Dengue: veja quais os sintomas, cuidados e mitos sobre a doença

O Brasil vive uma explosão de casos de dengue neste começo de 2024. Segundo os dados do Ministério da Saúde, são mais de 1 milhão de registros da doença no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, esse aumento se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, chegou a fazer um apelo para a população receber os agentes de combate a endemias do ministério em suas casas.

Entenda, abaixo, o que é a doença, quais os sintomas, como prevenir, vacinas disponíveis e sinais de alerta:

O que é a dengue?

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses. O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com aos quatro diferentes sorotipos do vírus. Uma vez exposta a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, ela passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico.

Nem sempre a infecção apresenta sintomas. O indivíduo pode ter uma dengue assintomática ou ter um quadro leve.
Mas é preciso ficar atento se a pessoa tiver febre alta (39ºC a 40ºC), de início repentino, acompanhada por pelo menos outros dois sintomas:

Dor de cabeça intensa Dor atrás dos olhos Dores musculares e articulares Náusea e vômito Manchas vermelhas no corpo
O ministério alerta que é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados ao apresentar possíveis sintomas de dengue.

A forma grave é a que preocupa. Após o período febril, o indivíduo deve ficar atento aos sinais de alarme:

Dor abdominal intensa e contínua Vômitos persistentes Acúmulo de líquidos em cavidades corporais Sangramento de mucosa Hemorragias

O diagnóstico da dengue é basicamente clínico — não existe a necessidade de realização de exames específicos. Também não existe um medicamento específico para doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.

Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:

  • Repouso relativo, enquanto durar a febre;
  • Estímulo à ingestão de líquidos;
  • Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
  • Não administração de ácido acetilsalicílico;
  • Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.

“Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado”, alerta o Ministério da Saúde.

Evite qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.

Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.

Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.

Como funciona a vacina contra a dengue

A vacina contra a dengue Qdenga foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023. Em janeiro de 2024, o Ministério da Saúde divulgou a lista das cidades que vão receber o imunizante. Ao todo, foram incluídos cerca de 500 municípios em 16 estados.

Com poucas doses disponíveis, o governo definiu um público-alvo para ser vacinado: adolescentes de 10 a 14 anos. Foram incluídos os municípios de grande porte — que são aqueles com mais de 100 mil habitantes — e com classificação de alta transmissão de dengue do tipo 2. Cidades próximas também estão na lista, no que o governo chama de “regiões de saúde”.

A Qdenga (TAK-003) é um imunizante contra a dengue desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma. A vacina contém vírus vivos atenuados da dengue. Por isso, ela induz respostas imunológicas contra os quatro sorotipos do vírus da dengue.

O imunizante é aplicado em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.

Por que esse aumento de casos de dengue em 2024?

De acordo com o Ministério da Saúde, a projeção do aumento de casos da doença se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas (possíveis efeitos do El Niño) e ao ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil.

Em entrevista ao podcast “O Assunto, Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “A história das epidemias”, explicou que é normal ter epidemias de dengue de tempos em tempos.

“A gente estava esperando a qualquer momento o aparecimento dessa epidemia. E, logicamente, a epidemia depende de vários fatores, como o aumento de temperatura, que favorece a proliferação do mosquito, um período de chuvas intensas, que aparece principalmente nos períodos de El Niño e, por isso, a gente pode ter nossas epidemias de dengue. A gente já tem os quatro tipos do vírus da dengue circulando no Brasil”.

O infectologista ressaltou que o El Niño e as ondas de calor são ambientes favoráveis para o mosquito da dengue. “No verão, com a chuva e a onda de calor, começa a aumentar a população de mosquito e, por isso, o pico das epidemias é esperado no final de março e começo de abril. Então, ainda tem perspectiva grande de piorar o quadro”.

Existe um sangue favorito para o mosquito?

Não há uma unanimidade entre os pesquisadores sobre isso. Há ao menos dois estudos, mas com pequena quantidade de pessoas, que indica uma preferência pelos sangues tipo O e tipo B.

Apesar disso, a maioria dos pesquisadores diz que a atração do mosquito é influenciada por muitos fatores, como substâncias na respiração, no suor e até mudanças hormonais.

Qual repelente usar?

Fazer uso de repelentes é importante para evitar picada do transmissor da doença, mas os especialistas alertam: nem todos os produtos são efetivos contra o mosquito da dengue.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o repelente precisa conter algumas substâncias específicas para combater o Aedes aegypt. São elas:

Icaridina 20-25% – duração de dez horas DEET 10-15% – duração de seis a oito horas IR3535 – duração de até quatro horas

Por sua efetividade durante uma maior quantidade de horas, a Icaridina 20-25% é considerada mais efetiva para proteção. No entanto, há contraindicações para essas substâncias a depender da idade.

