de cânceres. “Por isso, realizar exames periódicos e adotar hábitos de vida saudáveis são as medidas preventivas mais eficientes”, explica a Dra. Allyne Cagnacci, oncologista clínica e oncogeneticista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A especialista esclarece que os exames genéticos são importantes para elaborar a melhor estratégia de acompanhamento e tratamento dos pacientes, seja ele cirúrgico ou medicamentoso, na prevenção e rastreamento de novos tumores, na orientação de estilo de vida e orientação familiar. Esta avaliação também pode ser oferecida para pessoas sem histórico pessoal de câncer, mas com múltiplos casos da doença na família e que queiram saber dos seus riscos de desenvolver o câncer. Um exemplo é o da atriz Angelina Jolie, que juntamente com sua equipe médica, optou pela retirada preventiva das mamas e ovários após testes genéticos comprovarem que ela sofria de uma alteração genética que indicava 80% de probabilidade de desenvolver tumor nas mamas, a mutação nos genes BRCA. “A indicação dessa investigação genética não é somente indicada para pacientes com câncer de mama. Existem diretrizes internacionais que preconizam que outros pacientes oncológicos devem ser testados, como pacientes com câncer de pâncreas, com câncer de intestino abaixo dos 50 anos de idade, entre outros. Por este motivo é importante a realização de consulta médica, na qual é realizado aconselhamento genético e mapeamento dos casos de câncer na família, fornecendo informações importantes para que seu médico possa solicitar o teste genético mais compatível com seu caso”, diz a oncologista. 

Como o teste é realizado: o Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com um serviço de Oncogenética, que realiza coleta de amostras de saliva ou sangue do paciente, encaminhando o material coletado a laboratório especializado, para pesquisa de alterações em genes relacionados com aumento de risco para desenvolvimento de câncer. Essa avaliação do DNA permite que as equipes médicas e assistenciais elaborem um plano de cuidado individualizado e específica para aquele paciente. 

Mapeamento genético: através de uma amostra de sangue ou saliva é possível determinar se uma pessoa tem um risco maior de desenvolver câncer ao longo da vida. Esse risco é afetado por fatores externos, como alimentação e hábitos de vida. “Todas as manifestações do câncer são consequências de uma alteração genética que ocorrem em células previamente saudáveis. Após esta alteração, as células começam a se proliferar de maneira acelerada e desordenada, causando o câncer. Em torno de 90% dos cânceres são esporádicos, nos quais estas mutações genéticas são causadas pelo próprio desgaste do organismo, vindos com a idade avançada e com a exposição a fatores de risco, como obesidade, tabagismo, sedentarismo, entre outros fatores. Em cerca de 10% dos cânceres, entretanto, essas alterações genéticas são hereditárias, ou seja, transmitido dos pais para os filhos e presentes desde o nascimento. Nestes casos, os cânceres tendem a surgir em idade mais jovem e com padrões diferentes do habitual. A mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 são as mais comuns. Estes genes têm como função reparar nosso DNA. Quando mutados, perdem esta função e deixam seus portadores mais predispostos a terem diversos tipos de câncer”, explica a Dra. Allyne Cagnacci. “Por esta razão, testar mais pacientes e reconhecer melhor essa população de maior risco é fundamental para melhorar a prevenção, aumentar as taxas de diagnóstico precoce e oferecer melhor tratamento do câncer”, esclarece a oncogeneticista.

ROSELLA-556

Estudo de fase 3 da combinação de relacorilanto com Nabpaclitaxel em comparação à monoterapia com nab-paclitaxel para câncer ovariano epitelial, câncer de tuba uterina ou peritoneal primário de alto grau avançado e resistente à platina. 

POPULAÇÃO:

Mulheres com câncer ovariano, peritoneal primário ou de tuba uterina recidivante após ao menos um tratamento, mas que receberam menos do que 4 linhas de terapia e que são resistentes à quimioterapia à base de platina, incluindo os seguintes subtipos histológicos:

  • Carcinoma ovariano epitelial seroso, peritoneal primário ou de tuba uterina de alto grau (grau 3);
  • Carcinoma endometrioide de alto grau (grau 3);
  • Carcinossarcoma com ≥30% de componente tumoral epitelial endometrioide.

Stellar XL092-304

Estudo de fase 3, aberto, randomizado, de XL092 + nivolumabe versus sunitinibe em participantes com carcinoma de células renais de células não claras avançado ou metastático.

POPULAÇÃO:

  • Carcinoma de células renais não claras (CCRcnc), irressecável, avançado ou metastático;
  • Não ter realizado tratamento oncológico prévio para CCRcnc no cenário irressecável, localmente avançado ou metastático, inclusive agentes em investigação.

