Diabetes avança na América Latina e coloca Brasil no centro da crise de saúde

Número de pessoas com a doença deve crescer 45% até 2050 e acende alerta para diagnóstico tardio, desigualdade no acesso e riscos à população mais vulnerável

São Paulo, 23 de abril de 2025 – O diabetes é uma das maiores crises de saúde pública do século XXI e a América Latina, especialmente o Brasil, está no centro dessa epidemia. De acordo com os dados mais recentes do Atlas de Diabetes 2025, o número de adultos vivendo com a condição deve crescer de forma acelerada nas próximas décadas. Em toda a América Central e do Sul, a projeção é de um aumento de 45% nos casos até 2050, saltando de 35,4 milhões de pessoas em 2024 para mais de 51,5 milhões. O Brasil é, de longe, o país mais afetado da região, com números que seguem uma trajetória preocupante, impulsionados pelo envelhecimento populacional, aumento do sedentarismo, crescimento da obesidade e desigualdade no acesso à saúde.

Hoje, estima-se que mais de 16 milhões de brasileiros convivam com o diabetes, em sua maioria do tipo 2, forma da doença associada a fatores genéticos principalmente, combinados com aumento de peso, má alimentação e inatividade física. O mais alarmante, no entanto, é que uma grande parte dessas pessoas desconhece o diagnóstico. O Atlas estima que 43% dos casos da enfermidade no mundo não tenham sido diagnosticados, a imensa maioria deles do tipo 2. Isso significa que milhões de pessoas seguem suas rotinas normalmente, sem saber que estão sob risco elevado de desenvolver complicações graves e até fatais.

Para a endocrinologista Dra. Tarissa Petry, do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o atraso no diagnóstico segue sendo um dos maiores desafios no combate a diabetes. “O diagnóstico precoce é fundamental. Quanto mais cedo identificamos o diabetes, maiores são as chances de controlar a doença e evitar complicações como infarto, AVC, perda da visão e amputações”, explica a especialista. Segundo ela, a ampliação do acesso a exames simples e de baixo custo, como a dosagem de glicemia e a hemoglobina glicada ou o teste oral de tolerância à glicose, poderia ter um impacto significativo, sobretudo nas populações mais vulneráveis.

O impacto econômico também já é sentido. No Brasil, os gastos diretos com o tratamento superam os R$ 42 bilhões por ano, número que tende a aumentar com o crescimento da população com diabetes. Além do custo com medicamentos, insulina e insumos para monitoramento, o sistema de saúde arca com os efeitos de complicações evitáveis, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal e amputações. A mortalidade associada ao diabetes também é elevada: mais de 3,4 milhões de pessoas morreram por causas ligadas à doença no mundo apenas em 2024.

Diabetes gestacional

Outro ponto crítico revelado pelos dados mais recentes é a hiperglicemia na gestação, que já afeta cerca de uma em cada cinco gestações. “A condição, que inclui tanto o diabetes pré-clinica quanto o gestacional, traz riscos sérios para mãe e bebê ”. Segundo a endocrinologista, a gravidez é uma oportunidade essencial para identificar alterações metabólicas que muitas vezes estavam presentes antes mesmo da gestação. “O rastreio correto e o acompanhamento adequado podem mudar o rumo da vida dessas mulheres. Com o diagnóstico certo e o cuidado multidisciplinar, é possível evitar complicações e reduzir os riscos para a mãe e o bebê”, afirma a endocrinologista.

Como fica o futuro?

As projeções para o futuro reforçam a urgência de medidas mais eficazes. O mundo deve ultrapassar 850 milhões de pessoas com diabetes até 2050, e o Brasil continuará entre os dez países com maior número de casos. O crescimento acelerado de casos diagnosticados está diretamente ligado ao estilo de vida urbano, caracterizado por dietas ricas em alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e baixos níveis de atividade física, além de fatores como poluição e estresse crônico. A obesidade infantil também preocupa, já que o diabetes tipo 2 passou a surgir cada vez mais cedo, inclusive entre adolescentes e jovens adultos.

Diante desse cenário, especialistas reforçam que combater a doença exige políticas públicas de prevenção, rastreamento sistemático, programas de educação em saúde e garantia de acesso ao tratamento. O Brasil tem alguns avanços importantes, como a oferta gratuita de insulinas e medicamentos via SUS, mas ainda carece de programas nacionais mais robustos de triagem e acompanhamento. “Não podemos mais tratar o diabetes como uma condição individual. É um problema de saúde pública que exige investimento em prevenção, acesso a medicamentos, equipes multidisciplinares e programas de educação em saúde”, conclui a Dra. Tarissa Petry.

Reduzir seu impacto nas próximas décadas depende de ação imediata e coordenada entre governos, profissionais de saúde, sociedade civil e a população em geral. A urgência é ainda maior na América Latina, onde o crescimento da doença avança em ritmo acelerado, colocando em risco não apenas vidas, mas também a sustentabilidade dos sistemas de saúde.

Fim do IMC?

Faz parte da consulta de rotina dos pediatras pesar e medir as crianças. Essas informações são essenciais para compor o índice de massa corporal (IMC) – utilizado para avaliar se o paciente está dentro do peso ideal. No entanto, a Comissão Global sobre Obesidade Clínica acaba de propor uma reformulação no diagnóstico da obesidade. Em um artigo publicado na revista The Lancet, pesquisadores defenderam a divisão da obesidade em dois tipos:

Pré-clínica: excesso de gordura corporal, mas a função dos órgãos e tecidos segue preservada.

Ou seja, a pessoa não apresenta sintomas devido à obesidade.

Clínica: doença crônica e sistêmica caracterizada por alterações na função dos tecidos e órgãos devido ao excesso de adiposidade.

