Nutrientes na veia: conheça a soroterapia e seus riscos

Aplicação de vitaminas e minerais direto na corrente sanguínea promete turbinar a imunidade, melhorar a aparência e aliviar o estresse. Método é perigoso

Pela via injetável, as vitaminas são absorvidas mais rapidamente – isso é útil a pessoas com certas doenças ou condições, mas arriscado quando adotado por pessoas saudáveis, sem recomendação médica.

O consumo indiscriminado de vitaminas e minerais em cápsulas, gomas e afins – que são vendidos sem prescrição nas farmácias – sempre preocupou profissionais de saúde. Afinal, doses extras de nutrientes nem sempre se traduzem em benefícios ao organismo.

Agora, uma nova modalidade de suplementação acende um alerta ainda mais enérgico. Trata-se da chamada soroterapia, caracterizada pela aplicação intramuscular ou endovenosa de uma série de substâncias.

As promessas variam: vão desde turbinar a imunidade e aumentar a energia até melhorar a memória e a aparência. Devido à popularidade das questões estéticas, muitas vezes a injeção é inclusive chamada de “soro da beleza”.

O assunto chamou a atenção quando veio à tona a história de uma grávida de 8 meses que morreu após tomar um coquetel de vitaminas em uma farmácia de Cuiabá (MT).

O objetivo era reforçar a imunidade, já que a mulher estava com sintomas gripais. O bebê também não resistiu.

Aplicações na veia precisam de indicação real

Se os profissionais de saúde já pedem prudência em relação ao consumo de vitaminas e minerais via oral, imagine quando se fala em suplementação direto na veia, que culmina na absorção das substâncias de forma praticamente instantânea.

“Há riscos de intoxicação, arritmia e outras complicações”, alerta a médica Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

A gestante que morreu em Cuiabá teve suspeita de choque anafilático, quando ocorre uma reação alérgica grave e letal. Ela recebeu um coquetel formado pelas vitaminas C e do complexo B.

Em nota, o Conselho Federal de Farmácia destacou que a mistura é contraindicada em caso de gravidez.

Não significa, porém, que a suplementação endovenosa não tenha valor em absolutamente nenhum cenário.

“A soroterapia é útil quando o indivíduo necessita dessa rápida absorção por algum motivo, como no caso de pacientes que fizeram uma cirurgia bariátrica ou que possuem doenças inflamatórias intestinais. Essas condições impedem o sistema digestivo de metabolizar os nutrientes tomados via oral” informa Marcella.

“É como utilizar um remédio para hipertensão: é preciso ter prescrição e contar com acompanhamento médico”, compara Andrea Bottoni, nutrólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ou seja, não é para qualquer pessoa.

“O problema é que isso foi banalizado e, hoje, há misturas voltadas a questões estéticas, imunidade…”, analisa a nutróloga.

Ela lembra que essa “moda” se disseminou a partir da pandemia do coronavírus. No desespero de aprimorar as defesas naturais do organismo, muitos caíram no conto da soroterapia.

Além de ser fundamental ter uma indicação clara para recorrer a esse método de suplementação, o processo precisa acontecer em ambiente hospitalar ou em clínica credenciada – justamente devido aos riscos envolvidos.

“Esses locais são fiscalizados e seguem um protocolo para ter a permissão de oferecer a soroterapia. Ao menor sinal de problema, é essencial contar com uma equipe de emergência”, ressalta Marcella.

Também há farmácias credenciadas para realizar esse tipo de serviço, mas, segundo o Conselho Federal de Farmácia, nunca em pacientes grávidas.

Por que até a ingestão oral de nutrientes exige cautela

Nas farmácias, há prateleiras lotadas de suplementos de todos os tipos (com misturas de vitaminas e minerais ou substâncias isoladas) e em vários formatos (cápsula, pó e goma são exemplos).

E ninguém precisa de prescrição médica para levar um produto desses para casa.