CÂNCER DE PELE: VOCÊ PRECISA SABER

A palavra ‘câncer’ assusta, mas o perigo mesmo mora na desinformação. Conversamos com o Dr. Maurício Muniz, cirurgião oncológico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e trazemos aqui informações fundamentais sobre o câncer de pele

O câncer de pele é um dos mais prevalentes no Brasil, respondendo por 33% de todos os diagnósticos da doença no país. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a cada ano, são cerca de 185 mil novos casos.

E você sabe por que este câncer é tão comum por aqui? “Vivemos em um país próximo à linha do Equador, isso significa que a nossa exposição aos raios solares é muito maior”, explica o Dr. Maurício Muniz, cirurgião oncológico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Além disso, o Brasil é muito miscigenado, com etnias diversas, que vão das pessoas negras (pardas e pretas), que constituem mais da metade da população brasileira, às pessoas brancas, descendentes de europeus. “A genética dos europeus vem dos pólos do planeta, ou seja, são pessoas que se desenvolveram para priorizar a síntese de vitamina D em detrimento à proteção contra o desenvolvimento do câncer de pele”, diz o médico. Além disso, é importante ressaltar que, mesmo com um fototipo mais resistente ao sol, pessoas negras também podem desenvolver o câncer de pele, especialmente o melanoma das palmas das mãos e plantas dos pés, conhecido como melanoma acral, uma forma mais agressiva da doença. “O Brasil tem populações distintas vivendo juntas sob o mesmo fator de risco, o que resulta nessa alta prevalência do câncer de pele no país”, completa o especialista. Em outras palavras, o cuidado vale para todos: as ações proativas como a prevenção e a detecção precoce podem salvar vidas – estima-se que, quando diagnosticado no início, o melanoma tem mais de 90% de chance de cura.

A seguir, o Dr. Maurício fala mais sobre o câncer de pele e as alternativas de tratamento. Confira!

Tipos de câncer

Carcinomas

Responsáveis por cerca de 177 mil casos por ano – de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) –, os carcinomas basocelulares e espinocelulares são os tipos mais comuns. “Os carcinomas dividem muitas semelhanças. Ambos estão relacionados ao volume de exposição ao sol ao longo da vida e são muito mais incidentes em pessoas com pele mais clara. E aqui é importante destacar que a relação entre sol e câncer é linear, ou seja, quanto maior a exposição solar desprotegida, maior a incidência de carcinomas de pele”, diz o Dr. Maurício. Embora de simples resolução quando diagnosticados no início e com baixíssima chance de metástase, especialmente o basocelular, podem evoluir em lesões de difícil tratamento e altas taxas de recidiva, por isso devem ser tratados o quanto antes.

Além do excesso de exposição ao sol, outros fatores de risco são baixa imunidade, histórico familiar e idade, sendo mais comum em pessoas com mais de 50 anos e de pele clara. Os carcinomas podem ser indolores e se confundir com eczemas, alergias e outros problemas de pele, se manifestando como asperezas ou feridas que sangram e não cicatrizam.

Melanoma

O melanoma responde por cerca de 5% das ocorrências de câncer de pele, registrando cerca de 8 mil casos anualmente. No entanto, embora mais raro que os carcinomas, é muito mais agressivo. “Apesar de sua incidência ser baixa se comparado aos carcinomas, o melanoma é um foco de atenção por ser um tipo mais grave. É um tumor que faz metástase muito mais frequentemente e a mortalidade dele é bem mais alta do que dos outros tumores de pele. Por isso, o diagnóstico precoce é muito importante também”, diz o Dr. Maurício.

Os fatores de risco para o melanoma são: pele clara, exposição solar, queimaduras de sol frequentes na infância, muitas pintas e sardas no rosto e no corpo, bronzeamento artificial e histórico familiar. Os melanomas podem surgir de pintas que mudam de características ou de uma região de pele normal. Por isso, é muito importante ficar atento a mudanças em pintas e sinais já existentes ou em novas pintas.

“Mesmo para os carcinomas, a detecção precoce é fundamental. Isso porque, mesmo que as metástases sejam raras, se não tratada, a lesão pode aumentar, se tornando grave. É o que chamamos de tumor negligenciado.”

Dr. Maurício Muniz,
Cirurgião oncológico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Diagnóstico

Independentemente de uma mancha, ferida ou pinta suspeita, manter um contato próximo e rotineiro com o seu médico dermatologista é muito importante para garantir um diagnóstico precoce, já que nem sempre conseguimos dizer se temos novas pintas ou se pintas antigas sofreram alterações. E, claro, se desconfiar de alguma formação, procure seu médico a qualquer tempo.

O dermatologista, com o uso de um aparelho chamado dermatoscópio, vai examinar sua pele dos pés à cabeça (incluindo o couro cabeludo). Se houver algum achado, ele pode indicar a remoção ou monitoramento, ou, se for um câncer, encaminhar para um oncologista. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o tratamento é feito por uma equipe multidisciplinar, ou seja, os especialistas trabalham em conjunto para decidir a melhor abordagem.