Além disso, eles destacam que as medidas baseadas no IMC são insuficientes para o diagnóstico da obesidade como doença. De acordo com Ricardo Cohen, um dos autores do artigo e coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), o IMC só reflete o acúmulo de gordura. “O problema do IMC é sub ou hiper diagnosticar a obesidade clínica. Há adolescentes que terão um IMC alto, mas não apresentarão sintomas“, destaca. Para o especialista, é essencial incluir a obesidade no rol de doenças crônicas com sintomas definidos. Assim, é possível fazer um atendimento para o paciente, focando nos sinais apresentados.

OBESIDADE INFÂNCIA OU ADOLESCÊNCIA: UMA DOENÇA EM CRESCIMENTO

Ilustração de médico avaliando paciente com obesidade, destacando impactos na saúde e cuidados necessários.

A obesidade é uma doença crônica complexa, causada por fatores genéticos, comportamentais, genéticos e ambientais. Além disso, é progressiva; se não tratada, tende a resultar em doenças associadas. Representa um problema de saúde mundial que afeta pessoas de todas as idades, desde a infância até a terceira idade.

O índice de obesidade é alarmante. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade (WOF 2024), até 2035, mais de 750 milhões de crianças (com idades entre 5 e 19 anos) deverão viver com sobrepeso ou obesidade, o que equivale a duas em cada cinco crianças globalmente.

Com dados que nos mostram que a obesidade tem aumentado entre crianças e adolescentes, é importante destacar que, embora a genética seja a principal causa, outros fatores têm influenciado cada vez mais essa condição. “A genética é responsável por cerca de 70% das causas da obesidade em todas as idades, mas há uma combinação com o ambiente e fatores obesogênicos, que incluem aspectos da vida moderna: a falta de tempo, o aumento do consumo de alimentos industrializados e o sedentarismo. No caso específico das crianças, o que é preocupante é que elas estão sendo expostas a essas mudanças ambientais muito cedo, aumentando a chance de desenvolver uma doença relacionada à obesidade, como pressão alta, colesterol alto ou diabetes tipo 2 que, conforme observamos, pode ser até mais grave que na fase adulta”, explica a Dra. Tarissa Beatrice Zanata Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Ainda segundo o relatório do WOF, em 2035 “estima-se que 68 milhões de crianças estarão sofrendo de pressão arterial alta devido ao seu IMC elevado, cerca de 27 milhões estarão vivendo com hiperglicemia devido ao seu IMC elevado, me 76 milhões terão baixos níveis de colesterol HDL devido ao seu IMC elevado”.

Hoje, discutimos cada vez mais sintomas e sinais que antes eram ignorados, como cansaço e dores no corpo. Como explica a especialista: “a obesidade não é apenas uma questão de vontade; ela aumenta a preferência por alimentos altamente palatáveis, como gordura e açúcar, o que pode levar a um estilo de vida mais sedentário”. Por isso, é essencial que as famílias busquem orientação médica para o diagnóstico e tratamento da obesidade, assim como ocorre com qualquer outra doença. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, menores as chances de que crianças e adolescentes sofram com a inflamação causada pela doença e desenvolvam complicações associadas.

Para orientar pais e familiares, a endocrinologista pediátrica do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dra. Ruth Rocha Fraco, respondeu às principais dúvidas sobre o tema. Confira a entrevista:

Qual sinal de alerta para os pais sobre a obesidade em crianças em adolescentes?

A obesidade é uma doença crônica de difícil controle, então o sinal mais importante é a identificação do ganho de peso demasiado em qualquer faixa etária. O tratamento correto desde o início é muito importante para evitar consequências mais serias como o diabetes e doenças cardiovasculares.

O pai/ mãe com obesidade tem que ficar mais alerta?

Sim, justamente por ser uma doença com forte influência genética. Pais com obesidade terão mais chance de terem filhos com mais predisposição a obesidade também. Se um dos pais tem obesidade a chance de o filho ter obesidade é 50%, se os dois pais têm obesidade a chance aumenta para 80%.

Como a obesidade é diagnosticada em crianças/ adolescentes?

Diferente do adulto que a classificação de obesidade é dada por um número fixo de IMC (IMC > 30), para crianças e adolescentes este número varia com a idade e o número não é fixo, por isso, usamos os gráficos de índice de massa corporal.

Quais são os principais fatores que contribuem para a obesidade nessa faixa etária?

Os principais fatores são: genética; sedentarismo (falta de brincadeiras ao ar livre; falta de atividades programadas); excesso de tempo de tela (TV, celular, computador); baixa qualidade de sono; uso de alguns medicamentos (como corticoides); ambiente alimentar obesogênico (com excesso de alimentos industrializados e altamente calóricos com muito açúcar e gordura).

Quais abordagens são mais eficazes para tratar a obesidade em jovens?

O tratamento envolve principalmente a mudança de hábitos; o que não é fácil. Então para o tratamento funcionar bem o primeiro passo é a conscientização sobre a doença obesidade e depois o envolvimento dos adolescentes nas decisões e propostas do tratamento. Um passo muito importante é retirar a culpa que em geral o adolescente sente por estar acima do peso.  Isto leva a baixa autoestima e resistência a mudanças.  O que mais funciona é quando, além do adolescente, a família apoia e ajuda no tratamento, ao invés de apenas cobrar ou jogar toda a responsabilidade para o adolescente.

Como a obesidade impacta a saúde mental das crianças/ adolescentes?

A obesidade pode levar a baixa autoestima, ao isolamento social, a depressão e a quadros graves de ansiedade, o que causa impacto na formação da personalidade e de como este adolescente vai se posicionar na vida adulta. Em geral um adolescente com obesidade pode gerar mais problemas de relacionamento na vida adulta.

Quais estratégias são eficazes na prevenção da obesidade infantil?

A melhor e mais eficaz estratégia é a prevenção da obesidade, que começa na vida intrauterina com o ganho de peso da mãe. Depois a instituição de um estilo de vida saudável desde infância para um melhor controle de peso.

Quais são os desafios no tratamento a longo prazo da obesidade?

