Urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz esclarece sobre recuperação peniana.
Cirurgias para tumores da região pélvica – como câncer de próstata, de bexiga e do reto – podem afetar a vida sexual do homem, dificultando as ereções. Mas isso não quer dizer que a sequela pós-cirúrgica seja definitiva, segundo Dr. Cesar Camara, urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“A reabilitação peniana é possível na maioria dos homens que passaram por procedimentos cirúrgicos capazes de provocar lesões nervosas e dos vasos sanguíneos do pênis. Efeitos que prejudicam a oxigenação da região e causam pequenas cicatrizes que impedem ereções normais”, explica o médico, acrescentando que uma dessas cirurgias que podem afetar a função sexual masculina é a prostatectomia radical, para retirada total da próstata.
A reabilitação
Na reabilitação peniana, são feitas intervenções no paciente para provocar ereções de maneira induzida ao menos duas vezes por semana, mesmo que não sejam rígidas e que não aconteçam relações sexuais. Isso permite o retorno da circulação sanguínea, que oxigenará de forma adequada os corpos cavernosos do pênis – cilindros de sangue que o mantém ereto – até que as ereções naturais voltem a ocorrer.
De acordo com o Dr. Cesar, o programa de reabilitação poderá incluir desde o uso de medicações orais e de dispositivos de vácuo, até injeções penianas e reposição de testosterona. As intervenções são baseadas nas particularidades de cada paciente, na qualidade prévia das ereções e nos objetivos pessoais.
“Quando as ereções naturais deixam de ocorrer por um período prolongado, podem surgir processos inflamatórios relacionados a não ativação da circulação sanguínea peniana. Em alguns casos, surgem pequenas cicatrizes reconhecidas pelos médicos como fibroses. Por isso, é necessário induzir as ereções até que a fisiologia normal dos corpos cavernosos seja restabelecida. Quanto mais cedo o paciente que passou por cirurgia pélvica se submeter ao tratamento, mais rápida e eficiente será a recuperação da sua função sexual”, afirma o médico.
Prostatectomia radical
Na maior parte dos pacientes que passaram pela prostatectomia radical, é possível preservar os feixes nervosos que provocam as ereções. Contudo, para a retirada da próstata, é necessário manipular a região que contém os nervos cavernosos, o que causa uma paralisia localizada, conforme esclarece o especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Nessas situações, ocorre uma disfunção que pode levar semanas ou meses para plena recuperação. Durante esse período, a inervação que se encontra em processo de recuperação não desencadeia ereções, provocando diminuição da oxigenação dos cilindros cavernosos do pênis que causam a ereção. O início da recuperação ocorre três meses após a cirurgia e pode alongar-se até o período de dois anos. Durante a recuperação, a reabilitação peniana procurará provocar aumento da circulação sanguínea nos corpos cavernosos, revertendo o ciclo inflamatório provocado pela falta de oxigenação durante esse período”, conclui.