Dia Mundial da Hipertensão: ''pressão alta'' atinge quase metade da população brasileira

Controle da doença pode reduzir hospitalizações provocadas por AVCs, revela estudo.

Hospital Alemão Oswaldo Cruz – 17 de maio é o Dia Mundial da Hipertensão. A data foi instituída a fim de trazer às pessoas conhecimento sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento efetivo para controle dos níveis pressóricos.

Popularmente conhecida como “pressão alta”, a hipertensão arterial é um fator de risco cardiovascular silencioso, que afeta aproximadamente 45% da população brasileira, segundo o estudo Population Urban and Rural Epidemiology PURE ). A hipertensão é considerada o principal fator de risco para doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e hospitalização por insuficiência cardíaca) e o segundo fator mais relevante associado à mortalidade na América Latina, incluindo o Brasil.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as mortes decorrentes de problemas cardiovasculares superam os óbitos oncológicos e ocupam o primeiro lugar. Ainda segundo a entidade, cerca de 400 mil infartos e 500 mil AVCs são registrados por ano no país. Vale lembrar que as doenças cardiovasculares não apenas encurtam a sobrevida do paciente, mas também resultam em qualidade de vida prejudicada e óbitos precoces. Além disso, causam um grande impacto econômico dentro do Sistema de Saúde.

O setor no combate à hipertensão arterial

Projeto publicado em dezembro de 2022, o CARDIO4Cities — parceria entre Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, Fundação Novartis, Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, American Heart Association e Instituto Tellus — mostra que a implementação de uma coalizão público-privada multissetorial de saúde e em parceria com a comunidade local, apoiada por dados e tecnologias digitais no controle efetivo da hipertensão arterial, traz resultados importantes no que diz respeito as taxas de controle da pressão arterial e melhora nas taxas de hospitalização de AVC.

Realizado no Brasil (São Paulo), no Senegal (Dakar) e na Mongólia (Ulaanbaatar), entre o último trimestre de 2018 e o final de 2019, o CARDIO4Cities analisou dados de 18.997 pacientes com hipertensão, em unidades básicas de saúde dos três municípios participantes. Em cada um deles, foram implementadas práticas de medicina baseadas em evidências e adaptações às prioridades locais, cocriação de soluções junto com a comunidade, coalizão estratégica entre parceiros envolvidos e tecnologia digital eficiente. A cidade de São Paulo foi escolhida para o estudo, justamente, por suas características e complexidades — por ter população estimada em 12 milhões de habitantes; prevalência de hipertensão arterial em 45% das pessoas (um em cada dois indivíduos); e mortalidade por doença cardiovascular de 30 a 40%.

Um dos autores do CARDIO4Cities, o Prof. Dr. Álvaro Avezum, cardiologista e diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que, ao longo de 15 meses de implementação do projeto, a taxa de controle da pressão arterial entre os participantes que receberam medicação triplicou em São Paulo (passando de 12,3% para 31,2%) e em Dakar (passando de 6,7% para 19,4%) e aumentou, seis vezes, em Ulaanbaatar (passando de 3,1% para 19,7%).

“Isso não estava previsto. Triplicar o controle da pressão arterial é inovador, pois inovação sempre envolve benefício populacional tangível. Em São Paulo, partimos de 12% de hipertensos que estavam medicados e controlados (níveis de pressão arterial dentro do recomendado) e, em 15 meses, chegamos a 31%. Com isso, por meio de modelagem, houve redução de hospitalizações devidas a AVCs. Vale ressaltar que o resultado positivo foi constatado também nas outras duas cidades”, explica o especialista. “Falando em impacto econômico para o sistema público de saúde, o custo de vida ajustado por qualidade foi de apenas US$784 por ano; portanto, a intervenção pode ser considerada custo-efetiva e encontra-se pronta para ser aplicada em outras regiões do país”, afirma o médico.

O PURE no auxílio da implementação de políticas públicas

Uma outra pesquisa também realizada ano passado, no âmbito do maior estudo observacional mundial, o Population Urban and Rural Epidemiology (PURE), coordenado internacionalmente pelo Population Health Research Institute (PHRI) da Universidade McMaster, em colaboração com 30 países, incluindo o Brasil, concluiu que as principais causas de morte em países de desenvolvimento econômico intermediário (Brasil, Chile, Argentina e Polônia) foram cardiovasculares (42%), câncer (30%) e respiratórias (8%), totalizando 80% das mortes.

Quando a avaliação incluiu apenas América Latina, as causas foram doenças cardiovasculares (DVC) (31,1%), câncer (30,6%) e doenças respiratórias (8,6%), totalizando 70% das causas. A incidência de DCV (por 1.000 pessoas-ano) variou modestamente entre países, sendo a maior incidência no Brasil (3,86) e a menor na Argentina (3,07). Os fatores de risco, associados com mortalidade, foram considerados evitáveis, fáceis de identificação e passíveis de prevenção.

Liderado no Brasil pelo Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o estudo PURE acompanhou uma população de 24.718 pessoas adultas, entre 35 e 70 anos, de 51 comunidades urbanas e 49 rurais, no Brasil, na Argentina, no Chile e na Colômbia, durante o tempo médio de 10 anos.

“Identificamos que grande parcela das mortes prematuras na América do Sul poderia ser evitada com a adesão de políticas destinadas a controlar os fatores de risco metabólicos e comportamentais. 90% dos eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e hospitalização por insuficiência cardíaca) e 90% das mortes prematuras poderiam ser evitadas”, comenta o Prof. Dr. Álvaro Avezum, também coordenador desta pesquisa.

O médico explica que esse tipo de análise é importante para auxiliar as equipes médicas e assistenciais na adoção de melhores cuidados e tratamentos para o paciente. “Os dados do PURE trazem conhecimento relevante e válido que pode auxiliar eficazmente na implementação de políticas públicas que contribuam no controle dos fatores de risco e na redução de mortes eventos cardiovasculares evitáveis”, conclui o médico.

“O controle da pressão arterial é importantíssimo. Primeiro, porque a sua prevalência é mais alta do que se fala; depois, porque a proporção de tratamento e controle é mais baixa do que se pensa. E o impacto da doença é o principal fator para eventos e o segundo para mortes”, conclui o Dr. Álvaro.

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