A obesidade é uma doença redicivante, ou seja, mesmo após a perda de peso o organismo tenta retornar ao peso anterior, o que torna processo de manutenção difícil e exige envolvimento do núcleo familiar, não só por um período, mas por toda a vida.

Como os pais encaram o tratamento dos filhos? Ainda há muito medo/preconceito?

A maioria das famílias tem dificuldade de entender a obesidade como uma doença e, por isso, muitas vezes tem e dificuldade em aceitar a indicação de um medicamento. Além do mais, o abuso das medicações para obesidade (que causavam dependência e problemas de saúde) no passado, ainda marcam a sociedade e geram medo sobre o tratamento. Mas hoje as medicações são muito seguras e já aprovadas para a adolescentes.

O adolescente com obesidade passará por mais dificuldade na fase adulta?

Sim, pois como exposto anteriormente a recorrência da obesidade é grande e vai acontecer principalmente se não houver mudança no estilo de vida, que seja duradoura. Já a obesidade não tratada vai trazer consequências tanto sociais, como na saúde.

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Publicação do The Lancet reforça que tratamento eficaz e contínuo da obesidade tem de aliar intervenções terapêuticas a mudanças no estilo de vida

Revisão sobre opções de tratamento da doença tem como coautor o Dr. Ricardo Cohen, médico cirurgião do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital.

São Paulo, 19 de gosto de 2024 – Não é possível garantir sucesso no tratamento da obesidade sem que haja a combinação entre intervenções terapêuticas e mudanças no estilo de vida do paciente, essa é a conclusão da revisão das opções de tratamento da doença que publicada na sexta-feira, 16 de agosto, na The Lancet, uma das revistas científicas de maior relevância mundial.  

O artigo, que tem como coautor o Dr. Ricardo Cohen, médico cirurgião do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e atual presidente mundial eleito da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO), reafirma que apenas intervenções no estilo de vida não são suficientes para atingir e manter as metas de tratamento da doença sem intervenções terapêuticas adicionais.

A publicação mostra a eficácia e segurança das modernas opções de medicação disponíveis e afirma que a cirurgia bariátrica e metabólica é o tratamento mais eficaz para a remissão da doença obesidade e das complicações a ela associadas. As evidencias científicas robustas sobre a segurança e os efeitos de longo prazo da cirurgia levaram a International Federation for the Surgery of Obesity  e a Metabolic Disorders and the American Society for Metabolic and Bariatric Surgery a revisarem  e atualizarem as indicações de 1991 para a indicação do procedimento operatório.

De acordo com as revisões, as intervenções no estilo de vida que visam melhorar os padrões alimentares dos pacientes, a adoção da prática regular de atividade física, redução dos níveis de estresse e boa qualidade do sono são a base do tratamento para obesidade e componentes importantes de qualquer abordagem de tratamento voltada para melhorar os resultados de saúde a longo prazo. No entanto, intervenções terapêuticas são necessárias para haja sucesso efetivo e a longo prazo no tratamento da doença que segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) deve comprometer a qualidade da saúde de cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo até 2035. 

Prevenção

Dados da Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation) estimam que em 2035, 41% da população brasileira será obesa e que o que o crescimento anual da doença será de 2,8% no país. Os pesquisadores envolvidos na revisão do The Lancet alertam que apesar de os tratamentos medicamentosos e cirúrgicos oferecerem benefício consideráveis às pessoas com obesidade é crucial aumentar os esforços na prevenção para frear o avanço da epidemia mundial de obesidade. 

Essa nova revisão ressalta que as estratégias de prevenção da obesidade são diferentes das de tratamento. Estas últimas incluem a farmacoterapia moderna associada a cirurgia em alguns casos para o melhor desfecho para os pacientes”, afirma o Dr. Ricardo Cohen, coautor da publicação e médico cirurgião do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Dia Nacional do Diabetes: especialista do Hospital Oswaldo Cruz explica como negação do paciente à doença atrapalha tratamento

Endocrinologista do Centro de Controle de Obesidade e Diabetes reforça como equipe de saúde tem papel decisivo para reverter reações negativas

São Paulo, 26 de junho de 2024 – Nesta quarta-feira (26/6) é celebrado o Dia Nacional do Diabetes, data instituída pelo Ministério da Saúde em parceria com a OMS (Organização Mundial da Saúde) para alertar sobre os riscos à saúde de uma doença crônica, progressiva e silenciosa que atinge mais de 16,8 milhões de pessoas em todo o país, segundo o órgão federal.

O Brasil ocupa a quinta posição entre os países com maior incidência da doença entre adultos, atrás apenas da China, Índia, EUA e Paquistão.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado asseguram ao paciente o controle da glicemia, proporcionando que leve uma vida com qualidade. No entanto, para começar a tratar a doença e sofrer menos suas consequências, o paciente deve aceitar que tem diabetes.

A negação é uma das reações ao diagnóstico do diabetes, assim como a tristeza, medo, raiva e ansiedade, previstas pela comunidade médica, de acordo com o Ministério da Saúde. O trabalho dos especialistas nesta fase do tratamento é essencial para acolher o paciente e garantir a oferta do tratamento adequado e personalizado.

“Isso não acontece só com o diabetes, mas com toda doença crônica. É mais comum do que se imagina. A preocupação maior é que estudos mostram que, as pessoas que em negação têm maior probabilidade de evoluir para complicações do diabetes, por não serem orientadas o suficiente sobre os comportamentos que causam complicações”, disse a Dra. Tarissa Beatrice Zanata Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O acesso às eficazes opções terapêuticas e o acompanhamento médico de qualidade são essenciais para que as pessoas com diabetes não sofram as consequências da doença.

Além de médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas também devem atuar para desmistificar preconceitos ao tratamento.

“As equipes de saúde têm papel decisivo na conscientização e participação ativa do paciente no tratamento do diabetes”, afirmou Graça Câmara, psicóloga do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital.

