Índice será baseado em escore de riscos.
São Paulo, 23 de fevereiro de 2015 – A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 347 milhões de casos de diabetes em todo o mundo, o que representa cerca de 5% da população. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que aproximadamente 11% da população têm diabetes. Considerada uma epidemia mundial, a enfermidade está relacionada ao sedentarismo, a dietas pouco saudáveis e ao aumento da obesidade.
Segundo Dr. Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz , Ex-Presidente e atual Presidente do Conselho Consultivo e Fiscal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, para auxiliar a controlar esse cenário, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD) se uniram para traçar uma nova forma para determinar o tratamento da obesidade, do diabetes e doenças crônicas associadas, com base num escore de riscos, não apenas no índice de massa corpórea (IMC).
Esse escore deverá ser submetido à aprovação pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O Escore de Risco Metabólico (ERM) considera diversos fatores de risco para a saúde do paciente e, assim, permite a avaliação do quadro clínico geral do paciente para determinar critérios de elegibilidade e priorização para realização de cirurgia metabólica.
Essa mudança permitirá classificar o paciente de acordo com os riscos relacionados às doenças e não restringe apenas ao cálculo de índice de massa corpórea (IMC). Dr. Ricardo Cohen explica que “sem dúvida, a utilização isolada do IMC discrimina sexo, idade, grau de aptidão física e raça dos pacientes portadores de obesidade e/ou Diabetes Mellitus Tipo 2. O critério atual não leva em consideração riscos cardiovasculares ou a quantidade e distribuição de gordura corpórea, fator que agrava a síndrome metabólica. O IMC isoladamente não prevê se qualquer tratamento, seja clínico ou intervencionista, terá sucesso ou não. Com o Escore de Risco Metabólico é possível ampliar a indicação da cirurgia metabólica e permitir que mais paciente tenham o controle da doença, evitando os danos comuns associados”.
O especialista explica que, diante de diversas evidências clínicas, no Brasil, é necessária a adoção de outros parâmetros, além do IMC, como critérios de indicação cirúrgica para pacientes com Diabetes Mellito tipo 2 não adequadamente controlados. O Escore de Risco Metabólico é feito por meio de uma análise criteriosa e personalizada do quadro clínico do paciente. O novo método envolve indicadores básicos e pelo menos 10 pontos computados pelos indicadores complementares:
Indicadores básicos
- Pacientes com histórico de DMT2 por pelo menos 5 anos;
- Idade mínima de 30 anos;
- Hemoglobina glicosilada acima de 8%, mesmo em tratamento regular orientado por endocrinologista;
- Indicação cirúrgica pelo endocrinologista;
- IMC cima de 30 kg/m².
Indicadores complementares
1. Índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m²: IMC de 30 conta 1 ponto e mais 1 ponto para cada ponto de IMC acima dos 30 kg/m²;
2. Presença de doença microvascular ativa: nefropatia ou neuropatia ou retinopatia: 2 pontos;
3. Insulinemia em jejum alta: 1 ponto;
4. Hipertensão arterial sistêmica (HAS): 2 pontos;
5. Dislipidemia (com ou sem uso de medicamentos): 2 pontos, definida por:
a. Colesterol total acima 200 e/ou;
b. Colesterol LDL acima de 100 e/ou;
c. Triglicérides acima de 200 e/ou;
d. Colesterol não HDL acima de 130.
6. Eventos macrovasculares: 2 pontos:
a. Coronariopatia e/ou;
b. IAM prévio e/ou;
c. AVC prévio.
7. Circunferência de cintura: 1 ponto:
a. Superior a 102 cm para homens;
b. Superior a 88 cm para mulheres.
8. Esteato-hepatite não alcoólica diagnosticada por aumento das enzimas hepáticas e/ou ressonância nuclear magnética (RNM) e/ou elastografia hepática e/ou aumento de ferritina: 1 ponto;
9. Espessura da camada íntima da carótida superior a 0,6 mm: 1 ponto;
10. Apneia do sono: moderada: 1 ponto ou grave: 2 pontos;
11. Histórico familiar de eventos cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC)) ou de insuficiência renal (IR), neuropatia ou retinopatia: 1 ponto.
Atualmente, a indicação da cirurgia metabólica em pacientes não obesos mórbidos, isto é com IMC menor que 35 kg/m² como opção terapêutica para controlar o Diabetes tipo 2 foi comprovada com uma pesquisa realizada em 2012, pelo IECS – Instituto de Educação e Ciências em Saúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e coordenada por Dr. Ricardo Cohen, que demonstrou o controle da doença em 88% dos pacientes e com expressiva melhora em 11% com seguimento a longo prazo.
Outra pesquisa inédita, em fase de recrutamento, está sendo coordenada pelo especialista e também realizada no IECS, com o objetivo de comprovar os benefícios do tratamento cirúrgico em comparação ao melhor tratamento clínico para doenças microvasculares decorrentes do Diabetes tipo 2, como as retinianas, renais e neuropatias. Com previsão de conclusão para 2015, a investigação inclui pacientes com história de Diabetes há 15 anos ou menos e com Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 30 e 35 kg/m
Os pacientes que atenderem aos critérios e tiverem interesse em participar devem entrar em contato pelo e-mail obesidade@haoc.com.br.
Sobre a Cirurgia Metabólica
As cirurgias para o controle do diabetes tipo 2, chamadas de metabólicas, envolvem principalmente a modificação do caminho dos alimentos pelo tubo digestivo. Evitando-se a passagem da comida pela porção inicial do intestino, existe imediata diminuição da resistência dos tecidos à ação da insulina, independente da perda de peso, configurando o que chamamos ação antidiabética direta dos procedimentos. Além disso, existe aumento de secreção de hormônios intestinais que regulam a fome, a saciedade e também melhora a secreção de insulina pelo pâncreas. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade leva ao emagrecimento, que é importante a longo prazo também para o controle do diabetes e de eventuais outras doenças associadas, como a hipertensão, apneia do sono, entre outras.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos melhores centros hospitalares da América Latina, é referência em serviços de alta complexidade, com foco em Oncologia, Cardiologia, Neurologia, Ortopedia e Traumatologia, Doenças Digestivas, Obesidade e Diabetes. Fundado em 1897 por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital possui uma das maiores casuísticas do país e concentra seus esforços na busca permanente da excelência do atendimento integral, individualizado e qualificado ao paciente, além de investir fortemente no desenvolvimento científico, por meio do ensino e da pesquisa. Com mais de 96 mil m² de área construída, o Hospital dispõe de 327 leitos de internação, sendo 22 salas de cirurgia, 44 leitos na Unidade de Terapia Intensiva e Pronto Atendimento 24 horas. Além disso, oferece uma das mais qualificadas assistências do país e Corpo Clínico renomado, para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz – www.hospitaloswaldocruz.org.br.