Mas o fato de o consumo ocorrer via oral não significa que os riscos são nulos. Veja:

Quando não há deficiência comprovada de algum nutriente, apostar na suplementação pode levar a uma situação de excesso.

Por exemplo: o abuso de vitamina C, popular entre quem quer manter a imunidade em alta, pode levar a problemas como diarreia e distúrbios gastrointestinais.

Antes de recorrer a produtos desse tipo, o ideal é consultar um profissional de saúde e verificar se realmente há uma questão de déficit nutricional para ser corrigido.

Para não sofrer com baixas nutricionais, a melhor saída é investir em uma alimentação equilibrada e diversificada. “Quem come vegetais de todas as cores e evita produtos ultraprocessados dificilmente terá alguma deficiência. É preciso valorizar o que é natural”, aconselha Bottoni.

“Uma casa firme é construída tijolo a tijolo. Para ficarmos mais bonitos, fortes e saudáveis, devemos construir bons hábitos e conquistar esses ganhos com o tempo”, completa o nutrólogo.

Em resumo, é crucial não acreditar em milagres – sejam eles vendidos em forma de injeções, cápsulas, shots e afins.

Como manter a alimentação saudável durante a Páscoa?

Nutricionista orienta sobre as melhores opções de alimentos para comer durante o feriado e alerta sobre quais os cuidados quem tem diabetes deve adotar

São Paulo, 30 de março de 2023 – Com a chegada da Páscoa, é comum que as pessoas se deliciem com chocolates. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) a indústria de chocolates registrou, no primeiro semestre de 2022, um crescimento de 11,43% na produção de chocolates, se comparado ao mesmo período do ano anterior. No total, foram 370 mil toneladas, ante 332 mil produzidas em 2021.

No entanto, o consumo excessivo pode prejudicar a saúde. Pensando nisso, a nutricionista Bruna Lima, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, dá dicas para um consumo saudável de alimentos neste período. Confira as orientações da especialista:

Como montar um cardápio equilibrado para o almoço de Páscoa?

  • Peixes são uma excelente opção como prato principal: além de serem uma tradição na Páscoa, eles são ricos em Ômega-3, um nutriente importante para a saúde do coração e do cérebro. Dê preferência aos peixes grelhados ou assados, ao invés dos fritos, que são mais calóricos e podem fazer mal para a saúde.
  • Vegetais coloridos: na hora de montar o prato, procure incluir vegetais coloridos, como cenoura, beterraba, espinafre e brócolis. Eles são ricos em vitaminas e antioxidantes que ajudam a prevenir doenças e a manter o corpo saudável.
  • Saladas: são uma opção saudável e refrescante para acompanhar o almoço de Páscoa. Procure incluir ingredientes como folhas verdes, tomate, pepino, cebola e cenoura.
  • Arroz integral: em substituição ao arroz branco, o integral é mais saudável, por ser rico em fibras e nutrientes.

Chocolate pode na dieta?

  • Moderação é a chave: os ovos de chocolate, são ricos em calorias, açúcares e gorduras, portanto, a quantidade consumida deve ser moderada. É importante ter cautela na quantidade e na frequência do consumo. Além disso, é preciso estar atento à composição nutricional dos chocolates escolhidos.
  • Prefira os chocolates amargos: são os mais indicados para consumo, pois contêm alto teor de cacau e pouca adição de açúcar, além de serem ricos em antioxidantes que auxiliam na diminuição dos níveis de LDL (mau colesterol) e da pressão arterial.
  • Escolha bem os chocolates: é importante ler os rótulos dos produtos para saber a quantidade de carboidratos contida em cada porção. Por exemplo, 25 gramas de chocolate ao leite têm em média 13 gramas de carboidratos, que equivale a uma fruta média, uma fatia de pão de forma, um copo de leite integral ou uma colher de açúcar. No ano passado, a nova rotulagem de alimentos foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A partir de então, uma imagem de lupa virá na parte frontal dos alimentos industrializados e os consumidores poderão facilmente visualizar se esses produtos contêm quantidades em excesso de açúcares, sódio e gorduras saturadas em sua composição.
  • Se for consumir o chocolate ou qualquer outra sobremesa, prefira fazê-lo logo após as refeições: isso pode amenizar os efeitos do chocolate sobre a glicemia. A presença de outros nutrientes, como as fibras encontradas em leguminosas, legumes e folhas verde-escuras, faz com que a absorção não seja tão imediata e não eleve tão bruscamente a taxa glicêmica.