Tratamento

Cirurgia

O Dr. Maurício explica que, quando diagnosticados precocemente, tanto os carcinomas quanto o melanoma têm resolução cirúrgica com altas taxas de sucesso e baixa agressividade. No entanto, podem se agravar rapidamente se não tratados. “Mesmo para os carcinomas, a detecção precoce é fundamental. Isso porque, mesmo que as metástases sejam raras, se não tratada, a lesão pode aumentar, se tornando grave. É o que chamamos de tumor negligenciado”, diz o cirurgião. Isso implica em retiradas mais profundas ou extensas do tecido afetado, o que torna o processo de reconstrução mais delicado, principalmente em regiões mais difíceis, como o rosto. “E, mesmo sendo um acontecimento menos comum, o carcinoma espinocelular apresenta risco de metástase, principalmente para linfonodos regionais. Já para o carcinoma basocelular, este é um evento extremamente raro”, explica o Dr. Maurício.

Outro ponto importante a ser levado em conta no tratamento é a probabilidade de a doença voltar mais tarde, que pode ser frequente no câncer de pele quando não é tratado adequadamente. O principal fator de risco para a recidiva nos carcinomas é a persistência de células do tumor nas margens da cirurgia. As técnicas cirúrgicas atuais focam em avaliar 100% das margens cirúrgicas pelas lentes de um microscópio para não permitir que nem um resquício do tumor seja deixado para trás, podendo crescer novamente. Diferentes técnicas são eficazes nessa abordagem, desde que, avaliem a totalidade das margens, o que habitualmente não é feito fora de centros especializados. Nesse contexto, não podemos deixar de mencionar a técnica de Mohs. Essa foi uma das primeiras técnicas descritas que permitiam essa avaliação. Nesse método, o próprio cirurgião dermatológico habilitado para tal realiza a remoção do câncer e o encaminha para avaliação completa e imediata das margens ao microscópio, até garantir que as margens estejam livres – ou seja, que o tumor foi removido completamente –, para, então, dar início à reconstrução. Outras formas de avaliação completa de margens também são eficazes, sendo geralmente realizadas por um anatomopatologista, que realiza a análise microscópica, trabalhando em conjunto com o cirurgião. “É um trabalho refinado e minucioso, e essencial para considerarmos uma cirurgia bem-sucedida”, diz o especialista.

Já o melanoma segue uma rota diferente: diante da suspeita de um câncer após a dermatoscopia, o dermatologista solicita a biópsia para descobrir a natureza do tumor. “Se for benigno, a pinta já foi retirada na biópsia e o problema está resolvido. Agora, se houver malignidade, o paciente é encaminhado para a cirurgia oncológica”, explica o Dr. Maurício. Como o melanoma também tem alta incidência de recidiva, o procedimento deve levar em conta parte do tecido ao redor e abaixo do tumor – isso porque o melanoma cresce em largura e profundidade. “Existe um cálculo que determina quanto teremos que remover a partir da cicatriz da biópsia, incluindo a circunferência e as camadas sob a derme.”

Dependendo do grau de ressecção e do lugar em que a cirurgia foi feita, há o trabalho cuidadoso do cirurgião plástico – também um especialista essencial da equipe multidisciplinar – para garantir o melhor resultado estético e funcional desse procedimento.

E, ainda, de acordo com a gravidade/profundidade desse melanoma, será necessária a biópsia do linfonodo sentinela – a exemplo do que é feito em alguns casos de câncer de mama. “Como o melanoma tem mais chance de se tornar metastático, o estadiamento com a biópsia do linfonodo nos ajuda a determinar a agressividade da doença. Se o patologista encontrar células do melanoma dentro do linfonodo sentinela, então estamos diante de um caso mais agressivo”, diz o Dr. Maurício.

“Quando falamos em tratamentos, é importante levar em conta que cada câncer tem um padrão, então o tratamento deve ter estratégias que considerem a biologia do tumor, seu estágio, sua probabilidade de voltar no futuro e as características do próprio paciente, visando sempre a maior taxa de cura e a sobrevida com qualidade.”

Dr. Maurício Muniz,
Cirurgião oncológico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Terapias

Embora, como já falamos aqui algumas vezes, a detecção precoce seja sempre o melhor cenário, com altas chances de cura para todos os tipos de câncer de pele, o Dr. Maurício explica que, atualmente, as opções de tratamento são bastante avançadas, garantindo bons resultados até mesmo em doenças mais avançadas e/ou mais agressivas. “As terapias sistêmicas, como a imunoterapia e a terapia-alvo, são abordagens muito eficientes, que garantem uma resposta de qualidade em muitos casos, mesmo em lesões mais avançadas”, diz o cirurgião.

A terapia-alvo, como diz o nome, atinge apenas as células com a proteína BRAF mutada, preservando as células saudáveis. “É um tratamento excelente, via oral e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia tradicional. Porém, só funciona em melanomas que têm a mutação no gene.” Outra opção é a imunoterapia, com medicamentos que estimulam o próprio sistema imunológico a atacar o tumor. “A imunoterapia é usada em vários tipos de câncer e tem resultados muito bons nos casos de melanoma”, conta o Dr. Maurício.

