Para prevenir o câncer de pele, um filtro adequado não é o único aliado: é preciso adotar comportamentos que reduzem o risco
A chegada do verão sempre nos lembra de um cuidado importante com a saúde: o uso de filtro solar. Afinal, a intensidade dos raios ultravioleta cresce na estação mais quente do ano, aumentando as chances de queimaduras e lesões na pele. Mas esse é um hábito esquecido por muita gente nas outras estações – e é um dos passos mais importantes na prevenção do câncer de pele, o tipo de câncer mais frequente no Brasil. A estimativa para este ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é de 6.260 novos casos.

A alta incidência da doença está relacionada, principalmente, à falta de cuidados preventivos. Apesar de importante, no entanto, o uso de filtro solar não é a única arma no combate à doença. “Até recentemente, muitos médicos acreditavam que o uso dos protetores eram a principal precaução. Mas é apenas uma entre muitas”, comenta o Dr. Luiz Guilherme Castro, dermato oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que conta com uma equipe multidisciplinar especializada em oncologia cutânea, formada por oncologistas, dermatologistas e cirurgiões. Segundo o especialista, as “regras” para evitar a doença não devem ser generalizadas. “As pessoas não são iguais. Cada uma tem suas particularidades, características físicas e costumes, e isso deve ser levado em consideração.”
Entre as ações preventivas, de acordo com o Dr. Luiz Guilherme, estão o uso de roupas com filtro solar incorporado ao tecido, óculos escuros para proteger os olhos – que também são afeta – dos pela radiação solar – e chapéu. Isso é ainda mais recomendado para quem fica muito tempo exposto aos raios solares. Realizar algumas adaptações na rotina também pode fazer grande diferença. “Se você sai para correr às 9 horas da manhã, por exemplo, pode trocar para as 8 ou outro horário com menor incidência de raios ultravioleta”, recomenda o Dr. Luiz Guilherme.
Realizar o autoexame da pele regularmente, em busca de sinais suspeitos, é também um eficiente método preventivo: pode acender o alarme para que o diagnóstico seja feito precocemente, aumentando as chances de sucesso do tratamento. Esse autoexame precisa ser minucioso e não deve se limitar apenas às regiões mais expostas ao sol. Mãos, dedos, pés, couro cabeludo e genitais também podem ser afetados.
SINAIS DE ALERTA
Muitas vezes, as lesões provocadas pelo câncer de pele passam despercebidas, pois podem ser confundidas com uma espinha ou um machucado. E há quem não dê atenção especial a feridas que sangram, não cicatrizam ou pintas que mudam de aparência repentinamente – estas últimas são sinais evidentes de que há algo errado com a pele.
Em geral, os indícios da doença são mudanças na coloração e no formato de pintas já existentes ou o surgimento de novas pintas ou manchas com aparência diferente do habitual (veja como identificá-las no infográfico ao lado). Ao detectar a presença desses sinais, é preciso buscar imediatamente um dermatologista para fazer uma avaliação. A suspeita surge por meio do exame clínico. Em alguns casos, o especialista realiza a dermatoscopia, exame no qual utiliza um aparelho que ajuda a visualizar camadas da pele que não podem ser vistas a olho nu. Quando há alguma lesão suspeita, é feita uma biópsia, ou seja, a retirada de uma amostra do tecido para investigação.

PROTETOR SOLAR, AINDA O MELHOR AMIGO
Vale ressaltar que não é a exposição solar intensa e ocasional que provoca o câncer, e sim a acumulada durante a vida. Em outras palavras: cada minuto sob o sol conta. Por isso, dentro do contexto preventivo, o uso do protetor solar é tão importante quanto nossos outros hábitos cotidianos, como escovar os dentes. O fator mínimo recomendado, seja qual for a estação do ano, é 30 e é necessário aplicá-lo com pelo menos 20 minutos de antecedência à exposição solar. Em caso de suor, transpiração excessiva ou contato com água do mar ou da piscina, o produto deve ser reaplicado – mesmo aqueles que, segundo o fabricante, não saem na água. E lembre-se: lábios, orelha, careca e nuca também são afetados e devem receber atenção especial.
TRATAMENTOS CADA VEZ MAIS AVANÇADOS
Em casos menos agressivos da doença, não é mais necessária a cirurgia para retirada da lesão. Medicamentos tópicos, que podem ser aplicados diretamente na pele, e terapia fotodinâmica são alternativas eficientes, que também evitam as cicatrizes causadas pelos procedimentos cirúrgicos mais invasivos. Já no caso do melanoma, um dos tipos mais graves e agressivos, que pode levar à morte, a cirurgia ainda é a opção mais indicada. “Medicamentos biológicos também vêm apresentando grande sucesso no tratamento do melanoma avançado”, comenta o Dr. Luiz Guilherme, que reforça que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais eficiente será o tratamento.