Antes de escolher, conheça melhor a composição dos tipos de chocolate:

Chocolate de soja Ideal para veganos e pessoas com intolerância alimentar. A quantidade recomendada deve ser igual a 30 gramas.
Chocolate Amargo Contém grãos de cacau torrados, sem adição de leite, com pouca adição de açúcar. Estudos recentes sugerem que antioxidantes presentes no chocolate amargo, auxiliam na diminuição dos níveis de LDL (mau colesterol) e da pressão arterial. Existem chocolates extra-amargos (75 a 85% de cacau), amargos (50 a 75% de cacau) e meio amargo (35 a 50% de cacau). Mesmo com tantas propriedades devem ser consumidos com moderação: 30 gramas.
Chocolate Diet É composto por massa e manteiga de cacau, leite em pó e adoçantes (sorbitol, sacarina, sucralose, aspartame). Apesar de não conter açúcar em sua composição o chocolate diet apresenta alto teor de gordura, contribuindo para o aumento de peso, portanto, influenciando no controle glicêmico.
Chocolate ao Leite Contém cerca de 30% de cacau, os 70% restantes são açúcar, manteiga de cacau, leite, soro lácteo, emulsionante e aromas. A quantidade consumida deve ser de no máximo 30 gramas.
Chocolate Branco Apresenta um alto teor de gordura saturada em sua composição. É produzido a partir da manteiga de cacau, sem propriedades benéficas.

Tenho diabetes posso comer chocolate?

Quem tem diabetes deve redobrar a atenção. A ingestão diária dos carboidratos, somados ao consumo de chocolates, pode impactar o controle da glicemia. “Quem faz uso de insulina para dar cobertura nas refeições, deve ajustar a dose de acordo com a quantidade do carboidrato a ser ingerido, conforme prescrição médica. E para aqueles que tomam medicação regular, que não abandonem o tratamento”, indica a nutricionista.

Furei a dieta e agora?

Se por acaso você furar a dieta na Páscoa, o ideal é não se desesperar. É importante lembrar que momentos de celebração são importantes e não devem ser fonte de culpa. “O ideal é manter o controle glicêmico e as medicações prescritas pelos médicos mesmo durante o feriado e, após os dias de festas, retomar a dieta normalmente no próximo dia e evitar repetir os excessos. Além disso, é importante manter a atividade física, hidratação, alimentação balanceada nos dias seguintes para equilibrar a ingestão de calorias e nutrientes”, completa.

Especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz dá sugestões de ceias saudáveis para as festas de final de ano

Equilibrando a quantidade e a qualidade dos alimentos, é possível aproveitar ainda mais os cardápios festivos e evitar os exageros

São Paulo, 20 dezembro de 2022 – Com a chegada das diversas confraternizações de final de ano, além do Natal e do Réveillon, muitas pessoas ficam em dúvida sobre o que comer e com a escolha do melhor cardápio. Parece difícil conciliar receitas tradicionais e gostosuras típicas dessa época com uma alimentação saudável. Mas afinal, como aproveitar o melhor das festas sem se preocupar com quilos extras e evitando excessos?

Segundo Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as ceias ideias são aquelas nas quais o contexto familiar está associado, mas que não deixam de trazer às preparações grupos nutricionais importantes, como frutas, verduras, legumes e carboidratos.