Outro tratamento que pode mostrar eficácia é a radioterapia, tanto como técnica principal como complementar, nos diferentes tipos de câncer de pele. Além disso, o método se mostra especialmente eficiente em um tipo de tumor de pele muito raro e de difícil diagnóstico: o carcinoma de células de Merkel. O Dr. Maurício explica que, nesse caso, a radioterapia é fundamental para reduzir significativamente a probabilidade de uma recidiva. “Quando falamos em tratamentos, é importante levar em conta que cada câncer tem um padrão, então o tratamento deve ter estratégias que considerem a biologia do tumor, seu estágio, sua probabilidade de voltar no futuro e as características do próprio paciente, visando sempre a maior taxa de cura e a sobrevida com qualidade”, finaliza o cirurgião.

ESPECIAL DEZEMBRO LARANJA – BE-A-BÁ DA PELE

A Dra. Larissa Machado, oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, tira dúvidas sobre as crenças e recomendações mais comuns quando o assunto é se proteger contra o câncer de pele

Já é de conhecimento geral que a exposição intensa ao sol aumenta os riscos de desenvolver câncer de pele, que o protetor solar é fundamental e que devemos ficar de olho em pintas e manchas, mas os cuidados com a saúde da pele vão muito além disso. Conversamos com a Dra. Larissa Machado, oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para entender quais são as melhores atitudes para prevenção e detecção precoce da doença. Confira a seguir.

Como saber se uma pinta é perigosa?

A pessoa mais indicada para monitorar as características das pintas é o médico dermatologista. Por isso, manter uma rotina de check-up da pele é fundamental para detectar um câncer precocemente. De toda forma, caso você note o surgimento de uma nova pinta ou mudanças em pintas e manchas já existentes, além de formações irregulares, diferentes cores na mesma pinta ou lesão, sangramento e lesões que não cicatrizam, estes são sinais importantes para agendar uma consulta com seu dermatologista.

O protetor solar é mesmo o meio mais eficiente de proteger a pele do sol?

O protetor solar é fundamental, mas não é a única medida e deve ser usado com atenção: aplicado cuidadosamente, garantindo uma cobertura completa, reaplicado a cada duas horas ou após mergulhar ou transpirar excessivamente e, muito importante, não ser utilizado como uma autorização para torrar no sol. “Hoje, fala-se muito sobre o paradoxo do protetor solar, que é uma tese baseada em pesquisas que alerta sobre a exposição indevida ao sol por causa da falsa sensação de segurança que o protetor pode trazer. As pessoas acham que estão protegidas, mesmo aplicando o produto de forma errada ou se esquecendo de reaplicá-lo, e se expõem ao sol sem outras proteções”, explica a Dra. Larissa. O paradoxo do protetor solar teve origem em estudos que identificaram que, apesar do aumento no número de pessoas utilizando protetor solar, as taxas de câncer de pele cresceram na mesma proporção.

“Muita gente costuma ir à praia depois das 11 da manhã, quando, na realidade, deveriam estar voltando para casa. Neste horário, o sol é muito mais nocivo”

Dra. Larissa Machado,
Oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Dra. Larissa Machado

Então, como garantir uma pele protegida?

Além do protetor solar, é importante buscar outras barreiras mecânicas, como roupas compridas e com tramas fechadas, chapéus e bonés, óculos escuros, guarda-sol, entre outras medidas que bloqueiam os raios solares. E, claro, evitar o sol entre 10h e 16h é uma receita antiga, porém muito eficaz. “Muita gente costuma ir à praia depois das 11 da manhã, quando, na realidade, deveriam estar voltando para casa. Neste horário, o sol é muito mais nocivo”, diz a Dra. Larissa.

É possível quantificar o excesso de exposição solar?

De forma geral, quanto mais nos protegemos do sol, menos chances temos de ter um câncer de pele – isso ainda equacionado com outros fatores de risco, como peles muito claras e com muitas pintas e sardas, histórico familiar, idade, entre outras características. Mas, para falar em números, eis alguns dados importantes que mostram como a exposição aos raios ultravioletas aumentam muito o risco de desenvolver cânceres de pele: um histórico de mais de cinco episódios de queimaduras solares ao longo da vida dobra o risco de uma pessoa apresentar um câncer de pele. Além disso, cerca de 40% dos danos solares acontecem até os 18 anos de idade. Ou seja, proteger a pele do sol na infância e na adolescência é fundamental, mas, mesmo depois desta idade, é sempre tempo de se cuidar e reduzir os riscos.

Só tomar sol de vez em quando para se bronzear é perigoso?

