A medicação, utilizada há mais de 60 anos, ganha destaque por seus efeitos colaterais em meio ao aumento de casos de doenças como diabetes e covid-19.
O plasil, disponível nas farmácias desde 1964, é um dos medicamentos mais conhecidos para aliviar sintomas de náuseas e enjoos. Com o princípio ativo cloridrato de metoclopramida, o remédio atua tanto no sistema digestivo quanto no cérebro. No entanto, um efeito colateral menos conhecido, mas bastante comum, são as reações extrapiramidais. Estes efeitos podem causar tremores, espasmos e rigidez muscular em quem utiliza o medicamento.
Rafael Bandeira, gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explica: “A metoclopramida atua como um antagonista da dopamina. No sistema digestivo, a dopamina tem um efeito inibitório. Ao bloquear essa ação, o plasil acelera a digestão, ajudando a aliviar o desconforto estomacal”.
Mecanismo de ação e riscos
A eficácia do plasil no alívio de sintomas de náusea é indiscutível, mas é crucial entender os riscos associados ao seu uso. A medicação age no neurotransmissor dopamina e, por ser lipossolúvel, facilmente penetra no sistema nervoso central. “Isso pode ser tanto um benefício quanto um problema. O efeito antiemético é aumentado, mas também podem surgir eventos adversos”, complementa Bandeira.
Segundo a bula, os efeitos colaterais extrapiramidais afetam entre 1 e 10% dos usuários. Em alguns casos, o simples fato de cessar o uso da medicação pode reverter os sintomas. Mas em situações mais graves, pode ser necessário recorrer a outros medicamentos para restaurar a função muscular.
Recomendações e cuidados
O plasil está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e é comumente utilizado para tratar enjoos e náuseas. No entanto, seu uso prolongado ou em dosagens elevadas aumenta o risco de efeitos colaterais. “Se a náusea não vai embora, precisamos encontrar a razão. O uso contínuo do plasil, principalmente sem orientação médica, não é recomendado”, reforça Bandeira.
O remédio também é contraindicado para pacientes em tratamentos psiquiátricos, com doença de Parkinson ou epilepsia, e para mulheres que estão amamentando.
É fundamental que o uso contínuo do plasil seja sempre acompanhado por um profissional de saúde para minimizar possíveis reações adversas.