“Quando montamos uma salada, por exemplo, vale seguir pelo caminho mais clássico, misturando folhas, legumes e frutas e evitando muita maionese e molhos a base de ingredientes açucarados”, fala a nutricionista. “Na hora do carboidrato, tem família que faz sua tradicional farofa; outra que prefere o arroz. Nesse momento, a dica é incluir ingredientes como vegetais e oleaginosas (como castanhas) à preparação, para adquirir uma combinação que deixe esse carboidrato diferente, com cara de festa, inserindo fibras e gordura de boa qualidade. Apostar em preparações mais leves, já que falamos de um período do ano que apresenta temperaturas mais elevadas, também é uma boa opção”.

Tarcila acrescenta ainda que além dos cuidados com a alimentação, é muito importante manter a hidratação e ter moderação com a bebida alcoólica, que pode ser consumida, mas sem exageros. “É importante cuidar da hidratação e, para isso, vale intercalar líquidos que não necessariamente precisam ser água ou refrigerante. Preparar uma água aromatizada, por exemplo (com rodelas de limão ou laranja, canela em pau, hortelã e/ou capim santo), que fica bonita e chamativa na mesa, pode inclusive estimular a hidratação”, reforça a nutricionista.

E a sobremesa?

É claro que vai ter sobremesa. Mas, a especialista aponta que é importante tentar evitar o consumo de muitas variedades de doces, sempre lembrar das frutas na hora de montar a mesa e evitar aqueles itens mais açucarados e gordurosos.

“Vale fazer a receita clássica familiar, mas tendo atenção à escolha dos ingredientes para o preparo. Por exemplo, se optar por uma mousse de chocolate, é melhor utilizar um produto com maior concentração de cacau. Se preferir sorvete, escolha entre aqueles feitos à base de água e frutas, que possuem menor quantidade de gorduras”, explica a especialista. “Costumamos dizer em nutrição que pode comer de tudo – mas não tudo. O que é mandatório é a quantidade, em qualquer ocasião. É preciso trazer equilíbrio e buscar fornecer todos os nutrientes que o corpo precisa”.

Exagerei! E agora?

Nesses dias de festas, é comum ter uma refeição diferenciada e aumentar a quantidade de alimentos consumida normalmente. Sair um pouco do cardápio habitual faz parte, nessa época do ano, e não vai “levar por água abaixo” toda a dedicação que a pessoa teve durante o ano com a alimentação. Mas, de acordo com a nutricionista, nos dias seguintes às festas e celebrações, é importante retomar os cuidados não só com a alimentação, mas ainda com a hidratação e a atividade física.

“O recomendável é não emendar a semana entre Natal e Ano Novo comendo de forma exagerada, já que não existe receita milagrosa, aquela do dia seguinte, para compensar os excessos”, aponta Tarcila. “Em geral, a orientação é retomar o estilo de vida saudável, voltar a ter refeições organizadas e planejadas ao longo do dia, tentar compor os pratos com frutas, legumes e verduras, que são os alimentos que mais nos ajudam nesse detox do organismo, e retomar a prática de atividade física e a atenção com a hidratação. Tudo isso vai contribuir para que o planejamento, o tempo dedicado e o controle que a pessoa teve ao longo do ano inteiro não sejam comprometidos”, conclui.

Abaixo seguem algumas opções de cardápio elaborados pela nutricionista:

Opção 1 – Ceia Leve

Entrada

Salada de folhas verdes, uva itália, pepino japonês e molho de iogurte natural com hortelã.

Salpicão de Frango ou Atum: utilizar iogurte desnatado e ervas para temperar, acrescentar maçã, cenoura e salsão.

Prato Principal

Peru assado. Enfeitar com frutas como abacaxi.

Acompanhamento

Arroz com passas e amêndoas.

Farofa com couve.

Sobremesa

Gelatina colorida

Taça de frutas com sorbet de limão

Opção 2 – Cardápio Vegano

Entrada

Tomate recheado com lentilha.