Sim! Os “banhistas de sol” ocasionais que se expõem intensamente para pegar um bronzeado rápido também têm risco aumentado para câncer de pele. Isso porque tanto a exposição contínua e diária como a exposição intensa eventual podem facilitar o aparecimento da doença. Então, nada de buscar aquele bronzeado a qualquer custo – inclusive nas câmaras de bronzeamento artificial, que também entram na lista de fatores de risco para o câncer.

No entanto, isso não significa que a luz solar é nossa inimiga – pelo contrário: se usufruída corretamente, faz muito bem à saúde física e mental, garantindo o aporte necessário de vitamina D e gerando sensação de bem-estar. “Tomar sol nos horários recomendados, ou seja, antes das dez da manhã e depois das quatro da tarde, é excelente. E 15 minutos são suficientes”, orienta a Dra. Larissa.

  • Ter mais de 5 queimaduras solares ao longo da vida dobra o risco de desenvolver câncer de pele 
  • Cerca de 40% dos danos solares acontecem até os 18 anos de idade
  • 15 minutos de exposição ao sol (sem protetor), antes das 10h ou depois das 16h, 3 vezes por semana, são suficientes para garantir nossa dose necessária de vitamina D
  • Roupas escuras com tramas fechadas protegem mais a pele do que um protetor solar de fator alto

Hospital Alemão Oswaldo Cruz realiza, nesta sexta-feira (08), evento sobre os avanços da Oncologia de Precisão

Especialistas debatem os 10 trabalhos científicos mais relevantes da área em evento híbrido gratuito

São Paulo, 07 de dezembro de 2023 – O Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz promove, nesta sexta-feira (08), a edição anual do Top 10 Oncologia de Precisão. Trata-se de um evento que reúne os principais especialistas da área para discutir os trabalhos científicos mais relevantes dos últimos 12 meses. O evento será realizado no formato híbrido, com transmissão online e presencial, a partir do auditório do bloco E do Hospital, localizado na Rua Treze de Maio, 1.815, Bela Vista, São Paulo – SP.

O objetivo do encontro é atualizar os profissionais da saúde sobre os avanços da Oncologia de Precisão, abordagem que se vale de informações moleculares dos pacientes para personalizar o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento de diferentes tipos de câncer.

As palestras contarão com a participação de dez speakers de várias regiões do Brasil. Eles apresentarão os dados de dez dos principais artigos científicos do último ano e o seu impacto nos atuais protocolos de tratamento de múltiplas neoplasias.

“Estamos entusiasmados em, mais uma vez, promover um espaço para discutir alguns dos avanços na área. É uma oportunidade para profissionais e interessados no tema acompanharem desdobramentos recentes de algumas das principais pesquisas em curso atualmente”, explica o oncologista clínico e coordenador do evento, Dr. Marcos André Costa.

O evento é uma realização do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC). As inscrições podem ser feitas pelo site: Link. Lembrando que os participantes terão certificado de participação e acesso a dez trabalhos discutidos, que ficarão disponíveis para revisão por 30 dias após a realização do evento. Por fim, os participantes poderão visitar a área com expositores, tanto no presencial quanto no ambiente virtual, onde poderão acessar novidades do mercado.

Dezembro Laranja – Exposição solar excessiva é o principal fator de risco para o câncer mais frequente no Brasil

Dezembro Laranja – Mês de conscientização do câncer de pele

Estima-se que um entre cada quatro casos de câncer diagnosticados se origine na pele, e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país

São Paulo, 04 de dezembro de 2023 – Com mais de 176 mil novos casos por ano, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil. Estima-se que um entre cada quatro casos de câncer diagnosticados se origine na pele. Em 2020, as estimativas de incidência do câncer de pele dos tipos carcinoma basocelular (mais comum e menos agressivo) ou espinocelular (mais agressivo e com células que crescem rápido) foi de 176.930 casos, sendo 83.770 homens e 93.160 mulheres. Já para o tipo melanoma (que é o câncer de pele potencialmente grave pela capacidade de metástase) a estimativa, neste mesmo período, foi de 8.450, sendo 4.200 homens e 4.250 mulheres, o que corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.

Estima-se que no Brasil, entre 2023 e 2025, o número de casos novos de câncer de pele tipo carcinoma seja de 220.490. Já a OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta a ocorrência mundial de 2 a 3 milhões de casos deste câncer de pele por ano e a American Cancer Society estima que a incidência chegue a 5,4 milhões somente nos EUA. A boa notícia é que as chances de cura para neoplasia ultrapassam os 90%, quando descoberta e tratada em fase inicial.

