Por trás da anestesia
Por trás da anestesia
A anestesia é um dos processo mais importantes na preparação para uma cirurgia. O Dr. Mauricio Nunes Nogueira, fundador e responsável pelo Serviço de Terapia da Dor do Serviço Médico de Anestesia no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esclarece as dúvidas sobre esse procedimento.
Como e onde surgiu a anestesia?
Até 1842, não havia nenhum tipo de anestesia. Tudo começou com Crawford W. Long (USA), que propôs utilização de éter sulfúrico. Grande parte do mundo credita a William Thomas Green Morton (USA) a descoberta da anestesia geral em 1846, também com o mesmo éter. Em 1848, James Simpson (Inglaterra) introduziu o clorofórmio. Esses anestésicos foram usados até princípios do século 20. No Brasil, a primeira anestesia foi realizada, em 1848, no Rio de Janeiro por Dr. Haddock Lobo.
A anestesia local (tópica) foi iniciada 50 anos depois na Áustria por Koller, com cocaína. A partir disso, vieram as anestesias regionais (aplicadas em determinadas partes do corpo) com Halsted (bloqueios de nervos periféricos) e, logo depois, com Bier, raquianestesia e anestesia regional intravenosa, as primeiras ainda com cocaína e, a última, já com procaína. A anestesia peridural só foi iniciada 20 anos depois.
Como é feita a preparação do processo de anestesia antes das cirurgias?
O primeiro passo, uma vez definida e agendada a cirurgia, é uma visita pré-anestésica do anestesiologista ao paciente para verificar as condições clínicase, exames laboratoriais e demais exames realizados (eletrocardiograma, teste ergométrico, cintilografia miocárdica) de acordo com o porte cirúrgico. Após isso, terá condições de explicar quais os tipos de anestesia serão realizados, sempre de comum acordo com o cirurgião.
Quais são os métodos de anestesia usados atualmente?
Existem diversos:
- Administrando anestésicos somente na veia (intravenosa pura);
- Administrando anestésico na veia e inalando através do pulmão (balanceada);
- Administrando anestésico somente através do pulmão (inalatória);
- Regional – quando se anestesia determinada parte do corpo;
- Combinada – Anestesia geral e regional;
- Local – quando se anestesia somente o local a ser operado;
- Regional intravenosa – anestesia principalmente braço e perna.
Como funcionam os principais métodos?
Na anestesia geral, o anestésico age no cérebro, bloqueando o estímulo doloroso. A indução (paciente perde a consciência em poucos segundos) é feita através da administração do anestésico intravenoso e, a seguir, pode ser feita ou o não o processo de entubação na dependência do porte cirúrgico ou local a ser operado. Após isso, temos a manutenção da anestesia até a fase final da cirurgia quando você começa a realizar o processo de acordar o paciente.
Já na anestesia regional, o anestésico age no nervo bloqueando a passagem do estímulo doloroso até o cérebro. Após realização do procedimento anestésico (bloqueio), o paciente recebe algum tipo de sedação leve para suportar melhor a cirurgia sem uma participação muito ativa (acordado).
Na anestesia local, ocorre a infiltração de um anestésico local na área a ser operada, com sedação ou não do paciente.
Quanto tempo dura geralmente uma anestesia?
Depende do tipo de anestesia. A anestesia geral intravenosa, balanceada ou combinada dura o tempo necessário para a realização do procedimento cirúrgico. Neste caso, o cirurgião não precisa se preocupar com o tempo. A duração da anestesia regional, na qual ocorre o bloqueio de nervos, fica na dependência da colocação ou não de um cateter para administração de dose adicional do anestésico, permitindo assim que sua duração possa se estender por mais tempo. Nas anestesias regional intravenosa (bier) e local, existe um tempo pré-determinado para sua duração.
Quais são os riscos apresentados?
Os riscos estão relacionados principalmente com o tipo, porte cirúrgico, duração e doenças associadas que possam aumentar o risco do aparecimento de complicações durante a cirurgia.
Existe algum caso de pacientes que não reagem a anestesias?
Não, mas existem pessoas com maior ou menor grau de sensibilidade aos anestésicos utilizados atualmente, principalmente via intravenosa e inalatória. A infecção, por exemplo, dificulta a instalação da anestesia local por infiltração.