Salada de alho-poró com maçã verde e tofu.

Prato principal

Seitan (espécie de carne de glúten para substituir o tender, peru ou pernil) ao molho madeira.

Strogonoff de palmito.

Acompanhamento

Arroz sete grãos.

Farofa de castanha.

Sobremesa

Pavê de pêssego.

Panetone de frutas.

Sugestão 3 – Cardápio para intolerantes ao glúten ou lactose

Entrada

Rolinho de berinjela e abobrinha.

Bruschetta de shimeji.

Prato Principal

Bacalhoada.

Acompanhamento

Risoto de quinoa.

Sobremesa

Bolo natalino de frutas secas (sem glúten e sem lactose).

Como aliar saúde mental e física com estudos pré-vestibular

São Paulo, 1 de dezembro de 2022 – O fim do ano se aproxima e com ele chega o período mais esperado pelos estudantes: a temporada de Vestibulares. Junto dela vem no pacote o estresse, o nervosismo e a ansiedade. Por isso, mais do que ter se preparado ao longo do ano para as provas, é preciso ter inteligência emocional, ou seja, administrar as emoções para conquistar um melhor rendimento no dia da prova.

Como equilibrar isso tudo? Para a psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Karen Bisconcini, é indispensável montar uma rotina de estudos que contemplem momentos de lazer, exercícios físicos e outras atividades que possibilitem o autocuidado e bem-estar. “É necessário ter pausas entre as horas de estudo para o melhor foco e concentração. Importante, também, que o vestibulando mantenha atividades sociais e familiares para não ficar apenas sob estresse da prova”, explica Karen.

Outros fatores importantes são assegurar uma boa alimentação e a qualidade do sono. “Se exercitar com regularidade, dormir e se alimentar bem são partes essenciais para estar mais tranquilo e bem preparado para o dia da prova. A falta de uma rotina para dormir, por exemplo, ou dormir poucas horas pode provocar uma exaustão “acumulada”, acarretando a irritabilidade, falta de atenção e cansaço excessivo.”, reforça.

A dieta do estudante

Bruna Lima, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, diz que o alicerce de uma mente saudável é ter um corpo saudável, e para isso é fundamental que o estudante dê atenção a sua dieta, tanto no dia a dia pré-vestibular quanto no momento final.

Para o dia da avaliação, ela ressalta a importância da primeira refeição do dia. “No dia anterior da prova vá dormir cedo e acorde em um bom horário para preparar um bom café da manhã, que é uma refeição de extrema importância para fornecer energia para o seu dia. Nessa refeição é legal ter uma variedade de frutas, granola ou aveia e uma proteína, como iogurte natural e ovos mexidos”, recomenda Bruna.

Também é interessante evitar alguns tipos de alimentos, explica a nutricionista. “Mantenha sempre uma alimentação equilibrada onde a sua base devem ser os alimentos naturais, como frutas, legumes, verduras, cereais. Evite os ultraprocessados, doces, frituras e refrigerantes”, explica.

Outra dica de ouro, segundo a nutricionista, é não exagerar na comida. “Não coma muito próximo do horário da prova para não se sentir “pesado” e não ter sono. Procure almoçar com antecedência. E atenção, não tome muita água antes de entrar na sala da prova para que a vontade de ir ao banheiro não atrapalhe sua concentração” finaliza a nutricionista.

COMA COMIDA

O consumo de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura tem tornado a população brasileira cada vez mais doente; a solução passa longe dos regimes milagrosos e está mais próxima à dieta dos nossos avós

O que comer? Comida.” Em tradução livre, é assim que o jornalista americano Michael Pollan abre o primeiro capítulo do seu livro Regras da Comida (Intrínseca, 2010). A réplica aparentemente óbvia chega a ser inovadora em tempos nos quais há tantas opções em prateleiras de supermercados, restaurantes e franquias de fast food, mas pouquíssimas, de fato, alimentam. Pollan, que é famoso por sua abordagem direta sobre alimentação, prega o retorno ao que sempre foi considerado comida, em detrimento das invenções da indústria alimentícia. Ou, como ele mesmo diz, “não coma nada que sua avó não reconheceria como comida”.