Prevenção e os perigos da exposição ao sol

A exposição solar excessiva, especialmente entre as pessoas de pele e olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, além dos riscos do câncer de pele, causa o envelhecimento precoce da pele, o que facilita o aparecimento de rugas, pintas e até do melasma (manchas na pele de tom mais escurecido). “É necessário que a população adquira e mantenha hábitos de proteção, como o uso frequente do protetor solar, aliado as barreiras físicas (protegem exatamente as partes em que o protetor solar não pode ser usado, como os olhos e o topo da cabeça, por exemplo). Importante nestes casos utilizar óculos de sol, camisetas e chapéus, além de buscar a sombra sempre que possível. É preciso se proteger da exposição solar diariamente, mesmo quando o clima está nublado, e evitar se expor ao sol entre 10h e 16h. As pessoas de pele negra também precisam se cuidar, mesmo que a incidência de câncer de pele nessa parcela da população seja menor. Isso porque há outros fatores de risco incluem indivíduos esse grupo, com histórico familiar, sistema imune debilitado e exposição à radiação artificial”, orienta o Prof. Dr. José Antonio Sanches, coordenador da Dermatologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Equipe multidisciplinar e tecnologia à serviço do paciente

De acordo com o dermatologista, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com equipe multidisciplinar formada por dermatologistas, cirurgiões e oncologistas. Na consulta será avaliado o histórico familiar e pessoal do paciente, com o objetivo de verificar a presença de fatores de risco, além de examinar toda a pele a procura de lesões suspeitas.“Realizamos exame físico, que consiste na observação das características clínicas das lesões como formato, cor, tamanho e textura. Durante a avaliação, dispomos de uma tecnologia, que tem o objetivo de auxiliar no acompanhamento da pele, o Fotofinder. Com esse equipamento é possível fazer o mapeamento digital de toda superfície do corpo, que permite visualizar cada lesão, com a dermatoscopia das pintas (método não invasivo que permite a avaliação das lesões de pele) para pacientes de alto risco para melanoma”, esclarece o especialista.

Sinais de alerta, diagnóstico e tratamento

O sinal de alerta, para o câncer de pele, segundo o Dr. Sanches, é o surgimento de manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram e de feridas que não cicatrizam em até quatro semanas.“Esses sintomas podem ser indicativos do câncer, que ocorre principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas”, orienta.

A maior parte dos cânceres de pele são tratados por meio da remoção cirúrgica da lesão. Isso pode ser alterado de acordo com a localização do tumor, o estágio da doença e as condições físicas do paciente.“As alternativas utilizadas à cirurgia ou concomitante a ela, principalmente nos casos avançados, incluem terapia local, radioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Em relação ao melanoma, o tratamento varia principalmente conforme o estágio da enfermidade. Nos estágios iniciais (0 e 1) é realizada a extração cirúrgica do tumor com margem de segurança, sendo isso normalmente suficiente para curá-lo. Nos demais estágios (2 a 4), é necessário saber a profundidade do tumor, o comprometimento dos linfonodos e de outros órgãos. A partir disso é feita uma programação de tratamento que pode compreender além da cirurgia, radioterapia e imunoterapia”, explica a Dra. Larissa Martins Machado, oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

ABCDE das pintas

Para identificar uma pinta suspeita, o Prof. Dr. José Antônio Sanches recomenda o uso da regra denominada ABCDE, que consiste na observação de cinco aspectos diferentes

  • A – Assimetria: pintas que não são simétricas
  • B – Bordas: quando as bordas apresentam irregularidades em seu formato
  • C – Cor: variação da tonalidade das pintas e mudança de tonalidade de uma pinta já existente
  • D – Diâmetro: pintas com diâmetro maior que 5mm
  • E – Evolução: pintas que se modificam em qualquer aspecto como cor ou tamanho.

MUITO ALÉM DO FILTRO SOLAR

MUITO ALÉM DO FILTRO SOLAR

Conversamos com o professor José Antônio Sanches, dermatologista e coordenador da Dermatologia Oncológica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, sobre a importância de se atentar aos sinais da pele, fazer os exames de detecção precoce regularmente e outros temas relevantes sobre o câncer de pele

LEVE COM VOCÊ: Sabemos que a exposição à radiação solar é o principal fator de risco para o câncer de pele, mas o tipo de pele também tem alguma influência?

PROF. JOSÉ ANTÔNIO SANCHES: Sim, temos gradações para os tipos de pele, que vão do fototipo 1, que é aquele indivíduo com a pele muito clara, olhos e cabelos claros, que se queima facilmente, mas não se bronzeia, até o fototipo 6, que é a pele negra, com alta concentração de melanina e mais resistente ao sol. Claro, a proteção solar é mandatória para todos os tipos, mas pessoas com o fototipo 1 são muito mais suscetíveis a desenvolver um câncer de pele.

Existe alguma relação entre o processo de descascar e o câncer de pele?

A descamação é uma proteção e um aviso. O que acontece é que a radiação solar causa um dano profundo nos queratinócitos, que são as primeiras células da epiderme, e a descamação é mecanismo do corpo para se livrar das células doentes, justamente para evitar que elas virem um tumor. O problema é que, ao fazer isso frequentemente, acaba sobrando algum dano no DNA das células, e você pode acabar tendo um câncer de pele por causa dessa lesão no material genético. Ou seja, quem descasca com frequência, deve se atentar a esses sinais.

