VESÍCULA E CÁLCULO BILIAR

Data: 03/12/2020

A vesícula é fundamental no processo de digestão e tem a função de armazenar a bile, substância produzida pelo fígado. Dr. Nelson Liboni, Cirurgião do Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, responde as principais dúvidas sobre o órgão e sobre o cálculo biliar, também conhecido como pedra na vesícula.

Qual a função da vesícula biliar?

A vesícula é fundamental no processo de digestão. Ela tem a função de armazenar a bile – substância produzida pelo fígado – que ajuda a processar os alimentos gordurosos.

Quais os sintomas apresentados pelos pacientes com problemas na vesícula?

Os cálculos biliares, popularmente conhecidos como pedras na vesícula, podem causar náuseas, vômitos, desconforto abdominal, intolerância a alimentos gordurosos, gases, inchaço, sensação de gosto amargo e dores de cabeça. Alguns pacientes também sentem cólicas e dores pontuais nas costas, enquanto outros passam anos sem apresentar nenhum sintoma.

Qual o tratamento para os cálculos biliares (pedras na vesícula)?

O tratamento clínico tem demonstrado resultados insatisfatórios, por isso é recomendada a colecistectomia, uma cirurgia para retirar a vesícula biliar, em geral feita via vídeo laparoscopia ou robótica. O método é seguro e a recuperação do paciente é rápida, podendo voltar às atividades profissionais e esportivas, em média, após 5 ou 6 dias.

Quais as complicações podem acontecer sem a cirurgia?

Os pacientes não operados correm o risco de 30 a 50% de sofrerem complicações graves como, por exemplo:

– Colecistite aguda – ocorre quando um cálculo (pedra) obstrui o ducto cístico causando inflamações e acúmulo de pus (empiema ou abcessos), peritonite (inflamação do peritônio, tecido que reveste a parede interna do abdômen e cobre a maioria dos órgãos da região abdominal) ou mucocele (acúmulo de muco);

– Fístulas (perfurações) para o intestino delgado ou cólon causando obstrução intestinal (íleo biliar), sangramento e infecções; coledocolitíase (cálculos no ducto que transporta a bile); colangite e papilites (inflamação das vias biliares) e pancreatite (inflamação no pâncreas). A mortalidade nesses casos é de 7 a 15%.

O paciente não apresenta sintomas, apesar de ter cálculo vesicular. Quais os riscos de não operar?

O tratamento, tanto para quem apresenta sintomas quanto para quem não apresenta, é a remoção cirúrgica da vesícula biliar (colecistectomia). Os pacientes que adiam muito esse procedimento correm o risco da piora do quadro e de ter que se submeter à cirurgia de emergência, sem a assistência e os acompanhamentos de doenças cardíacas, diabetes, entre outros, que poderiam ter sido feitos em uma cirurgia planejada, tornando-se um procedimento de risco, em especial para os idosos.

Em quais casos a cirurgia não é indicada?

Somente pacientes com contraindicações clínicas graves, como doenças cardiovasculares e cirrose hepática devem ser tratados clinicamente, utilizando remédios, sendo submetidos à cirurgia somente no caso de complicações.

No caso de gestantes, a situação deve ser estudada e discutida. Em 50% dos casos, as pacientes já apresentavam sintomas ou sabiam da doença, mas não realizaram a cirurgia antes de engravidarem. A retirada da vesícula deve ser realizada apenas quando o tratamento clínico não apresenta efeito ou devido à gravidade do caso. As cirurgias são mais seguras se feitas no segundo trimestre de gestação. Quando feita eletivamente, a mortalidade materna é baixa e a fetal, de cerca de 5%. No entanto, quando operadas em caráter de urgência, a mortalidade materna alcança 15% e a do feto, 60%.

Após a cirurgia, quais os cuidados devem ser tomados?

Nos dias seguintes à cirurgia é importante que o paciente siga as orientações médicas corretamente. O corpo passará por um processo de adaptação para funcionar sem a vesícula, por isso é recomendável que a alimentação seja balanceada e com baixo teor de gordura. A maioria dos pacientes que é submetida à colecistectomia tem uma vida normal após a cirurgia, mas alguns sintomas como gases e fezes amolecidas podem aparecer após a ingestão de alimentos gordurosos.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito através do exame de ultrassom. É importante que o médico investigue também patologias associadas como gastrite e úlceras utilizando a endoscopia, para que sejam tratadas em conjunto e haja alívio dos sintomas digestivos.

Os cálculos biliares são todos iguais?

Existem dois tipos de cálculos biliares: os de colesterol e os pigmentares.

Os de colesterol representam 80% dos casos. O colesterol faz parte da composição normal da bile, junto com a água e os sais biliares, entre outros elementos. Ele não é solúvel em água e para ser excretado na bile é necessário que se associe com a lecitina e os sais biliares. Quando, por algum motivo, há um desequilíbrio nessa associação, pode formar-se o cálculo biliar. Toda essa síntese é complexa e muito estudada, mas ainda não foi completamente compreendida pela medicina. Um dos casos para a mudança dessa concentração da bile é a chamada “vesícula preguiçosa”, quando há uma diminuição do esvaziamento do órgão.

Já os pigmentares podem ser negros ou marrons e são mais comuns em países asiáticos. Eles representam um terço dos cálculos que aprecem durante a infância e aparecem quando o organismo produz um nível anormal de bilirrubina (pigmento que dá cor à bile e é produzido quando as hemácias do sangue são quebradas) decorrente de doenças hemolíticas como anemia hemolítica, esferocitose, anemia falciforme, talassemia ou por mobilidade reduzida (hipomotilidade) da vesícula, cirrose hepática, nutrição endovenosa (parenteral) prolongada e infecção biliar.

As pedras da vesícula são iguais às pedras nos rins? Não. Tanto a composição quanto o tratamento são diferentes. As pedras na vesícula são compostas por colesterol ou pigmentos, enquanto as renais têm em sua origem o acúmulo de cálcio, cistina, estruvita ou ácido úrico. O tratamento também difere, já que os cálculos vesiculares não são expelidos como os renais.

Quais fatores contribuem para o aparecimento do cálculo vesicular?

Os fatores mais comuns são:

  • Hereditariedade: fator importante, pesquisas mostram incidências duas vezes maiores em parentes de primeiro grau;
  • Idade: apesar de poder aparecer em qualquer fase da vida, as chances aumentam com o passar dos anos.;
  • Sexo: mulheres são mais suscetíveis à doença – quatro vezes mais do que os homens – em especial as que estão no climatério (menopausa), as que utilizam anticoncepcionais e as gestantes;
  • Obesidade: em especial por causa da maior concentração de colesterol na bile;
  • Cirurgias como as de obesidade mórbida (redução do estômago);
  • Doenças como Crohn, porfiria, fibrose cística do pâncreas, lesão da medula espinhal, cirrose hepática e diabetes por obesidade;
  • Uso de medicamentos: para hiperlipedemias (colesterol alto) e estrógenos. Diuréticos estão sendo estudados;
  • Dieta: alimentação rica em açúcares e gorduras favorece o aparecimento dos cálculos.​

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