Se, por um lado, é inegável que os alimentos processados tornaram disponíveis alguns nutrientes essenciais em tempos de desnutrição – da Suíça de meados do século 19 ao Brasil de poucas décadas atrás –, por outro, em grande parte graças aos cereais enlatados, biscoitos e bebidas gaseificadas cheias de açúcar, fizeram a população brasileira migrar da subnutrição diretamente para a obesidade. A taxa quase dobrou na última década: estamos falando de 20% da população. Os que estão com sobrepeso, estágio anterior à obesidade, são 58%, quase o triplo dos anos 2000. A cada ano, 300 mil pessoas são diagnosticadas com diabetes tipo II, uma das doenças relacionadas à obesidade. “A disponibilidade de alimentos altamente calóricos e pobres em nutrientes está gerando um novo tipo de desnutrição, caracterizada por um número cada vez maior de pessoas com sobrepeso que, ao mesmo tempo, têm uma nutrição precária”, constatou uma recente reportagem especial do The New York Times sobre como o alto consumo de alimentos processados vem afetando a saúde da população de baixa renda no Brasil, que até pouco tempo atrás não tinha acesso a eles. E o problema não é apenas social. As classes mais favorecidas que, em tese, têm acesso a mais informação são bombardeadas o tempo todo com novas dietas, alimentos milagrosos e tendências alimentares restritivas como, por exemplo, eliminar o glúten do menu sem recomendação médica.

No meio de todo esse turbilhão, especialistas, assim como Pollan, incentivam um retorno às origens. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, cuja segunda edição foi lançada em 2014 pelo Ministério da Saúde, alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, devem ser a base da alimentação. Elaborada por especialistas do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens – USP), a publicação traz informações baseadas nas pesquisas mais recentes sobre o assunto.

“Alimentos in natura ou minimamente processados, predominantemente de origem vegetal, devem ser a
base da alimentação”

Guia Alimentar para a População Brasileira

AÇÚCAR E GORDURA: AMOR E ÓDIO

O açúcar talvez seja o alimento mais amado na história da humanidade e o com pior fama nas últimas décadas. Desde que os europeus começaram a ocupar as Américas com o plantio de cana, seu consumo só aumenta. Hoje, um brasileiro consome em média 55 quilos de açúcar por ano, enquanto, há pouco menos de um século, essa marca era de 15 quilos. A porção atual equivale a 32,6 colheres de chá de açúcar por dia – 60% disso está embutido nos alimentos industrializados. Vinte gramas de leite condensado, por exemplo, têm duas colheres de chá de açúcar; um copo de refrigerante de cola, quatro colheres e meia; a mesma quantidade de suco de néctar de uva, seis colheres. Um dos perigos desse alto consumo é que o açúcar refinado é rapidamente absorvido pelo corpo, que, por sua vez, vai pedir mais e mais. “Uma maçã e um bombom podem até ter a mesma quantidade de calorias, mas o corpo gasta energia para digerir a fruta, cujo açúcar é envolto em fibra. Já para digerir o açúcar do bombom, o corpo não gasta nada”, diz o Dr. Nelson Liboni, médico gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Passamos a maior parte da nossa evolução obtendo açúcar a duras penas em outros alimentos, como frutas e cereais, e o contato em tempos recentes com sua versão refinada dá uma mensagem perniciosa ao organismo.

Ao comer um doce, o sistema de recompensa do cérebro, o endocanabinoide, libera substâncias como a dopamina, que dá uma impressão de prazer. Gera-se um círculo vicioso em que a pessoa sente que precisa repetir a dose para ter esse prazer novamente. Além dessa relação perigosa, o excesso de açúcar acaba se transformando em gordura, um dos fatores que leva à obesidade.