As ondas de calor severas que tivemos em 2023, e que devem continuar, aumentam o risco para o câncer de pele? Quais impactos o aquecimento global deve ter sobre a nossa saúde?

Certamente, ainda vão publicar muitos estudos sobre a relação entre aquecimento global e cânceres, mas, especificamente sobre o calor, é importante diferenciar os raios ultravioletas, principais agentes causadores do câncer de pele, e os raios infravermelhos, responsáveis pelo calor. Ambos são gerados pelo sol, mas nos impactam de maneiras diferentes. O aumento do calor, da temperatura, diz respeito à radiação infravermelha e, nesse sentido, o que vemos com mais frequência são outros problemas sistêmicos, como a queda da pressão arterial e até alterações no nosso metabolismo, que pode levar a outras disfunções, como a diminuição das nossas defesas, nos deixando suscetíveis a diversas doenças.

Então o risco para câncer de pele não aumenta necessariamente com o aumento da temperatura?

Quando falamos do sol, o risco para o câncer da pele está sempre relacionado à exposição à radiação ultravioleta. Por isso, um dia nublado e mais fresco em uma praia, por exemplo, pode ser perigoso, já que os raios estão lá, porém filtrados pelas nuvens e sem a sensação de calor, fazendo com que muita gente se descuide da proteção solar.

Considerando a nossa necessidade de vitamina D, cuja maior fonte é o sol, e a necessidade de evitar a exposição demasiada, qual é a solução? Ainda é válida a recomendação de buscar o sol da manhã ou do fim da tarde?

Sim, antes das 10h e depois das 16h. E, nestes horários, é importante a ação do sol na pele desprotegida – ou seja, sem protetor solar – para a síntese de precursores da vitamina D. Mas não há necessidade de exposição intensa. Para pessoas com a pele clara, tomar sol de 10 a 15 minutos nos braços e dorso superior, em torno de 3 vezes por semana, bastam. As peles mais escuras, como são mais resistentes, podem precisar de maior exposição. Muitas vezes é necessária a suplementação oral em indivíduos com deficiência de vitamina D. E, de modo geral, outras recomendações válidas são usar protetor solar e outras barreiras mecânicas contra o sol, como chapéu, guarda-sol, roupas com fator de proteção etc. Vale pontuar ainda que, além do câncer, o sol em excesso também provoca o envelhecimento precoce da pele. Um dado curioso é que tomar muito sol causa um envelhecimento na pele semelhante ao do cigarro. Por isso, é preciso olhar para a pele com esse cuidado, e desde muito cedo. Informação, prevenção e proteção são os melhores caminhos, sempre.

“Acho essencial não transformar o sol em um vilão. O sol é maravilhoso, não adianta querer apagá-lo, mas é preciso saber aproveitá-lo da maneira correta. Temos que ter em mente que a exposição em demasia lesiona a pele e seus efeitos são irreversíveis”

Professor Dr. José Antônio Sanches,
Dermatologista e coordenador da Dermatologia Oncológica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

José Sanches

E quando falamos em prevenção e diagnóstico precoce, quais são as alternativas?

No caso de câncer, falamos em prevenção primária, que é evitar a exposição aos agentes de risco, e a prevenção secundária, que é rastrear ativamente a pele com o objetivo de detectar a doença precocemente, o que aumenta muito as chances de cura. Aqui no Hospital, fazemos um mapeamento digital de toda a pele, da cabeça aos pés. A avaliação é programada, fixa e reproduzível em qualquer exame. Por meio da dermatoscopia, uma lente de precisão sobre a pele, consigo analisar se uma lesão é suspeita. Caso seja, posso indicar a remoção ou o monitoramento daquela formação, a depender do seu tipo. E, caso seja um câncer, trabalhamos em conjunto com o Centro Especializado em Oncologia do Hospital para determinar o melhor tratamento para o paciente.

Na opinião e na experiência clínica do senhor, qual é a importância de um movimento como o Dezembro Laranja para o combate do câncer de pele?

Muito importante, porque estamos falando de uma doença muito prevalente, com altas chances de cura se diagnosticada no início, mas que tem tipos de tumores mais agressivos, como o carcinoma espinocelular e o melanoma, que, quando avançados, podem se tornar mais graves. Mas, mais do que falar em proteção solar – que é extremamente necessária, mas não é o suficiente –, precisamos conscientizar as pessoas de que a pele precisa entrar em uma rotina de check-up. Ou seja, para diagnosticar um câncer de pele no início, é necessário que o paciente seja proativo com a própria saúde: que visite o dermatologista com regularidade e fique atento aos sinais que a pele dá.

ENTENDA O CÂNCER DE PELE

Apresentamos o filtro do Instagram “Proteja sua pele” do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, uma experiência virtual que revela os impactos reais do sol na sua pele. Estamos comprometidos em alertar a sociedade sobre a importância da proteção solar para combater o câncer de pele!