O mosquito só pica à noite?

Embora o mosquito goste mais de picar durante o dia para conseguir sangue humano e amadurecer seus ovos, ele também pica à noite quando tem oportunidade.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A DENGUE

OUÇA A MATÉRIA:

A doença já atingiu mais de 650 mil pessoas no país; combater os focos de proliferação, proteger-se e buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas graves são ações que podem salvar vidas.

Estamos vivendo um surto de dengue: de acordo com o Ministério da Saúde, até 17 de fevereiro, o Brasil já contabilizava mais de 650 mil casos prováveis da doença – uma alta de 294% em comparação com o mesmo período de 2023 – e 113 mortes; sendo que, até o fechamento desta matéria, mais de 400 mortes estavam sendo investigadas. O cenário é preocupante principalmente porque, enquanto a dengue comum é autolimitada e tratada via alívio dos sintomas, sua forma grave pode evoluir para um quadro severo rapidamente que, se não tratado a tempo, pode ter um desfecho fatal.

O que você precisa saber sobre a dengue

Mas como diferenciar a dengue comum da dengue grave? “No início, os sintomas de dengue comum e grave podem ser os mesmos, como febre, dor de cabeça e atrás dos olhos e mal-estar. O ponto de atenção está no momento em que a febre desaparece, que é quando as chances da forma grave da doença se desenvolver aumentam”, diz o Dr. Filipe Piastrelli, infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Isso acontece por volta do quarto ou quinto dia após o início dos sintomas. “A partir daí, o paciente deve ficar atento a sinais como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, tontura ou desmaio, queda abrupta na temperatura e na pressão arterial”, diz o médico. Se apresentar qualquer um desses sintomas, o paciente deve buscar atendimento médico imediatamente – o cuidado no período entre 24 e 48 horas após a apresentação desses sintomas é fundamental para evitar complicações mais graves e potencialmente fatais.

Mas é importante ressaltar que, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde, em caso de qualquer sintoma da doença, seja a forma comum ou a grave, o paciente deve buscar o Pronto Atendimento.

Outra dúvida comum é sobre o risco do indivíduo desenvolver a dengue grave. De forma geral, são pessoas que têm o sistema imunológico mais frágil, como idosos, gestantes, crianças até 2 anos, pacientes em tratamento contra câncer, pessoas com diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, respiratórios e outras doenças que suprimem a imunidade.

Além disso, especialmente no caso da dengue, o que aumenta a probabilidade de evoluir para a forma grave é a reinfecção.

“Existem quatro sorotipos do vírus da dengue e só é possível ter infecção por cada subtipo uma vez, depois disso, a pessoa está imunizada para aquele sorotipo específico, mas não para os outros”, explica o Dr. Filipe. “No entanto, em uma segunda infecção, a resposta inflamatória pode ser exacerbada, o que contribui para a evolução rápida da gravidade da doença.” Por isso, recomenda-se buscar o serviço de saúde o mais rápido possível.

PREVENIR E COMBATER

Doença bastante comum no Brasil, principalmente durante o período de novembro a maio, a dengue encontra condições ainda mais propícias em meio aos extremos climáticos: o calor acima da média e as chuvas intensas favorecem e aceleram a proliferação das larvas do Aedes aegypti, o mosquito transmissor. “A principal forma de prevenção é eliminar pontos que podem acumular água parada. Por isso, é essencial tampar bem caixas d’água, evitar o acúmulo de lixo, limpar frequentemente ralos e calhas, e verificar sempre vasos, pneus e outros lugares que podem facilitar a formação de poças d’água”, explica o Dr. Filipe.

Vale notar que, quando falamos em prevenção da dengue, a ação coletiva é mais urgente do que nunca. Isso significa que cada um precisa fazer sua parte nas iniciativas de combate, principalmente considerando que cerca de 75% dos criadouros estão nas residências, segundo dados do Ministério da Saúde.

Por isso, fique atento: confira regularmente os possíveis pontos que podem acumular água parada na sua casa ou estabelecimento, principalmente após chuvas fortes.

Além disso, proteções mecânicas, como repelentes, roupas com trama fechada, telas mosquiteiras nas janelas e varandas, são ações importantes para evitar a transmissão e devem ser adotadas sobretudo por pessoas que estão no grupo de risco.

No início de fevereiro, o Ministério da Saúde começou a distribuir, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra a dengue, a QDenga, para os municípios que apresentam as maiores incidências de casos. A imunização foi iniciada pelas crianças de 10 a 11 anos, e irá avançar a faixa etária progressivamente.

O lote inicial, com mais de 712 mil doses, foi enviado para 315 municípios dos seguintes estados: DF, GO, BA, AC, PB, RN, MS, AM, SP e MA. O sistema privado também oferece a vacina, de acordo com a disponibilidade, considerando regiões e públicos prioritários.