“Fazer com que os pacientes sejam participativos no tratamento é necessário para que sinais e sintomas da doença, como emagrecimento repentino, boca seca, cansaço, visão turva, aumento de idas ao banheiro e fome, não passem desapercebidos ou sejam atribuídos a outras causas como excesso de trabalho ou falta de tempo para se alimentar direito”, ressaltou a endocrinologista.

Estimativas alarmantes

O diabetes, que mata 1,5 milhão de pessoas por ano no planeta, já é uma das dez principais causas de mortes por doenças no mundo, segundo a OMS.

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, mais de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2 da doença, que se manifesta frequentemente em adultos e ocorre quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz, ou não produz insulina suficiente para o controle glicêmico.

Em todo o mundo, 10,5% da população adulta mundial vive com a doença e metade delas desconhecer ter diabetes, de acordo com o atlas da Federação Internacional do Diabetes (IDF) de 2021. As projeções da IDF apontam que até 2045 um em cada oito adultos, ou seja, cerca de 783 milhões de pessoas, viverão com diabetes.

Especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz participa do Congresso Internacional de Obesidade

Um dos principais evento sobre a doença, terá o Coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, Dr. Ricardo Cohen, como palestrante

São Paulo, 21 junho de 2024  Estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que a obesidade, uma doença crônica e progressiva, deve comprometer a qualidade da saúde de cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo até 2035. Segundo dados do Vigitel de 2022 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico), atualmente 22,4% da população adulta do país apresenta obesidade. Até 2035, é esperado que esses números atinjam 41% dos adultos. Entre as crianças, já são 6,4 milhões com sobrepeso. 

Uma das oportunidades para a ampla abordagem do assunto é o Congresso Internacional de Obesidade (International Congress on Obesity – ICO), que neste ano acontece em São Paulo, entre os dias 26 e 29 deste mês.

Promovido pela Federação Mundial de Obesidade, o evento contará com a participação do Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e presidente mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO) que no primeiro dia do evento é um dos palestrantes da sessão da Comissão Lancet sobre a definição de obesidade.  

No dia 27, o especialista abordará resultados de longo prazo e a segurança da cirurgia metabólica. Na sexta-feira, 28 de junho, o Dr. Ricardo Cohen coordena juntamente com a Dra. Ebaa Al Ozairi, do Dasman Diabetes Institute, do Kuwait, o simpósio IFSO-WOF – a Combinação de Medicamentos e Cirurgia, que entre outros temas abordará a aceitação dos tratamentos para a obesidade por parte dos pacientes. 

Classificada com como doença que em alguma circunstâncias precisa de tratamento, a obesidade pode ser um importante fator de risco para doenças não transmissíveis como diabete tipo 2, problemas cardiovasculares, hipertensão arterial, diferentes tipos de câncer e distúrbios do sono, a obesidade precisa ser discutida amplamente na sociedade contemporânea em busca de estratégias para reduzir seu avanço. 

“A obesidade, considerada uma importante epidemia do século 21, cresce de forma acelerada no Brasil. Recebemos eventos como esse, onde abordamos todos os aspectos que envolvem a doença, discutimos conceitos, aspectos emocionais, opções terapêuticas e cirúrgicas para o tratamento integral e personalizado é fundamental na busca pelos melhores desfechos aos pacientes”, afirma o Dr. Ricardo Cohen. 

Saúde de Maceió promove grupos de cuidado para usuários com sobrepeso ou obesidade

A obesidade é uma doença que tem crescido de forma acelerada no Brasil e no mundo, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida de muitas pessoas, pois, além de desencadear inúmeros sintomas, a enfermidade pode se tornar fator de risco para outros problemas de saúde mais complexos.

Para auxiliar usuários do SUS com obesidade ou sobrepeso que não apresentem outras comorbidades associadas, a rede de saúde de Maceió conta, agora, com os grupos de apoio, destinados a acompanhar o público e desenvolver atividades para a promoção da saúde e prevenção de complicações da doença. O acompanhamento tem duração de 12 meses.

A iniciativa está incluída no projeto “Linha de Cuidado Sobrepeso e Obesidade” encabeçado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em parceria com o Programa de Alimentação e Nutrição da Saúde de Maceió.

A nutricionista e técnica de Alimentação e Nutrição da SMS, Karla Ferro, explica como acontece a dinâmica dos grupos para o alcance de melhor desempenho.

“O acompanhamento conta com 12 encontros, sendo seis em grupo e seis de forma individual, em que são realizadas atividades como rodas de conversas, palestras, dinâmicas, oficinas, antropometria e avaliação do marcador de consumo alimentar. Durante todo o processo, os usuários também recebem orientações nutricionais e dietas individualizadas, de acordo com a necessidade de cada integrante”, detalha a profissional.

O projeto já está implantado nas oito unidades de saúde do 6º Distrito Sanitário e encontra-se em fase de implantação nas três unidades do 3º Distrito Sanitário de Saúde. A assistência aos usuários é realizada por uma equipe multiprofissional, composta por profissionais como médicos, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e educador físico.

“Decidimos iniciar pelo 6º Distrito, a partir da observação do resultado da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, que demonstrou um índice muito alto de sobrepeso e obesidade nesse distrito de saúde de Maceió”, complementou Karla Ferro.

De acordo com o Programa de Alimentação e Nutrição da SMS, a expectativa é de que, até o fim do ano, a iniciativa se expanda para mais dois Distritos Sanitários de Saúde de Maceió.

Para ter acesso ao acompanhamento, basta que o usuário do SUS procure uma das unidades de saúde onde o projeto já está implantado, munido de documentação pessoal e cartão SUS para solicitar a inclusão nos grupos.