Não à toa, a Organização Mundial da Saúde recentemente diminuiu pela metade a quantidade de sacarose recomendada por dia, de 10% do total de calorias ingeridas para 5%, o que corresponde a 25 a 50 gramas diárias. “A recomendação pretende limitar o consumo de açúcares ocultos em alimentos industrializados, responsáveis por contribuir com inúmeros problemas de saúde, como o sobrepeso, a obesidade e as cáries”, diz uma recente nota técnica da Sociedade Brasileira de Diabetes.

“A Organização Mundial da Saúde diminuiu pela metade a quantidade de sacarose recomendada por dia”

Doze mandamentos da boa alimentação

Um apanhado das melhores dicas de Michael Pollan no seu livro Regras da Comida

  1. Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida
  2. Só coma alimentos que tenham sido preparados por humanos
  3. Evite alimentos que você vê anunciados na televisão
  4. Evite alimentos que contenham alguma forma de açúcar (ou adoçante) entre os
  5. três primeiros ingredientes
  6. Compre seus lanches na feira
  7. Coma principalmente vegetais. Sobretudo folhas
  8. Faça refeições coloridas
  9. Não esqueça dos peixinhos oleosos
  10. Coma os alimentos doces como você os encontra na natureza
  11. “Quanto mais branco o pão, pior”
  12. Coma quando tiver fome, não quando estiver entediado
  13. Cozinhe

A gordura, outra substância polêmica, também causa uma espécie de “curto-circuito” cerebral. Os dois neurotransmissores no sangue responsáveis por informar ao cérebro que o corpo já está satis[1]feito, a insulina e a leptina, começam a ser produzidos em excesso com o alto consumo de gordura.

O cérebro, então, passa a ignorá-los, como forma de defesa. Pesquisas recentes com ratos já apontaram que o consumo em excesso de gorduras saturadas, as de origem animal, causam inclusive morte de neurônios em uma área do cérebro que controla a saciedade.

DIETAS INIMIGAS DA SAÚDE (E DO EMAGRECIMENTO)

Outra confusão comum no organismo se dá nas dietas restritivas e radicais, quando se tenta emagrecer muito em pouco tempo. “O corpo começa a se defender, entende que está desnutrido e passa a armazenar tudo o que entra”, explica a nutricionista Tarcila Ferraz de Campos, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Por isso, é comum em quem faz esse tipo de regime engordar ao invés de emagrecer. A nutricionista recomenda mudanças progressivas, acrescentando alimentos saudáveis em substituição aos calóricos e industrializados. “Não adianta querer uma mudança repentina. É preciso garantir uma regularidade de nutrientes”, diz.

Essa foi a solução adotada pela hoje especialista em saúde integrativa Melissa Setubal. Quando vivia a pesada rotina de uma empresa multinacional – o que envolvia muitas vezes “almoçar” uma coxinha e um refrigerante –, ela se viu doente, tanto física como mentalmente. Hoje, longe daquela rotina, faz da alimentação saudável uma causa. “Você já viu alguém de dieta genuinamente feliz, com um sorriso largo no rosto, com brilho nos olhos? Eu não”, ela diz. Estudando o assunto há uma década, Melissa observou que “as pessoas em dieta restritiva costumam ter um semblante tenso e ficam mais agitadas, com pavio curto, ou se assustam mais facilmente com qualquer coisa”.