E aliás, você sabia que é o câncer mais frequente no Brasil e no mundo?

Se você tem Instagram, não deixe de fazer essa simulação, e descubra como sua pele pode envelhecer e correr o risco de desenvolver câncer de pele sem o uso de filtro solar!

No seu celular:

  1. Clique no link aqui para iniciar o filtro;
  2. Focalize o seu rosto;
  3. Simule o uso diário e correto com a seta laranja ao lado;
  4. Capture sua imagem ou vídeo;
  5. Compartilhe na sua rede social utilizando a hashtag #SolComCuidadoPeleSegura.
INICIAR FILTRO
Filtro Instagram

VOCÊ SE PROTEGE DA EXPOSIÇÃO SOLAR TODO DIA?

Mais do que envelhecimento cutâneo e manchas, a falta de proteção solar na pele , pode causar câncer de pele. O câncer de pele pode causar a morte, mas tem cura se for diagnosticada precocemente.

E como me prevenir do câncer de pele?

Você deve se proteger com filtro solar, mesmo nos dias nublados, já que as nuvens não conseguem filtrar os raios e a chance de queimar a pele no mormaço é igual ou maior do que em um dia de sol.
Por isso, lembre-se: os cuidados com a pele devem ser uma rotina, independentemente da época ou estação do ano. Visite seu dermatologista todo ano para prevenção do câncer de pele!
O câncer da pele é o câncer mais comum entre os brasileiros, representando 33% de todos os diagnósticos da doença.

QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO?

Sol ou outras fontes de raios ultravioleta

Exposição excessiva ao sol ou outras fontes de raios ultravioleta

Idosos

Estar em um dos grupos mais suscetíveis à doença: Idosos (na maior parte, homens); Pessoas de pele, olhos e cabelos claros (loiros ou ruivos)

Reincidência do câncer

Reincidência do câncer

Imunidade enfraquecida

Imunidade enfraquecida

Hereditariedade

Hereditariedade

SINTOMAS

Melanoma

  • Mudança em mancha ou pinta já existente no corpo;
  • Nova mancha/pinta bem pigmentada ou de aparência incomum em sua pele;
  • Coceira;
  • Sangramento;
  • Problemas de cicatrização.

Carcinoma Espinocelular

  • Enrugamento, mudanças na pigmentação, perda de elasticidade da pele e danos solares em geral;
  • Mancha ou caroço na cor avermelhada;
  • Descamação e crostas, com possível vazamento de líquido;
  • Crescimento rápido;
  • Problemas de cicatrização.

Carcinoma Basicular

  • Aparência protuberante e perolada, como se fosse recoberto de cera;
  • Pode ser branco, rosa claro, bege ou marrom;
  • Sangramento com facilidade;
  • Problemas de cicatrização;
  • Descamação e crostas, com possível vazamento de líquido.

COMO DIAGNOSTICAR?

O diagnóstico é feito principalmente com avaliação clínica e biópsia do tecido suspeito. Conforme o caso específico, outros exames complementares podem ser solicitados, como a dermatoscopia ou a microscopia confocal por imagem.

Quanto mais cedo for realizado, melhor, pois a maioria dos casos descobertos no começo tem mais chances de cura.

PREVINA-SE

O protetor solar é seu amigo
Use um filtro
que tenha o fator de proteção solar (FPS) adequado para seu tipo de pele. O FPS mínimo recomendado é 30.

BANHO DE SOL TEM HORA

Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas.

USE AS ROUPAS E ACESSÓRIOS A SEU FAVOR

  • Roupas de cores claras que cubram bem a pele, como calças e camisetas de manga comprida, resguardam a pele;
  • Chapéus, além de bonitos, protegem a parte superior do corpo;
  • Leve o guarda-sol com você, principalmente quando for à praia!

ENTENDA OS SINAIS DO CORPO

Faça autoexames de pele regularmente e fique de olho em qualquer sinal suspeito. Lembre-se de examinar também mãos, dedos, pés e couro cabeludo. Alerta máximo se você verificar uma mancha ou pinta com uma dessas características:

Assimétrica

ASSIMÉTRICA

Bordas irregulares

BORDAS IRREGULARES

Aparência que muda com o tempo

APARÊNCIA QUE MUDA COM O TEMPO

Variação de cores

VARIAÇÃO DE CORES

Maior que 6mm

MAIOR QUE 6MM

Fonte: Cancer.org/skincancer
American Cancer Society

Você tem várias formas de agendar consultas e exames:

AGENDE POR MENSAGEM:

WhatsApp

Agende sua consulta ou exame:

Agende online
QR Code Agende sua consulta ou exame

Agende pelo app meu oswaldo cruz

App Meu Oswaldo Cruz disponível no Google Play App Meu Oswaldo Cruz disponível na App Store