4/3: Dia Mundial da Obesidade

A obesidade afeta 7 milhões de adultos, ou 1 em cada 4 brasileiros acima de 18 anos, segundo o Ministério da Saúde. Até 2035, é esperado que esses números atinjam 41% dos adultos

São Paulo, 29 de fevereiro de 2024 – A obesidade e o sobrepeso vão comprometer a saúde de mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo até 2035, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E, para lembrar deste número cada vez mais alarmante, no dia 4 de março é intitulado como o Dia Mundial da Obesidade. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados no ano passado, a obesidade afeta 7 milhões de adultos, ou 1 em cada 4 brasileiros acima de 18 anos. Segundo dados do Vigitel de 2022 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico), atualmente 22,4% da população adulta brasileira apresenta obesidade. Até 2035, porém, é esperado que esses números atinjam 41% dos adultos. Nas crianças, já são 6,4 milhões com sobrepeso. Essa alta prevalência acarreta diversas outras complicações e doenças.

A obesidade é uma doença crônica e progressiva, por isso, precisa de tratamento, é classificada como um dos principais fatores de risco para várias doenças não transmissíveis (DNTs), como diferentes tipos de câncer, diabetes tipo 2, doença cardiovascular e hipertensão. “Estratégias de reeducação alimentar e atividade física são fundamentais para a prevenção da obesidade e suas complicações, porém podem ser insuficientes e são adjuvantes aos tratamentos com medicações ou cirurgia para a doença”, esclarece Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, referência global no tratamento da obesidade e diabetes e presidente eleito mundial da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos (IFSO). Dr. Cohen foi nomeado um dos 30 médicos mais influentes do mundo na área pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS) conta com mais de 250 artigos científicos e nove livros publicados. 

Tratamento da obesidade: para definição do melhor tratamento, é preciso analisar as consequências da obesidade sobre o corpo. A partir desta avaliação serão definidos os critérios para indicação da prescrição de medicamentos, que estão revolucionando o tratamento da doença – drogas que imitam os hormônios classificados como incretinas, que têm entre suas ações, a redução do apetite e maior saciedade, mas que precisam ser administrados com orientação e acompanhamento médico. “Essas opções terapêuticas modernas, como semaglutida e tirzepatida, devem ser aplicadas de modo contínuo e com prescrição médica. Se o paciente deixa de tomá-las, pode recuperar o peso que foi perdido durante o tratamento. Isto não difere do manejo de outras doenças crônicas, como colesterol alto, diabetes e hipertensão. Caso o paciente deixe de tomar os fármacos por qualquer razão a tendência é que esses problemas fiquem descontrolados e gerem complicações em órgãos como rins, cérebro e coração. Com os remédios e as cirurgias metabólicas disponíveis atualmente, conseguimos tratar os pacientes, desde os casos mais leves até os mais graves”, pontua Dr. Cohen.

Segundo o especialista, a perda ponderal significativa e duradoura promove controle ou até remissão nas doenças que caminham junto com a obesidade, que pode ser considerada a epidemia do século XXI. “E a missão do cirurgião é conseguir unificar todas as opções terapêuticas, para que cada paciente seja atendido de forma personalizada, e que no futuro, o tratamento de doenças crônicas e progressivas como a obesidade, seja realizada por meio da medicina de precisão”, finaliza Cohen.

UMA NAÇÃO SEM MOVIMENTO

Como aspectos culturais e sociais tornaram o brasil sedentário; quais são os impactos do sedentarismo e da inatividade física na saúde do brasileiro e na economia do país; e as alternativas que organizações públicas e privadas estão buscando para combater o problema
Por Débora Rubin

Brasil é um país sedentário. Entre setembro de 2014 e de 2015, mais de 100 milhões de brasileiros acima de 15 anos não praticaram nenhum tipo de exercício físico. Para piorar o cenário, em 2016, 61,7% dos adultos brasileiros (com mais de 18 anos) passaram três horas ou mais, por dia, sentados na frente da TV, do computador ou com o celular em mãos. O primeiro dado faz parte do estudo “Prática de Esporte e Atividade Física” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, divulgada em 2017.

Uma nação sem movimento

O segundo é da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Os dois dados cruzados apontam para um caminho perigoso. “A inatividade física somada ao sedentarismo colabora, a cada ano, para o aumento da obesidade no país, a ponto de estarmos próximos do perfil populacional dos Estados Unidos, onde 70% estão acima do peso”, destaca Alex Florindo, professor da Universidade de São Paulo (USP) e atual presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS), observando que sedentarismo e inatividade física são coisas diferentes [veja quadro ao lado]. “Há uma relação entre um estilo de vida inativo e sedentário e o ganho de peso progressivo”, complementa a Dra. Lívia Porto Cunha da Silveira, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “O fato de andarmos de carro, usarmos controle remoto da TV e do portão vai fazendo com que gastemos cada vez menos energia para as atividades básicas, o que contribui para o acúmulo dessa energia na forma de gordura.” Esse acúmulo, segundo a médica, está relacionado a uma maior liberação de enzimas inflamatórias e o aumento da resistência à insulina, o que contribui para o aparecimento de doenças crônicas como diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial. É necessário, no entanto, destacar que o exercício físico sozinho não tem um papel significativo na perda de peso e, por isso, deve estar associado a outras estratégias, em especial à alimentação. Ainda assim, de acordo com a Dra. Lívia, a atividade física, por si só, já reduz os riscos para a saúde e auxilia no controle de doenças metabólicas, como o diabetes mellitus. “A prática de exercícios está relacionada a uma melhora da sensibilidade do hormônio produzido pelo pâncreas chamado insulina. Com isso, a insulina fica mais efetiva, o que reduz os níveis de açúcar no sangue e os níveis de insulina circulantes”, explica a especialista.