Ela não está sozinha. Uma de suas inspirações é a neurocientista Sandra Aamodt, autora do livro Why Diets Make Us Fat (“Por que as dietas nos fazem engordar”, sem tradução no Brasil). Sandra diz que, ao longo da história da humanidade, a fome foi um problema muito maior do que comer em excesso. Por isso, nosso cérebro sempre vai achar que precisamos engordar, nunca o contrário. “Se perdemos muito peso, ele reage como se estivéssemos morrendo de fome. E independentemente de termos começado gordos ou magros, a resposta do nosso cérebro é exatamente a mesma: engorde”, explicou Sandra em uma palestra. A solução, segundo ela, é comer com consciência. É preciso “aprender a compreender os sinais do seu corpo, para comer quando estiver com fome e parar quando não se tem fome”. Claro, a reeducação alimentar não se consegue da noite para o dia. Para se comer bem e direito é preciso mudar hábitos, manter-se constante e em vigília, até que a nova “programação” seja estabelecida e adaptada à rotina. Uma vez conquistado, o bom hábito alimentar traz efeitos benéficos para a vida toda.

Pessoas em dieta restritiva costumam ter um semblante tenso e ficam mais agitadas, assustadas e com pavio curto”

Melissa Setubal, especialista em saúde integrativa

O PERIGO DAS DIETAS RESTRITIVAS COM A CHEGADA DO VERÃO

Você sabia que 90 a 95% das pessoas que conseguem perder peso rapidamente por meio de dietas muito restritivas voltam a engordar?

Isso acontece porque é muito comum que, após o emagrecimento, as pessoas tendem a seguir com o padrão de alimentação anterior à dieta.

No episódio desta semana, a nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, Tarcila Campos, fala sobre os riscos que as dietas restritivas e da moda causam à saúde.

DICAS DE ALIMENTAÇÃO – PRÉ E PÓS-TRATAMENTO DE QUIMIOTERAPIA

Manter uma alimentação saudável durante as sessões de quimioterapia contribui para que o tratamento contra o câncer seja mais eficaz e positivo. Porém, sabemos que o tratamento pode diminuir o apetite, alterar o paladar, causar feridas na boca ou até mesmo provocar náuseas e vômitos. Mas, com alguns cuidados, é possível evitar esses desconfortos e conseguir se alimentar bem.

No episódio desta semana, o Dr. Pedro Dal Bello – Nutrólogo explica como manter o seu organismo forte durante o tratamento, dicas para diminuir os efeitos colaterais e quais alimentos são essenciais durante a jornada.

PÁSCOA: VANTAGENS DO CACAU E RECEITA COM CHOCOLATE

A Páscoa se aproxima e, com ela, a vontade de comer chocolate. Mas antes que você sinta culpa por desejar o famoso “alimento dos deuses”, saiba que o cacau, ingrediente-base do chocolate, pode trazer vários benefícios para a saúde! É o que explica, no episódio desta semana, a nutricionista Camila Carvalho, do nosso Centro Especializado em Obesidade e Diabetes. Ao final do episódio você também encontra uma receita prática, saudável e deliciosa de bombom de chocolate com amendoim. Dê o play e confira!

https://open.spotify.com/episode/4uDjhJONsVCt9rhmyYi8mO

DICAS DE NUTRIÇÃO PARA PACIENTES ONCOLÓGICOS

Quem está em tratamento de câncer precisa de um acompanhamento nutricional adequado, não é mesmo? A manutenção da boa alimentação é fundamental tanto no controle dos sintomas da doença quanto dos efeitos colaterais durante o tratamento. Por isso, o episódio desta semana traz dicas de nutrição para pacientes oncológicos, selecionadas pela nutricionista Kátia Braz, do nosso Centro Especializado em Oncologia. Dê o play e confira.

COMPULSÃO ALIMENTAR: O QUE VOCÊ PRECISA SABER

Imagine consumir, sozinho, dois potes grandes de sorvete em uma só noite. Ou, então, comer lanches e doces até passar mal, mesmo sem estar com fome. Esses exemplos são sinais da compulsão alimentar, que hoje atinge cerca de 5% da população mundial, segundo a OMS. Ouça o episódio de hoje, com a nutricionista Tarcila Campos e a psicóloga Graça Camara, ambas do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e confira tudo o que você precisa saber sobre esse transtorno.

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