De acordo com a Anvisa, a Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos e não deve ser aplicada em pessoas que apresentem alergia a algum dos componentes, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora, ou gestantes e lactantes.

Atenção: na presença de um ou mais sintomas abaixo, procure imediatamente atendimento médico.

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Vômitos persistentes;
  • Queda abrupta na temperatura do corpo;
  • Sangramento de mucosas (como gengivas, nariz, vagina ou sangue urina);
  • Sensação de cansaço extremo, sonolência ou irritabilidade;
  • Tontura ou desmaio;
  • Pele fria e pálida;
  • Diminuição da quantidade de urina;
  • Dificuldade de respirar;
  • Dificuldade para andar.

Fique de olho e busque o serviço de saúde na presença dos seguintes sintomas:

  • Febre alta, superior a 38°C;
  • Dor no corpo e articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Como a dengue é transmitida por vírus, é autolimitada e não tem tratamento específico. As orientações para controle dos sintomas são:

  • Repousar: evite qualquer esforço físico até melhora do quadro;
  • Seguir as orientações médicas de tratamento;
  • Os medicamentos à base de salicilatos (AAS) e anti-inflamatórios não devem ser utilizados, pois podem causar ou agravar sangramentos;
  • Utilizar compressas frias nas articulações com dores por 20 minutos a cada 4 horas;
  • Manter-se hidratado: os líquidos são fundamentais para evitar o agravamento da doença. Beba de 60 a 80mL/Kg/dia de água, chá, suco, água de coco, soro caseiro ou soro de reidratação oral.

Atenção: em caso de suspeita de dengue, não tome medicamentos sem a orientação de um médico.

Temporada de combate a dengue

Com a chegada do verão e a temporada de fortes chuvas, é necessário aumentar os cuidados no combate à dengue.

A dengue já é considerada um dos principais problemas de saúde pública do mundo. No Brasil, as condições climátics e ambientais favorecem a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença, resultando em epidemias, principalmente nos períodos chuvosos no verão.

A doença apresenta quatro tipos de vírus diferentes: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. O tipo DEN-4, popularmente conhecido como Dengue tipo 4, foi registrado no Brasil há pouco tempo e, apesar de novo, não altera as medidas preventivas e nem a forma de tratamento já conhecida.

A cada infecção por determinado tipo de vírus, o indivíduo passa a ser imune a ele, mas não aos outros três tipos, por isso é comum dizer que a pessoa pode adoecer até quatro vezes. O Brasil já convivia com  três tipos e, em junho do ano passado, houve a introdução do DEN-4. Segundo dados do Ministério da Saúde, a maior incidência de casos acontece entre janeiro e maio, período de temperaturas altas e chuvas.

Vacina

O Brasil, com cinco capitais representantes (Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Natal e Vitória), está participando do projeto de um laboratório de origem francesa que visa à produção de uma vacina contra a dengue. O projeto está em fase de testes com humanos, mas a sua conclusão ainda não é prevista.

Prevenção

A dengue é uma doença que precisa da compreensão e ação de toda a população para afastar o local onde o mosquito vive e se reproduz. Para isso, basta não deixar água acumulada, fechar bem sacos de lixo e lixeiras, remover folhas e galhos das calhas, manter a caixa d’água sempre bem fechada e encher de areia os pratinhos de plantas. Qualquer  recipiente, como tampa de garrafa, pneus e outros que possam acumular água das chuvas, deve ser eliminado ou armazenado em local coberto, pois pode se tornar um depositório de ovos  do mosquito e, consequentemente, ser um foco da doença.

Sintomas

Para qualquer um dos quatro tipos de dengue, o indivíduo pode apresentar febre, com duração menor que uma semana, associada a dois dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares, dor atrás dos olhos, dor nas juntas, sensação de cansaço e manchas avermelhadas espalhadas pela pele. Todo paciente com esses sintomas deve procurar um médico para avaliação, pois somente com o exame físico e laboratorial poderá ser feito o diagnóstico e tipo de tratamento adequado, hospitalar ou domiciliar.

Tratamento

De maneira geral, são prescritos ao paciente hidratação rigorosa e controle a cada uma das possíveis complicações. O uso de medicamentos, como ácido acetilsalicílico e outros salicilatos e anti-inflamatórios, pode desencadear sangramentos e agravar o quadro.

Fonte: Dr. Stefan Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

DENGUE: IMPORTANTE ESTAR ALERTA!

Ao contrair dengue, é preciso estar atento aos sintomas para evitar uma progressão e piora do quadro. Felizmente, existem medidas de prevenção e novos imunizantes disponíveis.

Saiba mais no episódio desta semana com a Dra. Giovanna Marssola, infectologista.

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