Dr. Ricardo Cohen

“O sedentário não será necessariamente obeso, mas o obeso que pratica atividade física consegue melhorar metabolicamente. Dieta adequada e medicação, quando necessária, podem também proporcionar algumas melhoras fisiológicas em decorrência do exercício”, complementa o Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes. Além da saúde, outro impacto importante do problema está na elevação dos custos para os cofres públicos. A revista médica The Lancet, uma das mais importantes do segmento, utilizou dados oficiais de 142 países do ano de 2013 e divulgou que os gastos com tratamentos e com a perda de produtividade decorrentes de doenças associadas ao sedentarismo em todo o mundo chegaram a 67,5 bilhões de dólares. Somente no Brasil, foram 3,62 bilhões de dólares, algo em torno de 12 bilhões de reais quase o montante do PIB do Acre no mesmo ano, que foi de 11,44 bilhões.

Dr. Ricardo Cohen
Coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Sedentarismo x inatividade

Sedentarismo e inatividade física são conceitos diferentes. O primeiro diz respeito ao modelo de vida da pessoa: quanto tempo ela passa sentada, se só usa carro para se locomover, se não faz nenhuma atividade doméstica etc. Já inatividade física é a falta da prática regular de exercícios físicos ou esportes, realizada por ao menos 150 minutos por semana, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Parece estranho dizer isso, mas uma pessoa pode fazer academia três vezes por semana e ainda assim ser sedentária, por passar o resto do tempo parada”, explica o professor Alex Florindo, da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS).

“Falta de tempo para se exercitar, ao contrário do que costumam dizer, não é desculpa, é um problema sério: trabalhamos demais e perdemos muito tempo no trânsito”.

Alex Florindo
Presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde

Alex Florindo
O brasileiro e a atividade física

O BRASILEIRO E A ATIVIDADE FÍSICA: UM RETRATO SOCIAL

62,1% dos brasileiros com 15 anos ou mais não praticaram qualquer esporte ou atividade física em 2015.

O Brasileiro não faz atividade física por:

  • Falta de tempo: 38,2%;
  • Não gosta ou não quer: 35%;
  • Problema de saúde ou idade: 19%.

Estado com o maior número de gente ativa:

  • Amazonas

Estado com o menor número de gente ativa:

  • Rio de Janeiro

Entre os 38,8 milhões de brasileiros que fizeram alguma modalidade esportiva em 2015, 63,2% eram homens e 36,8%, mulheres.

Esportes mais praticados entre os brasileiros ativos:

  • Futebol: 39,3%;
  • Caminhada: 24,6%;
  • Fitness (inclui pilates, hidroginástica, spinning): 9%;
  • Ciclismo: 3,2%.

ADAPTANDO-SE À REALIDADE BRASILEIRA

Segundo a pesquisa do Pnad, as principais razões que impedem o brasileiro de se mover são a falta de tempo (resposta de 38,2% dos entrevistados) e a falta de interesse — 35% disseram não gostar ou não querer fazer exercícios. “Falta de tempo, ao contrário do que costumam dizer, não é desculpa, é um problema sério: estamos trabalhando muito e perdendo tempo em deslocamentos, em especial nas grandes cidades”, argumenta o professor Florindo. “Faltam políticas públicas para que isso seja possível, não podemos culpar só o indivíduo.” A terceira razão também tem um peso importante: muita gente não conhece ou não encontra uma atividade que lhe dê prazer. “Muitas vezes, o paciente chega ao meu consultório dizendo: ‘Preciso me exercitar!’. Mas não faz ideia do que poderia ou gostaria de fazer e, ao seguir uma recomendação médica específica ou um modismo, pode desistir rapidamente”, alerta o Dr. Ricardo G. Eid, médico do esporte no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que já foi médico da seleção brasileira de futebol feminino e da seleção de base masculina (sub-15 e sub-16). “É preciso fazer o que se gosta e, para cada idade, as motivações são diferentes”, diz. O especialista acredita que muitos desistem antes mesmo de tentar, justamente por não saberem como começar. Para os que começam, há outro desafio: manterem-se regulares no exercício. Nesse ponto, as taxas de desistência também são altas, e pelas mais variadas razões: falta de acompanhamento e de estímulo, frustração da expectativa, falta de dinheiro, não considerar o investimento uma prioridade ou simplesmente achar aquela atividade muito chata. Guilherme Leme, gerente técnico da rede de academias Bio Ritmo (do mesmo grupo da SmartFit), conta que a maior parte do público que busca academia tem algum objetivo relacionado à perda de gordura corporal. “Perder peso, melhorar a definição muscular ou reduzir a circunferência abdominal são os objetivos de 80% das pessoas que se matriculam nas academias”, diz. Poucas, no entanto, perseveram. “Os números de evasão infelizmente são elevados. Cerca de dois terços das pessoas, 66%, desistem em menos de um ano. E esse número aumenta quando falamos da população obesa, chegando a mais de 80% de desistentes no mesmo período.” Ou seja, apenas 30% das pessoas passam mais de um ano matriculadas nas academias. “O que, ainda assim, não reflete o número de praticantes assíduos, que certamente é menor”, destaca Guilherme.

O EXERCÍCIO EM CADA FASE DA VIDA

Infância

O ideal é mesclar atividades físicas com brincadeiras. O lado lúdico ajuda a ampliar o vocabulário esportivo da criança.

Adolescência

Esportes coletivos estimulam a competição saudável e a sociabilidade. Fase de descobertas sobre os gostos e aptidões. Importante: academia não é indicada para menores de 14 anos (a não ser que seja um atleta de alto rendimento supervisionado por treinador).

Adulto

Momento de aprimorar o que aprendeu nas etapas anteriores e ampliar o leque de opções: fase para testar novas atividades e descobrir o que se encaixa melhor na rotina agitada pelo trabalho e pela vida doméstica.

