Entenda por que tem mais dengue com o El Niño e por que a situação pode piorar ainda mais

Data: 24/01/2024 Publicado em: G1 / NACIONAL

Como explica o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o mosquito que transmite a doença ‘evoluiu para conviver com o homem’. E é esperado um pico da epidemia para o final de março e começo de abril, o que gera uma ‘perspectiva grande de piorar o quadro’.

A chegada do verão e a maior incidência de chuvas no período traz sempre, no Brasil, a preocupação com a dengue, já que o mosquito que transmite a doença se prolifera em águas paradas. Mas o período, agora, é ainda mais desafiador por causa do El Niño.

Como explica o médico infectologista Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a dengue é uma doença que convive com a gente. “O mosquito convive com o homem, ele evoluiu para conviver com o homem”, explicou ele em entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (24).

“A epidemia depende de vários fatores, mas um dos principais é se você tem um aumento de temperatura que favorece a proliferação do mosquito, se você tem um período de chuvas intensas. E isso aparece, principalmente, nesse período de El Niño.”

Caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o El Niño acontece com frequência a cada dois a sete anos. Sua duração média é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.

“A gente está vivendo um verão com uma onda de calor muito grande. E quanto maior a temperatura, o mosquito busca mais sangue dos humanos”, complementou o especialista, que também é autor do livro “A história das epidemias”.

Stefan também explica que é esperado um pico da epidemia para o final de março e começo de abril, o que gera uma “perspectiva grande de piorar o quadro”.

Predominância do tipo três

Transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, a doença da dengue possui quatro sorotipos diferentes.

Nesta temporada, em especial, especialistas e profissionais da saúde têm observado uma maior predominância do tipo três, diferente de outras épocas, quando era mais comum as pessoas se contaminarem pelos tipos um e dois.

Isso não significa, entretanto, que o tipo três seja mais grave. O que acontece é que pessoas que já tiveram dengue tendem a ter casos mais graves da doença em uma segunda contaminação.

“Se a gente imaginar que a gente sempre conviveu muito mais frequentemente com a dengue tipo um e o tipo dois, então a gente tem uma proporção de pessoas que já foram infectadas por esses dois tipos de vírus. Então, se a dengue três começa a circular mais, por isso que a gente supõe que ele esteja se tornando um pouco mais grave. Mas não é que ele [tipo três], por si, seja mais grave. É que ele está agora começando a predominar e está acometendo pessoas que já tiveram dengue no passado pelos [tipos] um ou dois.”


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