A vasectomia, procedimento cirúrgico para contracepção masculina, é um método simples e seguro, mas ainda gera muitos questionamentos entre os homens. O mais frequente deles diz respeito à perda da capacidade de reprodução, que culturalmente está relacionada à diminuição da própria masculinidade.
Atualmente o método é considerado eficaz, além de pouco oneroso, se comparado a outros métodos anticoncepcionais. Basicamente, a cirurgia consiste em interromper a circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos e que seriam conduzidos pelo epidídimo aos ductos deferentes. Durante o procedimento, feito com anestesia local e que leva apenas alguns minutos, é realizada a secção e ligamento destes ductos que transportam os espermatozoides, e o paciente pode sentir apenas um desconforto passageiro nos testículos.
O processo de reversão
A reversão da vasectomia é possível, mas, além de não ter eficácia garantida, a sua complexidade precisa ser considerada pelo médico e paciente.
Inicialmente é importante considerar há quanto tempo foi realizada. Em geral, após cerca de 15 anos do procedimento ou em situações especiais, como a idade da parceira ou a presença de outros fatores de infertilidade, o paciente tende a encontrar maiores dificuldades de fertilização e é indicado que opte pelos métodos de reprodução assistida. Por ser considerado um procedimento cirúrgico complexo, a reversão da vasectomia requer cuidados específicos: são necessários dois cirurgiões em campo, auxílio de microscopia, anestesia geral e precisão médica para decidir entre duas técnicas médicas possíveis, a vaso-vaso anastomose ou a vaso-epidídimo anastomose. A decisão sobre qual das duas técnicas é a mais indicada para o caso só pode ser tomada após a incisão cirúrgica e análise com microscópio do líquido aspirado dos ductos condutores do esperma. Para a opção vasoepididimo anastomose bilateral, por exemplo, são necessárias em média quatro horas de cirurgia.
Desta forma, a reversão da vasectomia não é uma garantia de sucesso e depende seriamente de habilidades técnicas especificas para sua execução. “Antes de decidir-se pela vasectomia, é importante que o paciente reflita sobre seu impacto e entenda que seu processo de reversão pode ser complexo e oneroso”, afirma o Dr. Cesar Camara, urologista do Instituto da Próstata e Doenças Urinárias do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.