Idosos

Grandes benefícios em atividades físicas resistidas (como a musculação) e, de preferência, em grupo, o que aumenta a socialização, fundamental para essa fase da vida

Fonte: Dr. Ricardo G. Eid, médico do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

A VIDA COM ENDORFINA

Eo que impulsiona os outros 38% de brasileiros que têm a prática da atividade física como hábito cotidiano? Considerando que poucos o desenvolvem ainda na adolescência e, desses, menos ainda levam a prática adiante, a maior parte dos adultos só passa a se exercitar quando algum alarme toca, seja o da saúde física, o da saúde mental ou o da estética quando não os três juntos. Mas, uma vez adeptos, sabem a falta que faz a atividade física no dia a dia. A psicóloga e assistente administrativa Maria Eliane Bezerra da Silva, 45 anos, é um exemplo de brasileira que já esteve nos dois extremos desse retrato social. Até os 30 anos, ela foi uma típica sedentária e inativa. Embora tenha sido uma criança agitada e uma adolescente cheia de energia, nunca teve o incentivo necessário para fazer da atividade física uma rotina. Como sempre esteve acima do peso e sofreu abuso sexual na infância, passou a esconder o corpo e a ter vergonha dele. Além disso, começou a trabalhar cedo, aos 14 anos, o que a deixou sem tempo. Após ter seu único filho, sentiu-se prostrada e ainda mais frustrada com o próprio corpo. A razão que leva oito em cada dez pessoas à academia perder peso foi a mesma que fez Eliane se mexer. Ela sabia que teria de cavar um tempo para se exercitar e, assim, se matriculou em uma academia na hora do almoço. Também entrou na natação para ajudar o filho pequeno a nadar.

Maria Eliane Bezerra da Silva

Mas foi a corrida que a transformou em uma atleta amadora e que a ajudou a se reconectar consigo mesma. “Hoje, minha relação com meu corpo é outra. Sei que não preciso mais escondê-lo e ele se tornou um instrumento para fazer as coisas que eu quero”, conta. Depois de aumentar gradualmente a quilometragem, e emagrecer para poder seguir correndo sem machucar as articulações, hoje é uma corredora de ultramaratonas: já participou de mais de 200 provas menores e, de 2016 para cá, vem se dedicando à Comrades, maratona que acontece anualmente entre as cidades de Durban e Pietermaritzburg, na África do Sul, somando mais de 80 quilômetros de percurso. Para isso, hoje sua rotina envolve diferentes tipos de exercício musculação, corrida e ioga pelo menos cinco vezes por semana.

METAMORFOSE SAUDÁVEL
Eliane Bezerra da Silva, 45, encontrou o prazer no esporte aos 30. Hoje, a atleta amadora já participou de mais de 200 provas de corrida

O MELHOR REMÉDIO

Arecomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para sair da zona de inatividade é de 150 minutos semanais — o que dá meia hora por dia, cinco dias por semana. E, segundo a Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, para não ser sedentário, é preciso evitar passar três horas seguidas sentado. “Mesmo no trabalho, é preciso se levantar a cada duas horas, se alongar um pouco, beber água, pequenos atos que já fazem a diferença”, recomenda Alex Florindo. O endocrinologista e médico do esporte Yuri Galeno, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), acredita que absolutamente todos deveriam praticar exercícios: não importa a idade nem as limitações físicas, cada um deve buscar o que melhor se encaixa em seu modo de vida. “De preferência, deveria ser um hábito criado na infância e ser levado para toda a vida, mas nunca é tarde para começar, desde que com orientação médica e respeitando as limitações individuais.” Exercício físico somado a hábitos menos sedentários é o melhor remédio para uma vida saudável. Tirar o corpo da zona de conforto faz com que a gente se conheça melhor, combate doenças variadas, das crônicas às psiquiátricas, ajuda na perda e manutenção de peso, e estimula a parte óssea, reduzindo as chances de osteoporose. “Quando praticado ao ar livre, ainda tem o benefício da vitamina D, por causa do sol”, lembra o Dr. Eid. Isso sem contar a socialização: sair de casa, interagir com outras pessoas (em especial nos esportes em grupo), fazer algo diferente são ações que ajudam a melhorar o bem-estar no dia a dia. Se nenhum argumento acima te fez sentir vontade de se mexer, faça um teste: tire o tênis do armário, saia para uma longa caminhada e deixe a endorfina agir. Se o prazer for maior que o sacrifício, você é um forte candidato a engrossar o lado bom das estatísticas.

POR TRÁS DA BALANÇA

Embora a obesidade seja uma doença crônica e multifatorial que atinge uma enorme parcela da população mundial, pessoas com a enfermidade enfrentam julgamento e preconceitos que, além de prejuízos para a saúde física e emocional, dificultam o acesso ao tratamento.

Vivemos uma epidemia mundial de obesidade. Os números, já altos, trazem projeções alarmantes: segundo o Atlas Global da Obesidade, em até 12 anos, mais da metade da população do planeta terá sobrepeso e obesidade caso a prevenção, o tratamento e o suporte à doença não evoluam. Sim, doença: a obesidade é uma enfermidade crônica com orientações de manejo bem definidas pela medicina. Nos seus bastidores moram muitas causas, como saúde física e emocional, genética, acesso, costumes, contexto social, entre outros fatores, que, mesmo sendo uma doença crônica, progressiva e multifatorial, considerada uma emergência da saúde pública global, as pessoas portadoras da obesidade ainda são socialmente estigmatizadas: tratadas como responsáveis por sua condição, como se ter obesidade fosse uma consequência direta de preguiça, desleixo ou falta de força de vontade. “Quando falamos de comportamento ou de saúde mental, ainda é algo muito abstrato, estando fora daquilo que é biológico e estando fora do que poderia ser considerado doença. Como se fosse algo que a pessoa tem o poder de controlar, mas escolhe não mudar”, explica o Dr. Maurício Rossini, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital.

“O preconceito e a falta de informação pioram muito a qualidade de vida da pessoa com obesidade. Por isso, é fundamental criar acesso ao tratamento adequado, que, assim como a doença, é complexo: deve cuidar de todos os aspectos, não apenas o biológico, mas o emocional, o comportamental e o social também”

Dr. Maurício Rossini, psiquiatra do Centro Especializado em Obesidade e
Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Nesse sentido, ainda que exista um fator emocional por trás da obesidade, é fundamental colocar que a dimensão psíquica não é menos relevante do que a física para nossa saúde. “Existe uma relação importante entre saúde mental e doenças comórbidas. Os casos de pacientes com obesidade acabam tendo doenças psiquiátricas, e vice-versa, são muito prevalentes”, diz a Dra. Lívia Porto, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Diversas enfermidades psiquiátricas levam a um comer disfuncional, em que, muitas vezes, o alimento é utilizado como um mecanismo compensatório. Ou, ainda, pacientes que fazem uso de medicamentos que chamamos de obesogênicos, que acabam levando ao aumento da ingestão calórica.”

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA

Além dos prejuízos sociais e emocionais, a estigmatização da obesidade dificulta o acesso ao tratamento adequado, já que cria obstáculos para a circulação das informações corretas acerca da doença. Ao serem cobrados socialmente, os pacientes com obesidade se sentem culpados e frustrados, não procuram ajuda médica especializada e tentam resolver a doença por conta própria. Estima-se que, dos pacientes com obesidade, só 10% recebem o diagnóstico de um profissional de saúde. E somente 2% têm algum tipo de tratamento“, aponta a Dra. Lívia. “Estamos falando de uma doença muito prevalente e de diagnóstico inicial simples. É um número muito baixo. Então, quando negamos a obesidade como doença, afastamos o paciente do tratamento regular. Aí esse paciente vai buscar na internet soluções sem evidências científicas, dietas mirabolantes, chás milagrosos etc., colocando sua saúde ainda mais em risco.”

“Essa conscientização sobre a doença é muito importante. Pessoas com obesidade não precisam de julgamento, precisam de acolhimento e tratamento”

Dra. Lívia Porto, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

No macro, estamos falando de um problema de saúde global, que depende de uma série de investimentos públicos e mudanças – que vão desde a merenda oferecida nas escolas a campanhas de conscientização –, e que também demanda uma transformação cultural enorme. No micro, naquilo que afeta diretamente a vida das pessoas, a pressão que vem do próprio círculo íntimo. “Vemos muitos casos de pais que cobram que os filhos emagreçam, façam esportes ou se alimentem melhor, mas o entorno não muda. Aí os hábitos daquela pessoa são uma extensão dos hábitos da casa”, pontua Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Você pergunta se na família alguém faz algum tipo de atividade física, ninguém faz; se alguém se senta à mesa para realizar uma refeição, já não é mais um costume. A família tem que ser a primeira rede de apoio desse paciente.”

Curiosamente, como pontua o Dr. Maurício, é justamente esta sociedade que cobra corpos magros como ideal estético a responsável por criar relações pouco saudáveis com a comida. “Desde os primórdios, a comida é central para o homem, é um dos nossos pilares sociais. Não se trata apenas de nutrição, mas de um ritual social, um momento de prazer compartilhado“, diz o psiquiatra. “E isso, claro, não é um problema, mas, desde a infância, somos ensinados a ‘limpar o prato’, estimulados a não reconhecer os sinais de saciedade – não paramos de comer quando estamos saciados, mas estufados –, e levamos isso para a vida. Então estamos falando de uma mudança nas raízes, é um processo complexo. Precisamos rever essa dinâmica, aprender a associar prazer com bons hábitos, com alimentação saudável e equilibrada.”

Os perigos da positividade tóxica e da distorção digital

Você já deve ter visto no seu feed: posts de superação, discursos de autoajuda e incentivo, promessas do tipo “Perca cinco quilos em 14 dias”, entre outras fórmulas milagrosas. Esse tipo de conteúdo pode gerar expectativas irreais e sensação de fracasso, frustração e menos valia. Além disso, diversos estudos e pesquisas já comprovaram que o tempo que passamos nas redes sociais pode alterar a percepção que temos de nós mesmos, impactando a autoestima e afetando a saúde mental.

Isso não significa que as redes sejam vilãs ou que você deva cortá-las, mas exercitar o senso crítico é importante para tirar o melhor proveito delas. A seguir, reunimos algumas dicas:

Pare de consumir conteúdo que te faz mal. Às vezes, a gente nem se dá conta, mas aquele perfil que esbanja perfeição e alegria pode ser nocivo para nossa saúde mental e autopercepção. Se, toda vez que você se depara com esse tipo de post, sente tristeza, raiva de si, frustração ou ansiedade, esse é um alerta importante para considerar clicar no botão de unfollow.

Faça boas escolhas nas redes. Vale também buscar perfis que têm mais a ver com a sua realidade – e não com supostos ideais. Busque perfis que gerem sentimentos de identificação, acolhimento e aceitação.

Cuidado com as tendências sem fundamento. Dietas, procedimentos estéticos, fórmulas milagrosas, treinos que prometem resultados rápidos… Cair num modismo de internet pode ser tentador, mas perigoso. Além do risco de se frustrar pela falta de resultado, você ainda pode botar sua saúde em risco.

Monitore o tempo que você passa nas redes. Pode parecer uma dica óbvia, mas navegar nas plataformas é um hábito tão enraizado que fica difícil controlar essa frequência. Aqui vale usar a tecnologia a favor e apostar em ferramentas e aplicativos que monitoram e limitam o tempo de tela.

Fonte: www.worldobesity.org/resources/resource-library/world-obesity-atlas-2023

videocast: Obesidade na adolescência

Você sabia? Adolescentes portadores de obesidade têm mais chances de continuar com a doença na vida adulta. Segundo a projeção da World Obesity Federation, a obesidade atingirá 30% da população […]

Podcast: O QUE CARACTERIZA A OBESIDADE E COMO ELA AFETA AS PESSOAS

Neste episódio, a endocrinologista do nosso Centro Especializado em Obesidade e Diabetes, Dra. Ana Carolina Calmon, explica os muitos fatores que caracterizam a obesidade, as repercussões da doença na vida das pessoas a curto e longo prazos e as possibilidades de tratamento.

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